BIBLIOCONTOS


TRADIÇÃO FAMILIAR

- Bom dia! O Sr. é o Bibliotecário?

- Sim, sou eu mesmo.

- Muito prazer em conhecê-lo!

- O prazer é meu, Frontispício ao seu dispor. Em que posso ajudá-lo?

- Inicialmente, o Sr. me desculpe a curiosidade, mas há de concordar, é pouco comum encontrar um Bibliotecário chamado Frontispício.

- Não se preocupe, estou acostumado com este tipo de acontecimento. Ocorre que ser profissional Bibliotecário é uma tradição de família. Meu pai, por exemplo, foi registrado como Colofão. E o seu nome fora uma homenagem prestada, por meu avô, a data na qual o livro que ele gostava tinha sido reeditado, e que coincidiu com a data de nascimento de meu pai.

- Realmente, surpreende a tradição e a pertinência dos nomes. Posso entender que seu avô foi um homem das letras.

- Não especificamente! Assim como meu pai, meu avô era bibliotecário da mesma forma que o seu pai, o meu bisavô, que o batizara com o nome de Incunábulo. E como meu bisavô foi um Bibliotecário que trabalhava com obras raras, batizou o filho desta forma. O meu avô, certa vez me contou que o seu pai trabalhava na Biblioteca Nacional, seção de livros impressos antes de 1500.

- Que interessante este envolvimento de seus parentes com este trabalho, e que causou significativa influência na família.

- Certamente, e devo acrescentar que meu bisavô se chamava Fólio, e tivera outros três irmãos chamados de: Pórtico, Frontis e Friso, porém todos os três optaram por seguir carreira eclesiástica, tornaram-se monges e apenas meu bisa optou por seguir na carreira do pai.

- Ele resolveu dar prosseguimento a tradição bibliotecária iniciada pelo pai?

- Ao contrário, até onde sei da história, o pai do meu trisavô já era bibliotecário, trabalhou na biblioteca real, onde seu pai já havia trabalhado antes. No mínimo são dois séculos de Biblioteconomia e mais alguma coisa circulando no sangue de minha família.

- Uma pergunta e qual o nome deste trisavô e pentavô, você chegou a saber?

- Sim, meu trisavô chamava-se Manuscrito e o seu pai era Códice.

- Puxa! Na realidade você não precisa nem fazer uma árvore genealógica. Pode criar logo uma estante da família.

- Literalmente! A diferença que os familiares anteriores já estão todos tombados no acervo mausoléu da família.

Moral da história: tradição é tradição, o que fortalece qualquer linhagem familiar ou profissional.

Autor: Fernando Modesto

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FERNANDO MODESTO

Bibliotecário e Mestre pela PUC-Campinas, Doutor em Comunicações pela ECA/USP e Professor do departamento de Biblioteconomia e Documentação da ECA/USP.