UM ESCRITOR ATENTO NA VIRADA DO SÉCULO XIX PARA O SÉCULO XX
Autenticamente inglês e londrino, Richard Horatio Edgar Wallace, ou simplesmente Edgar Wallace, nasceu em 1875. Personalidade vibrante, dinâmica, com grande capacidade de trabalho, exímio datilógrafo, passou a utilizar o ditafone (invento de Edison de 1910) para gravar suas obras. Os ditados eram datilografados por sua secretária, com quem se casou em segundas núpcias e teve uma filha, Penelope Wallace. Esta filha escreveu sobre o pai uma esclarecedora e resumida biografia, publicada como “Introdução” à obra O Orador (Editora Cultrix, 1972).
Entregue para adoção por seus pais, Edgar Wallace passou por vários empregos e experiências, inclusive entrada para o Exército inglês aos 18 anos, quando serve na África do Sul. Após a saída do serviço militar, torna-se jornalista, correspondente de guerra. Volta à Inglaterra e faz reportagens sobre fatos policiais e julgamentos, de grande valia para toda sua obra literária. Publica seu primeiro romance em 1905: The Four Just Man [Os Quatro Homens Justos]. Escreveu 173 livros, além de peças de teatro e artigos. Tornou-se um “best-seller” e ganhou uma fortuna, que perdeu nas corridas de cavalo. Em novembro de 1931, precisando de dinheiro, vai para Hollywood como roteirista, onde escreve quatro roteiros (um dos quais o de King Kong). Porém, em fevereiro de 1932, contrai uma pneumonia e falece em três dias.
O autor nos deixou histórias pessoais, além da obra escrita.
Seus livros, ainda muito interessantes, no mais puro linguajar, entremeia a história policial, o romance e um pouco de aventura. Tem como cenário a Inglaterra vitoriana e do início do século XX, desvelando seus aspectos positivos e suas mazelas. Põe a nu as misérias e os problemas da população mais pobre e também suas espertezas e pequenos delitos, assim como os defeitos e pecados das classes médias, embora ressalte suas qualidades. Respeita muito a New Scotland Yard, com quem geralmente trabalha o herói (sempre diferente), e constrói personagens de donzelas em perigo, embora as mulheres se mostrem fortes. O retrato fiel da sociedade inglesa contrapõe-se à isenção de Conan Doyle e Sherlock Holmes ou à admiração de Agatha Christie. Tão vasta obra impede a escolha da mais significativa.
Edgar Wallace nos propicia horas de leitura agradável, um bom equilíbrio entre suspense e romance... e finais felizes.