DITADURA MILITAR - BRASIL - CENSURA - 2
"Em 1965 (...) o editor esquerdista Ênio Silveira, proprietário da Editora Civilização Brasileira, viu-se encarcerado (...). Sua prisão provocou um manifesto assinado por cerca de mil pessoas ligadas à produção cultural (...).
"Castello, com sua letra elegante, mandou ao general Ernesto Geisel quatro folhas de bloco manuscritas tratando do assunto. Com lápis vermelho, escreveu a palavra reservado no alto de cada uma delas. Dizia o presidente ao seu chefe de Gabinete Militar: "Por que a prisão do Ênio? Só para depor? A repercussão é contrária a nós, em grande escala. O resultado está sendo absolutamente negativo. [...] Há como que uma preocupação de mostrar 'que se pode prender'. Isso nos rebaixa. [...] Apreensão de livros. Nunca se fez isso no Brasil. Só de alguns (alguns!) livros imorais. Os resultados são os piores possíveis contra nós. É mesmo um terror cultural".
"Tinha razão. Era terror cultural mesmo. Para coibir 'os processos de contaminação da opinião pública', a Polícia Federal apreendera em torno de 17 mil volumes de 35 obras acusadas de 'difundir doutrina veementemente repelida pelo povo brasileiro". (p.231).