BIBLIOCONTOS


CHUTANDO OS BITS

No início da chegada da microinformática às bibliotecas no começo dos anos 80, do século 20. Quando os computadores ainda eram conjuntos de peças estranhas, muitos contratempos e  temores foram gerados até a completa domesticação desta caixa de bits. A história narrada é uma ilustração dos acontecimentos deste período.

 

A bibliotecária encontrava-se receosa com a novidade informática. Afinal, durante sua graduação aprendera por teoria, visualizando um computador de "grande porte" através de fotografias. Mas tinha ouvido falar de umas novas caixinhas que iriam substituir os bibliotecários. Neste sentido, seus temores tornaram-se calafrios quando a empresa na qual trabalhava demonstrou interesse em adquirir microcomputadores para os diversos departamentos, incluindo a biblioteca. Tentando amenizar sua agonia, resolveu consultar uma vidente, pois como  de costume entre executivos, diante do inesperado, buscava orientação com o místico para enfrentar seus medos interiores.

 

Durante a consulta, a vidente lhe profetizou que logo após a chegada do microcomputador na biblioteca, ela sairia da biblioteca empurrada pelo seu chefe. Bastou! Ao ouvir proféticas palavras, compreendeu que seus dias na organização estavam contados. Tendo em vista que o desemprego a esperava, não se deixaria suplantar por uma máquina, sem antes lutar. Começou então a arquitetar planos para que a profecia não se realizasse.

 

Os dias se passavam, até que dois homens adentram pela biblioteca trazendo nos braços alguns caixotes de onde retiram vários aparatos metálicos. Era o tal microcomputador que a vidente lhe dissera. Não havia dúvida, o destino se cumpria. Tão logo ficou a sós com a máquina, aproximou-se e lançou um "potente pontapé" nós módulos do equipamento provocando a quebra da unidade direita de sua perna (popular canela) e mais quatro dedos periféricos do . Aos gritos, acabou socorrida e retirada da biblioteca em cadeira de roda empurrada por seu chefe, sendo levada ao pronto socorro.

 

Às vezes, o simples fato de trabalharmos com informação não garante saber interpretar, com a devida correção, o conteúdo manifestado por diferentes fontes consultadas.

Autor: Fernando Modesto

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FERNANDO MODESTO

Bibliotecário e Mestre pela PUC-Campinas, Doutor em Comunicações pela ECA/USP e Professor do departamento de Biblioteconomia e Documentação da ECA/USP.