AÇÃO CULTURAL


AÇÃO CULTURAL E O NOVO PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO

Quando se fala em novo profissional da informação, inclui-se o arquivista, o bibliotecário e o museólogo, pois todos lidam com a informação para organizá-la e disseminá-la, cada um a seu modo.

 

A palavra “novo” implica que havia/há um “velho”. Gerações e gerações de profissionais formam ambos os contingentes, que se caracterizam por conhecimentos e práticas diferentes face a um público também diferente. Sem citar nomes de profissionais notáveis, pode-se conjecturar que, mesmo notáveis, alguns não tinham certos conhecimentos da área que os profissionais de hoje têm como fundamentos. Por outro lado, os notáveis sabiam de coisas da área que aos profissionais da atualidade acabam escapando.

 

Certas práticas novas, porque mais recentes, não faziam parte do “métier” dos profissionais da informação há poucas décadas atrás. O tempo passou e muita coisa nova – técnica ou cultural – foi criada.

 

Ora, mesmo diante dos bons resultados constatados, a Ação Cultural esbarra ainda em alguns obstáculos: a mentalidade profissional que separa “velhos” e “novos”, o desconhecimento de que os princípios da Ação Cultural podem ser aplicados inovadoramente em centros de informação de qualquer área do conhecimento, as vantagens que apresenta para o processo de inclusão sócio-cultural e para a intervenção no cotidiano da comunidade interna ou externa, em projetos de extensão.

 

Um outro ponto de ponderação é relativo ao tempo. Como é possível constatar os bons resultados da Ação Cultural e a sua eficácia, cria-se uma expectativa carregada de ansiedade em torno dela, para que a mentalidade profissional seja apenas de “jovens” e não mais de “velhos”, em que o conservadorismo pernicioso seja posto de lado e que novos ares cheguem aos arquivos, às bibliotecas e aos museus, modificando-se e modernizando as práticas profissionais. Acontece que o público de usuários mudou também: lá fora, ele encontra um dinamismo criativo, do qual ele sente falta, muitas vezes, nos centros de informação com os quais se relaciona. Caso ele perceba evidências de que tal dinamismo não faz parte do ambiente informacional em que transita, sua reação pode ser de desânimo, de aversão ou até de choque. O que não é bom nem motivador.

 

Fala-se freqüentemente sobre a baixa taxa de afluxo de usuários nos centros de informação e tentam-se criar estratégias para aumentar essa freqüência. Fecham-se algumas bibliotecas com o uso desse argumento. Não é o número de usuários, estatisticamente falando, que tem peso na situação em si; na realidade, devemos pensar que é o contingente de pessoas sem acesso à informação registrada e, portanto, ao conhecimento, que sensibiliza e ocupa a nossa preocupação profissional e cidadã.

 

Nestes tempos denominados de Era da Informação, em que as novas tecnologias de informação e de comunicação podem fazer circular mais eficientemente o conhecimento e a cultura, soa ridículo que não se faça uso do que se encontra disponível em termos de recursos, técnicas e de equipamentos para tal.

 

Então, além de almejarmos profissionais de informação (bibliotecários, arquivistas e museólogos) com espírito e atitudes profissionais “jovens”, queremos que eles usem os meios e os recursos mais atuais, na medida do possível, para que a disseminação da informação atinja os seus melhores patamares de eficiência, em benefício de uma sociedade carente como a nossa, quer em termos de comunidades mais restritas, quer em termos de sociedade mais ampla.

 

Ação Cultural é uma das facetas da Disseminação da Informação; talvez a mais dinâmica e eficaz. Daí a nossa visão de que ela é inovadora e de que pode fazer avançar o tempo. Daí que envolve a sustentabilidade da prática da informação e de que, nesse aspecto, agrega mentes abertas, proatividade e noção de futuro, para avançar no tempo; por outro lado, contribuindo e consolidando a nossa parcela do legado cultural e científico para os pósteros.

 

Como a Ação Cultural constitui-se como um processo pedagógico-informacional impregnado de elementos lúdicos, é bastante produtiva, se considerarmos o impacto e os resultados relativos ao(s) público(s) usuário(s) dos centros de informação.Como dissemos anteriormente, ela é flexível e adaptável aos centros, sejam eles especializados ou generalistas.

 

O tempo passa, os profissionais envelhecem, mas aqueles que têm espírito jovem, assumem atitudes criativas, buscam novas soluções para os problemas informacionais de um público que se renova a cada pouco. Assim, temos: profissionais “jovens” (independentemente da faixa etária), informação recente e atualizada (um direito constitucional do cidadão), novos recursos e tecnologias, maneiras criativas de trabalhar, servindo a um público ou a um segmento de público que se renova e que é sempre mais exigente e ávido por inovações.

 

Portanto, justifica-se o título deste artigo. O novo profissional é aquele que acrescenta e incorpora ao seu perfil novas e atuais características oferecida por traços e conexões buscados em áreas adjacentes à das Ciências da Informação.


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MARIA HELENA T. C. BARROS

Livre-docente em Disseminação da Informação (UNESP); Doutora em Ciências da Comunicação (USP); Mestre em Biblioteconomia (PUCCAMP); Especialista em Ação Cultural (USP); Formada em Biblioteconomia e Cultura Geral (Fac. Filosofia Sedes Sapientiae); Autora de livros e artigos científicos publicados no Brasil e no Exterior