AÇÃO CULTURAL E OS MANIFESTOS DA UNESCO/IFLA
Uma leitura analítica dos Manifestos lançados
De acordo com esses documentos, deve haver um amplo e fácil acesso à
informação, em variados suportes, com ou sem o uso de tecnologias eletrônicas.
Por outro lado, em nenhuma delas é tolerável qualquer discriminação: de idade,
de raça, de sexo, de religião, de nacionalidade, de língua, de status
profissional, status social. Portanto, não é admissível qualquer tipo de
preconceito, seja na biblioteca pública,
seja na biblioteca escolar. Se não se admitem preconceitos, todo e
qualquer público é bem-vindo e merece a melhor atenção e o melhor
serviço.
Enquanto uma tem como missão as atividades básicas relacionadas à
informação, à alfabetização, à educação e à cultura (ver as 12 missões básicas,
cf. o Manifesto da Biblioteca Pública), a outra deve promover o apoio à
aprendizagem, a oferta de livros (na década de 90, período de publicação dos
documentos em pauta, era esse o principal item dos acervos), voltados para
formar o pensamento crítico e usuários efetivos da
informação.
Em essência,
Ora, além disso, temos a considerar uma situação ainda anômala em nosso
país, em que os ajustes profissionais continuam a acontecer até o presente,
meramente por uma questão numérica, talvez até não computada: bibliotecários
exercendo a função de arquivistas e, muitas vezes, de museólogos. Enquanto
perdurar esse desequilíbrio quantitativo, procuraremos pensar que somos três
profissionais que têm como matéria-prima a informação, embora sob ângulos
específicos e particulares. Lidamos todos com informação, organizando-a e
gerenciando-a, no intuito de pôr, de imediato, o espaço informacional em
ordem.
Todavia, nos tempos atuais, isso não basta. Ter o espaço em ordem é
fundamental, mas é preciso que a informação circule e se dissemine, gerando
novos conhecimentos e, conseqüentemente, promovendo o desenvolvimento, em seus
mais diversos ângulos.
Assim, seja na biblioteca
pública, seja na biblioteca escolar (que a Rede Pública de Ensino tem o dever de
resgatar, perante a sociedade), ou ainda em outro tipo de centro de informação,
indica-se a AC como estratégia para a disseminação da informação, pela aplicação
da fórmula informar (prerrogativa nossa)-debater-(re)criar conhecimento. Se a
informação é o elemento com que trabalhamos em qualquer medida e em qualquer
instância, os três tipos de profissionais (bibliotecários, arquivistas e
museólogos) podem trabalhar também com a promoção do debate, dos questionamentos
e das discussões, além de incentivar e promover oportunidades tanto de criação
nova como também do resgate de um conhecimento aparentemente perdido no
passado.
Para
Reforçando o que se afirmou anteriormente, em artigo publicado em
Infohome, ambos os Manifestos declaram que o bibliotecário deve trabalhar em
conjunto/em colaboração com outros profissionais, mormente tendo em vista que a
AC não é prerrogativa única e exclusiva do bibliotecário, embora a informação o
seja e ela faça parte da “fórmula estratégica” da AC. Costumo afirmar, em cursos
e palestras, que nem o bibliotecário é um super-homem, nem
Observe-se, na leitura atenta do Manifesto da Biblioteca Escolar, que o
bibliotecário, além de orientar sua prática pelos preceitos da Declaração dos
Direitos e Liberdade do Homem – que ele deve conhecer realmente para poder
assimilar e aplicar no cotidiano profissional – deve suplantar e rejeitar
qualquer forma de censura – ideológica, política, religiosa – ou pressões
comerciais.
Entretanto, principalmente o bibliotecário escolar é bombardeado por
boletins editoriais e outros tipos de propaganda que podem levá-lo a desenvolver
as coleções de forma a-crítica e a se tornar uma vítima fácil desse esquema.
Saber dos lançamentos e estar atualizado é importante; porém, tão importante
quanto estar atento é “separar o joio do trigo” ao montar o acervo que vai
servir de base para o seu trabalho como mediador da informação, da leitura e da
pesquisa.
Um outro ponto merece a atenção do bibliotecário, tanto para a
composição e o desenvolvimento do acervo quanto para a sua atuação, ainda
segundo o Manifesto da Biblioteca escolar, da UNESCO/IFLA: a participação no
planejamento escolar e na gestão da biblioteca. No primeiro caso, ele precisa
acompanhar os planos e as ações dos professores no início e ao longo do período
letivo, para adequar o material bibliográfico e não bibliográfico de que
Portanto, o seguimento do que preconizam o Manifesto da Biblioteca
Pública e o Manifesto da Biblioteca Escolar aponta para uma rota clara,
indiscutível (embora permita discussões produtivas e enriquecedoras), para o
acerto da prática profissional, criando situações positivas para o
desenvolvimento e o bem-estar comunitário e/ou social.
Todavia, nem um, nem outro são deterministas em relação às estratégias,
pois cada biblioteca pública ou cada biblioteca escolar é única, singular, e
deve ser gerida como tal, tomando suas próprias decisões e encontrando soluções
próprias.
A AC é uma das estratégias possíveis. Cabe ao bibliotecário que é interessado, curioso, que quer inovar e fazer progredir o seu público, ir à cata de textos, de depoimentos e de exemplos que demonstrem as vantagens que essa estratégia pode proporcionar, até de uma forma lúdica (mas séria, sem oba-oba).