A INTERVENÇÃO SÓCIO-CULTURAL NO AMBIENTE DOS CENTROS DE INFORMAÇÃO
Se é verdade que
De um acervo meramente de livros, passou-se a um
estoque multimídia, ainda comportando textos impressos, mas já em convívio com
os audiovisuais. Em outro estágio, o acervo informacional deixou de ser apenas
real, presente, tangível in loco para assumir então uma forma virtual (na
tensão entre ausente-presente), embora tecnicamente passível de tangibilidade,
quando a informação virtual, na seqüência, é impressa ou gravada, tornando-se
presente, palpável, concreta.
A tecnologia foi o grande diferencial, em que pese
ser o mundo dinâmico. Assim, mudaram o lay out e o ambiente, os acervos e
os estoques informacionais, o usuário da informação e a demanda, os meios e a
mediação informacional. O conhecimento se ampliou e, com ele, a capacidade e a
competência para aprender e compreender.
Evidentemente, essa não foi uma mudança tranqüila
nem homogênea; ainda hoje convivem (e perturbam) diferentes estágios de
emancipação/autonomia informacional, assim como, ainda hoje, convivem diferentes
condições sócio-econômicas-culturais, na vida cotidiana em que estamos inseridos
profissionalmente. Essa é uma questão que não deve e não pode nos deixar
indiferentes.
Entre a indiferença e a alienação há um fio muito
tênue que a consciência crítica pode quebrar, principalmente quando e se
associada a conhecimento (técnico, específico, de atualização, etc.); amplia-se
a percepção do quadro do entorno e, no caso de centros de informação (não só
bibliotecas), essa percepção também faz ver que a informação bem direcionada
pode ser o instrumento de uma intervenção sócio-cultural abrangente, com atuação
interna e externa, de importantes reflexos na realidade.
Entretanto, essa intervenção para a mudança deve
ser, prudentemente, conseqüência de um diagnóstico formal, que deixe de lado o
posicionamento fácil de uma rotulação sem fundamento ou mal fundamentada de um
determinado grupo social ou comunidade.
Com a segurança e o respaldo de um diagnóstico bem
feito, é possível o planejamento de uma intervenção sócio-cultural a partir do
ambiente do(s) centro(s) de informação ao(s) qual(is), como pressuposto,
estivermos ligados.
Em termos de disseminação da informação,
procedimento em que estaremos apoiados como estratégia pré-definida, preferimos
optar pela prática da Ação Cultural, por ser de fácil aceitação e retorno,
inclusive como possibilidade pedagógica aplicável e viável nos centros de
informação: informar-debater-criar/resgatar conhecimento.
Entretanto, é preciso ponderar que qualquer tipo de
intervenção, em qualquer circunstância, demanda sensibilidade e planejamento, a
partir das fragilidades e dos problemas postos à luz pelo diagnóstico.
Igualmente, é preciso entender que tais problemas podem ser decorrentes até
mesmo de uma prática profissional equivocada, que uma avaliação – também crítica
– irá pôr em evidência e poderá reverter de forma
positiva.
Se o foco continuar na necessidade de uma
intervenção sócio-cultural na comunidade em apreço, será preciso entender que o
profissional (eu, você, nós) não é um super-herói e não pode agir sozinho, como
se fosse o único agente. Para isso, pode ser formada uma equipe, proporcionando
mais cabeças pensantes e uma distribuição de energia e de tarefas mais
equilibrada.
Se de um lado temos o centro de informação preparado
e organizado para levar adiante a Ação Cultural e, num espectro mais amplo, a
pretendida intervenção sócio-cultural por meio da disseminação da informação
programada, na outra ponta temos a comunidade que passará pelo processo de
intervenção. Ela deverá estar acompanhando todos os movimentos, para que possa
entendê-los e aderir a eles, criando-se uma parceria harmoniosa, até mesmo por
meio de suas entidades representativas e/ou formadores de
opinião.
Qual seria, então, o conceito dessa intervenção
sócio-cultural por meio da informação que, em aspectos diferentes, tocaria
igualmente os profissionais envolvidos, os usuários reais e potenciais? Em
termos de forma, dependeria de cada comunidade, de suas características; em
termos de conteúdos, também especiais e específicos, estaria direcionada sempre
para atingir a meta de um patamar mais elevado de conhecimento, voltado para o
bem-estar social. De qualquer maneira, é um procedimento de fora para dentro,
intencional, para afetar a condição cultural e, em decorrência, a social do
grupo em questão.
Assim, é possível entender que a informação
organizada e disseminada liga-se ao conhecimento, ao desenvolvimento e ao
bem-estar social; mas, que há uma inércia em meio a tudo isso e que são precisos
uma ação e um agente para que se deflagre o processo dinâmico em busca dos
resultados almejados.