UM POUCO DE CADA MOMENTO
Só um pouco de cada momento,
da infância, da saudade, do lamento,
da felicidade e do tormento.
Sou mescla, síntese e superação,
sou diferença, rompimento, separação.
Cada ponto, cada tópico é um rizoma,
abre-se abrindo janelas,
panoramas, paisagens, paradigmas.
Um dia é um dia, mas é múltiplo,
maior, mais do que ele mesmo.
Sortes, azares, acasos determinam
concepções, saberes, propostas, vidas.
Sou resumo de pouco texto,
trecho parafraseado de meus olhares.
Conheço o mundo pelo meu olhar
e, principalmente, pelo olhar dos outros.
Sou eu e os outros. Sou nós,
coletivo e nós bifurcadores.
Sou plenário de ideias e reflexões,
resultado de embates, meus e de outros.
Sou hoje, ontem e outrem.
também antes, agora e após.
Grito de alerta, de desespero.
Intempérie interna, chuva
ácida que corrói verdades,
certezas, decisões fechadas.
O corpo é forte, claudicante, moribundo.
Some em pó, em pó, em pó a cada dia,
a cada hora, a cada momento,
a cada sorriso, a cada palavra.
A cada lágrima,
lacrimejo, pisco,
vivo, morro.