AÇÃO CULTURAL


EM TEMPOS DE GRIPE

A pandemia chegou. Dizem os especialistas que ficará conosco pelo menos por dois invernos, até quando estaremos aptos para nos defender do vírus, enquanto ele não conseguir uma nova mutação. Como pandemia, já atingiu em torno de trezentos e sessenta países, causando um alto número de óbitos.

 

Mobilizam-se especialistas e a sociedade, uns no sentido de construir estratégias preventivas, buscando vacinas e novos medicamentos; outros, no intuito de tomar medidas de proteção, tanto a partir dos infectados em relação aos que se mantêm saudáveis, quanto a partir dos que estão com saúde em relação aos sintomáticos e grupos de risco.

 

A arma mais eficaz, na atual situação que afeta a saúde pública, na palavra dos especialistas, das autoridades e dos grupos sociais mais esclarecidos, é a informação, que deve ser disseminada com rapidez e confiabilidade.

 

A mídia e as tecnologias de informação e comunicação estão aí. Os bancos de dados e os sistemas de informação, também. Nestes tempos de excepcionalidade, o nosso universo de atuação profissional torna-se privilegiado para esse trabalho, em qualquer tipo de centro de informação, cada um ao nível do seu público, seja ele uma unidade infantil, pública, escolar ou especializada.

 

Como vimos divulgando desde o início desta coluna, a Ação Cultural pode ser sintetizada em 3 verbos de ação: informar-debater-criar conhecimento. Assim, o primeiro deles está nas nossas mãos, através das fontes disponíveis, como texto gráfico, som e imagem. Entretanto, não nos esqueçamos que o informar vai além do acervo físico de cada unidade, ampliando-se o seu potencial por meio de parcerias, de compartilhamentos, de convites, de exposições, de trabalho em rede, etc.

 

Com o debater, a mesma coisa acontece. A pronta criatividade da equipe técnico-administrativa encontra a melhor opção para aquele determinado público, conhecido de longa data. É preciso que o público-alvo discuta/debata o assunto em questão, para melhor assimilar a informação mediada, ou que pince as informações a partir do debate. Esse é um processo essencial para a construção do conhecimento, o seu reforço, a consolidação e o fortalecimento.

 

A partir daí, é só estabelecer a oportunidade, no projeto de Ação Cultural direcionado para o tema “nova gripe”, no caso, para que o público-alvo se mobilize e crie novos conhecimentos, estratégias ou novos produtos informacionais em variados níveis, que levem a intensificar a guerra de mobilização contra a pandemia que parece nos assolar inexoravelmente.

 

Ao ligar a TV, nos canais e programas informativos, podemos constatar que, da parte dos governos e das autoridades em saúde pública, essa preocupação é intensa: informar, informar e informar. Percebe-se também que, apesar de a população em geral dispor de rádio, TV e Internet, boa parte da população ainda não domina o assunto como deveria.

 

Ontem, por exemplo, foi entrevistada uma senhora grávida que, ao levar o filho a uma unidade hospitalar, não foi avisada que pertencia a um grupo de risco, não recebeu uma máscara protetora e nem informações que pudessem resguardá-la um pouco mais. De outro lado, algumas falhas no processo podem ser compensadas como, por exemplo, quando se reúne – e é mostrado – um grande número de educadores com funções ativas nas escolas para tanto receberem informações específicas da parte das autoridades da saúde quanto exporem suas dúvidas sobre como agir em determinadas situações. Ao debaterem as questões com as autoridades e com seus próprios colegas, todos presentes no mesmo recinto, podem (e devem) a partir dali, tomar iniciativas úteis e ponderadas, de acordo com o conhecimento então constituído e assimilado.

 

Como vemos, os profissionais da informação – nós – não podemos nos omitir nessa questão: temos as fontes, dominamos as redes e as tecnologias, aprendemos a disseminar a informação e temos o nosso papel social a cumprir. Não nos esqueçamos também que isso envolve aspectos de uma mesma moeda: ser ético ou não ético, além de ser ou não solidário.

 

Numa pandemia de tal gravidade como essa pela qual estamos passando, todos nós, como parte indistinta de uma população ou como parte de uma categoria profissional privilegiada, temos um telhado de vidro que pouco nos protege; mas, ainda assim, oferece alguma proteção, apesar da sua fragilidade. Façamos uso dele, sendo que devemos dar a nossa parcela de contribuição: informar, debater e criar conhecimento sobre como lidar com a pandemia da nova gripe.

 

A informação é a arma e nós sabemos (ou temos a obrigação de saber) fazer uso técnico e cultural dela, para o bem de todos. Sem omissões.


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MARIA HELENA T. C. BARROS

Livre-docente em Disseminação da Informação (UNESP); Doutora em Ciências da Comunicação (USP); Mestre em Biblioteconomia (PUCCAMP); Especialista em Ação Cultural (USP); Formada em Biblioteconomia e Cultura Geral (Fac. Filosofia Sedes Sapientiae); Autora de livros e artigos científicos publicados no Brasil e no Exterior