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O PROBLEMA DAS BIBLIOTECAS PÚBLICAS EM RECIFE

Não muito distante destas terras delineadas pelos rios Capibaribe e Beberibe, dentro do Planeta Terra, duas cidades passaram por profundas transformações sociais, o que por definição e, a priori, significa uma mudança de visão do que é uma gestão político-administrativa e, portanto, cultural, a saber: Bogotá (sete milhões de habitantes), e Medellín (três milhões de habitantes), duas das maiores cidades da República da Colômbia (obs.: Recife, em 2012, parece ter contado um milhão e meio de habitantes – obviamente, todos esses números são aproximados). Nelas, os “cidadãos-gestores-públicos”, cansados das mazelas que, diária e constantemente, acometiam as rotinas das pessoas que ali residem; da falta de respeito assistida em cada esquina, em cada semáforo, em cada fila de compras; do altíssimo grau de baixa autoestima; da violência urbana e contra a vida; da dependência infanto-juvenil junto aos traficantes e ao escravismo laboral; do “iletramento-profissional” que tomou conta da cultura do fazer e lazer; da falta das ágoras (espaço público desenvolvido, bem conhecido e ferrenhamente defendido pelos cidadãos de um local chamado Grécia, há mais de dois mil anos atrás); da falta de infraestrutura que garantisse o direito constitucional de ir e vir; da falta de escolas públicas de qualidade e de suas respectivas bibliotecas escolares; da falta de BIBLIOTECAS PÚBLICAS INSERIDAS NAS ENTRANHAS DA COMUNIDADE, resolveram descer de seus palanques do poder (aqueles que parecem com os púlpitos), com o objetivo de convidar representantes de CADA SETOR PÚBLICO para uma prosa, em que foi feita uma pergunta: CANSAMOS! QUEREMOS CAMBIAR? Assim teve início uma jornada difícil, turbulenta, excepcional e LUCRATIVA. O cenário da cidade, as rotinas das pessoas que a fazem, outrora discurso potencial, longínquo ideal, emergiu como exemplo internacional, mundial, global. Tanto assim que cito a “Ata da 17ª Reunião Ordinária da 1ª Sessão Legislativa da 16ª Legislatura, realizada no dia 20 de março de 2013, [em que] a vereadora ISABELLA DE ROLDÃO veio à tribuna fazer menção ao alto investimento das cidades colombianas, de Bogotá e Medelín, ÀS BIBLIOTECAS, e SUGERIU QUE FOSSEM IMPLANTADAS UNIDADES DE LEITURA NASA COMUNIDADES do Recife”. Verdade seja dita: o cidadão recifense, e a cidade em que reside, trabalha e constrói sua família, precisava, fazia tempo, de uma radical mudança na forma de se ver, olhar e LER. Se, ainda esperançoso, penso que essa mudança está em curso, então, coragem deve conclamar voz para indicar um grave equívoco que, ao mesmo tempo, está sendo cometido: nem todos os atores e atrizes (será que a vida é um tipo de palco?) estão sendo chamados para prosear, nem todas as gestões institucionalizadas estão participando de forma ARTICULADA e ATIVA, nem todas as partes do sistema estão ou são interoperáveis. Assim, lembro aos envolvidos e às pouquíssimas pessoas que, de fato, terão acesso a este escrito que, DIANTE DA FALTA DE ESPAÇOS PÚBLICOS DE LEITURA, DA FALTA DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS CONDIZENTES COM O SÉCULO XXI, DE REPETIDOS E LEGÍTIMOS DIAGNÓSTICOS EM QUE FORAM E SÃO APRESENTADOS INDICADORES QUE REPRESENTAM UMA CIDADE PERMEADA POR UMA CULTURA POBRE DE LEITURA E ESCRITA, a POLÍTICA também surge como solução. CANSAMOS, QUEREMOS MUDAR?

 

Diego Salcedo – Professor do Departamento de Ciência da Informação/UFPE

Autor: Diego Salcedo

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Seção Mantida por OSWALDO FRANCISCO DE ALMEIDA JÚNIOR

Professor associado do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Estadual de Londrina. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UNESP/Marília. Doutor e Mestre em Ciência da Comunicação pela ECA/USP. Professor colaborador do Programa de Pós-Graduação da UFCA- Cariri - Mantenedor do Site.