AÇÃO CULTURAL


A PROPÓSITO DE VILLA-LOBOS

Cada vez mais, os meios de informação e comunicação se misturam e ampliam as possibilidades de conhecimento para o público em geral. Cada vez mais, as fontes de informação se diversificam e ganham credibilidade: o que antes era visto com desconfiança, hoje é aceito como confiável, quase sem discussões.

 

Neste mês de novembro, está sendo anunciada por um canal de TV a exibição de uma série de três programas que darão conta de trechos da vida e da obra de Heitor Villa-Lobos, um dos maiores músicos do Brasil contemporâneo. Como compositor, destacou-se tanto nacional quanto internacionalmente.

 

Como dedicava-se à música erudita, não foi tão popular como outros compositores e maestros da mesma geração. Como, em nosso país, a cultura circula melhor em uma determinada camada social do que em outras e a música há tempos foi abolida do ensino público, poucos jovens têm a chance de conhecer a música de Villa-Lobos e de perceber que ele introduziu, por exemplo, as cantigas de roda e outros elementos do nosso folclore nas peças eruditas que compôs.

 

Como a TV, hoje, faz parte de praticamente todos os lares brasileiros, os canais fazem circular informações e produtos culturais variados, entre bons e ruins, moldando o perfil das novas gerações. Assim, Villa-Lobos – se não fazia – passa a fazer parte de conteúdos disponibilizados a todo e qualquer tipo de público, quando antes era uma prerrogativa da(s) elite(s).

 

Portanto, a divulgação dessa matéria sobre o compositor, faz com que se amplie o âmbito de sua circulação.

 

Tomado o exemplo para a Ação Cultural em centros de informação/bibliotecas, interessa saber que, em geral, os canais de TV dispõem de um blog, do qual é possível baixar determinada matéria já exibida, e que, a preços módicos, gravam em fita virgem (CD ou DVD), em curto prazo, determinados programas que já foram ao ar, principalmente para fins pedagógicos (conhecidos como fair use),

 

No intuito de informar, o centro de informação/biblioteca deveria vasculhar em seu acervo e em outros mais próximos, informações fundamentais e/ou complementares sobre o grande compositor brasileiro, juntando tudo isso ao que obteve no canal de TV. Outro importante recurso a ser verificado são as cinematecas. Em vídeo, áudio e textos, muita coisa pode ser reunida.

 

Para debater – mais um passo do projeto de Ação Cultural – nada melhor do que programar a participação de especialistas da crítica musical, além de maestros e intérpretes que poderiam destacar e demonstrar as características da obra e da personalidade de Villa-Lobos, cujas peças musicais  foram experimentadas, pelo menos, por toda uma geração de instrumentistas iniciantes, grandes orquestras e concertistas.

 

A inclusão de elementos folclóricos brasileiros em suas peças faz com que a obra do compositor “mexa” com a memória musical de quem as ouve e desperte a identificação por meio de seus acordes, que soam tão familiares.

 

Além do mais, o debate promovido pode levar a uma comparação com outros expoentes da mesma época, demonstrando, por exemplo, que o estilo de Francisco Mignone e Villa-Lobos estabelecia aproximações e muitas particularidades de diferenciação entre ambos.

 

Os verbos de ação que contemplam o projeto de Ação Cultural num centro de informação/biblioteca incluem o criar/recriar conhecimento, mais especificamente abrir oportunidades para que esse conhecimento possa aflorar no público usuário. Assim, um bom exemplo poderia ser o de oficinas musicais, para que esse público pudesse praticar e re-criar/re-ler as peças de Villa-Lobos, inspirando-se e estimulando-se a criatividade despertada pelo que se ouviu, se assimilou e se aprendeu com a música do compositor.

 

Um dos pontos interessantes da “fórmula” da Ação Cultural, expressa pelos três verbos de ação, é que a sua ordem pode ser alterada sem prejuízo para o processo e o projeto. Portanto, são legítimas as seqüências possíveis: a) informar-debater-criar conhecimento, b) debater-informar-criar conhecimento, c) criar conhecimento-debater-informar.

 

O tema, em qualquer caso, vai do interesse do público usuário, de acordo com o seu perfil: as composições de Villa-Lobos, Rubinho Barrichello e sua contratação pela Williams, em 2010, ou os pets mumificados dos faraós do Egito Antigo, por exemplo.


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MARIA HELENA T. C. BARROS

Livre-docente em Disseminação da Informação (UNESP); Doutora em Ciências da Comunicação (USP); Mestre em Biblioteconomia (PUCCAMP); Especialista em Ação Cultural (USP); Formada em Biblioteconomia e Cultura Geral (Fac. Filosofia Sedes Sapientiae); Autora de livros e artigos científicos publicados no Brasil e no Exterior