MEDIAÇÃO DA INFORMAÇÃO


  • Reflexões sobre a Mediação da Informação, englobando aspectos teóricos e práticos.

MEDIAÇÃO DA INFORMAÇÃO: DIMENSÕES

Muitos textos veiculados na literatura especializada em Ciência da Informação, tratando de mediação da informação, apresentam o entendimento desse tema a partir apenas de uma de suas dimensões. Entendem, advogam e disseminam uma compreensão voltada exclusivamente para seus aspectos práticos, ou seja, na aplicação de seus conceitos. Mas, a mediação da informação deve ser vista também por outra dimensão, como veremos a seguir.

 

Antes de falarmos das dimensões da mediação da informação, é importante relembrarmos seu conceito.

 

Em 2006 publiquei, pela primeira vez, um conceito de mediação da informação:

 

Mediação da informação é toda ação de interferência – realizada pelo profissional da informação –, direta ou indireta; consciente ou inconsciente; individual ou coletiva; que propicia a apropriação de informação que satisfaça, plena ou parcialmente, uma necessidade informacional. (ALMEIDA JÚNIOR, 2009, p.92).

 

O conceito estava centrado em duas ideias principais: a interferência e a apropriação da informação.

 

Só há mediação se existir um terceiro elemento, podendo ser ele uma pessoa ou não. No caso da mediação da informação, no âmbito de nosso interesse, o terceiro elemento pode ser o profissional da informação, ações que ele desenvolve, o espaço onde atua e os produtos documentários gerados por ele.

 

Outra concepção gerada na época, e que considero importante salientar, foi a divisão da mediação da informação em “mediação explícita da informação” e “mediação implícita da informação”.

 

Depois da formulação primeira do conceito, e após leituras e reflexões, senti que o conceito precisava de uma reformulação para atender um novo entendimento meu sobre a mediação da informação. O conhecimento é dinâmico e se transforma na medida em que nossa relação com ele, com os outros e com a sociedade também se transforma. Assim, reformulei o conceito e o divulguei em um capítulo de livro publicado em 2015.

 

Mediação da informação é toda ação de interferência – realizada em um processo, por um profissional da informação e na ambiência de equipamentos informacionais –, direta ou indireta; consciente ou inconsciente; singular ou plural; individual ou coletiva; visando a apropriação de informação que satisfaça, parcialmente e de maneira momentânea, uma necessidade informacional, gerando conflitos e novas necessidades informacionais. (ALMEIDA JÚNIOR, p.25, 2015)

 

Além das duas ideias anteriormente evidenciadas (interferência e apropriação da informação), reiteramos que a mediação deve ser entendida como um processo e incluímos outras concepções: ambiência de equipamentos informacionais, satisfação parcial e momentânea, e conflitos. Em um próximo texto abordaremos esses aspectos, pois agora, nos interessa comentar as dimensões da mediação da informação.

 

A mediação da informação possui duas dimensões: a primeira é intrínseca ao fazer do profissional da informação, quer atuando ele no atendimento ao público (mediação explícita da informação), quer atuando nos serviços internos, também chamados de serviços meios (mediação implícita da informação). A mediação nesse caso é inerente ao fazer. Ela está presente, independente da vontade do profissional. Esse profissional veicula ideias, conceitos, concepções, valores de maneira consciente e inconsciente. Nesta dimensão da mediação, o profissional pode controlar muito do que dissemina, do que veicula, mas há um componente inconsciente sobre o qual ele não possui controle. As palavras escolhidas para comunicar algo; a forma de estrutura-las; posturas físicas; a organização do acervo; o sistema escolhido para estruturar os documentos; a arquitetura do prédio onde atua; possuem todas, uma ampla parcela de inconsciente.

 

Por outro lado, quando organizamos serviços, estruturamos o atendimento, propomos ações de educação de usuários, etc., estamos dentro de outra dimensão da mediação da informação, mais clara, mais consciente (embora também tenha muito de inconsciente), mais palpável, um pouco mais controlável. Precisamos, talvez, denominar essas dimensões para que suas diferenças sejam evidenciadas. Esta segunda dimensão identifica-se com a disseminação da informação. No entanto, a ideia de mediação da informação é mais abrangente que a da disseminação, uma vez que esta nunca se interessou com a apropriação da informação, atendo-se ao acesso físico do documento pelo usuário. Assim, a disseminação da informação está mais relacionada com a transferência da informação do que com a mediação da informação.

 

Como proposta inicial, poderíamos denominar as dimensões da mediação da informação como “mediação intrínseca da informação” e “mediação extrínseca da informação”.

 

Referências

 

ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Mediação da informação: um conceito atualizado. In: BORTOLIN, Sueli; SANTOS NETO, João Arlindo dos; SILVA, Rovilson José da (Org.). Mediação oral da informação e da leitura. Londrina: ABECIN, 2015. 278p.p.9-32.

________. Mediação da informação e múltiplas linguagens”. Tendências da Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação, v.2, n.1, p. 89-103, jan./dez. 2009. Disponível em: http://inseer.ibict.br/ancib/index.php/tpbci/article/view/17/39.


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OSWALDO FRANCISCO DE ALMEIDA JÚNIOR

Professor associado do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Estadual de Londrina. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UNESP/Marília. Doutor e Mestre em Ciência da Comunicação pela ECA/USP. Professor colaborador do Programa de Pós-Graduação da UFCA- Cariri - Mantenedor do Site.