AÇÃO CULTURAL


BIBLIOTECA VIVA

O Governo da Bahia, através da sua Secretaria da Cultura e da Fundação Pedro Calmon, acabou de realizar um evento de grande importância, em que, de 6 a 8 de outubro passado, reuniu “arquivistas, bibliotecários e técnicos da área da informação para discutir o fortalecimento dos Sistemas Estaduais de Arquivo e Biblioteca”.

 

O evento, denominado I Fórum Baiano de Arquivos e Bibliotecas Públicas, realizou-se no prédio da Biblioteca Pública do Estado da Bahia, que está construído em torno de um pátio ajardinado e arborizado, no qual se debruçam alguns andares envidraçados que abrigam seções e acervos especializados, além de algumas outras divisões de interesse.

 

A programação conjunta reuniu arquivistas e bibliotecários em determinadas atividades; em outras, o teor específico os separou. Porém, o todo completo foi denso e bem planejado, a tal ponto que conseguiu provocar o interesse da platéia toda, que quase não se dispersou.

 

Nos intervalos, ao redor do café, dos sucos de frutas variadas e das saborosas quitandas típicas, sucederam-se contatos, conversas, apresentações e convites.

 

Num desses momentos, tive a oportunidade de conhecer componentes da equipe do Projeto Biblioteca Viva, que me convidaram a visitar seu local de trabalho, no mesmo andar em que o Fórum Baiano desenvolvia as atividades.

 

Ao atender o convite, pude constatar que uma equipe de bem poucos jovens não precisa de muito espaço nem de equipamento sofisticado para pensar, discutir e organizar o planejamento cultural variado e de qualidade para o Sistema Estadual de bibliotecas do Estado da Bahia, a partir da própria Biblioteca Pública do Estado da Bahia, que ocupa o prédio em que também estão sediados.

 

A denominação Biblioteca Viva demonstra o espírito que mobiliza o projeto desse grupo, na elaboração do planejamento que fazem para o Sistema todo, no âmbito do Estado.

 

Os mais de quatrocentos municípios abrangidos pelo Sistema contam com aproximadamente duas dezenas de bibliotecários graduados, com pouca ou nenhuma formação em Ação Cultural.

 

Ora, sabemos que esta não é uma prerrogativa do bibliotecário; mas, que ele é um profissional imerso no universo multimídia da informação e da cultura. De acordo com a “fórmula” da Ação Cultural na qual apostamos e que – na medida do possível – divulgamos, ela se dá mediante um projeto articulado que envolve os verbos de ação informar-debater-criar conhecimento, no qual o bibliotecário, como agente, é o deflagrador e o coordenador do projeto e do processo.

 

Assim sendo, a falta de formação e de conhecimento do profissional pode ser um impeditivo para que as bibliotecas do Sistema tenham o dinamismo que se quer para a biblioteca atual e atuante.

 

Diante das deficiências e das dificuldades nesse sentido, a programação dos jovens que atuam no Projeto Biblioteca Viva é uma inspiração e um rumo seguro para os que estão na linha de ponta, sejam eles os ainda poucos bibliotecários ou os leigos que lá estão.

 

Na medida do possível, a organização da informação se dá de forma mais técnica ou menos técnica. Mas, de alguma maneira, ela acaba sendo selecionada, localizada e utilizada; é o mínimo que se pode esperar de uma unidade institucional identificada e reconhecida como sendo uma biblioteca.

 

Por outro lado, o estereótipo rechaçado da biblioteca-depósito, inoperante, “às moscas”, sem vida e sem energia é o alvo do bom combate do grupo de jovens (de idade e de cabeça) do Projeto Biblioteca Viva.

 

Apesar de estarem em Salvador, na capital, até certo ponto distantes das bibliotecas circunscritas pelo Sistema e que atuam com autonomia relativa em suas respectivas frentes de trabalho, eles desenvolvem uma programação cultural e a divulgam, tanto com a possibilidade de contarem com o dinamismo eventual dos interessados quanto como serem fonte de inspiração para que as atividades propostas sejam repetidas ou adaptadas em determinada unidade, em todo o estado da Bahia.

 

É importante que se destaque que a biblioteca pública, em grande parte dos municípios, é ou pode vir a funcionar como um centro cultural local, influindo e fazendo a diferença na e para a comunidade. Também é necessário que se diga que o público aflui a esta ou àquela biblioteca na medida em que se sente bem atendido na busca de conhecimento ou que nela encontre atrativos em seu tempo de lazer.

 

A biblioteca pública é um bem coletivo, da comunidade, e ela deve refletir seu perfil, seus desejos e demandas. Em contrapartida, deve oferecer informação e cultura de uma forma atraente e prazerosa, de tal modo que seus usuários se sintam bem e queiram voltar a ela; que seja emblemática como fonte de conhecimento e que, efetiva e objetivamente, demonstre que é parte integrante daquele universo e daquela comunidade, caminhando junto com ela, em prol dela, agindo com ela, no interesse dela. Com energia e muita vida.


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MARIA HELENA T. C. BARROS

Livre-docente em Disseminação da Informação (UNESP); Doutora em Ciências da Comunicação (USP); Mestre em Biblioteconomia (PUCCAMP); Especialista em Ação Cultural (USP); Formada em Biblioteconomia e Cultura Geral (Fac. Filosofia Sedes Sapientiae); Autora de livros e artigos científicos publicados no Brasil e no Exterior