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TAXISTA DE FORTALEZA MONTA ‘BIBLIOTÁXI” E OFERECE LIVROS AOS PASSAGEIROS


Imagina entrar em um táxi que não é só um táxi, mas uma nave que te transporta para diversos mundos? É assim que todo passageiro se sente no “bibliotáxi“. Isso mesmo! Leitor ávido, o motorista Carlos Careca viu na paixão pelos livros uma oportunidade de melhorar os negócios e conquistar passageiros. Assim, ele abriu o porta-malas do carro e a imaginação para oferecer muita literatura e entretenimento aos clientes.

Com 57 anos, trabalhando a 15 como taxista, Carlos viu nos livros uma chance de ampliar e fidelizar a clientela em meio a concorrência.

“A gente tem que descobrir as melhores alternativas. Acredito muito no valor da cultura. Então, busquei esse nicho. Uma vez recebi livros de um amigo e levei pra ler. Uma vez, o passageiro perguntou se eu tava livre, se não ia atrapalhar a minha leitura. Ele nunca tinha visto um taxista lendo nem jornal. Depois, perguntou se podia ficar com um dos livros”, relembrou Carlos, que deixou o livro com o cliente.

Tem livro para todos os gostos: dos romances policiais de Agatha Christie às histórias infantis de Monteiro Lobato. A biblioteca no porta-malas do carro começou modesta, com apenas cinco exemplares. Atualmente, são 70. Ele, que também colabora no abastecimento das geladeiras da cultura e as casinhas de livros espalhadas pela cidade, revela que muitos clientes contribuem para manter o bibliotáxi com novos títulos.

“Semana passada conheci um cidadão que ficou tão entusiasmado que me chamou pra entrar na casa dele e tinha uma parede enorme cheia de livros. Aí, ele disse: Escolha dez livros para você. A corrida foi R$ 50 e ainda me deu 10 livros. A coisa dá certo”, contou o motorista.

A clientela, claro, melhorou. Além de distribuir livros entre os passageiros, Carlos também faz brinquedos dentro do carro. A criançada aproveita, e os pais agradecem. No conhecido “táxi da alegria”, o combustível é a literatura e o bom humor e muitas, muitas histórias.

“Eu aviso sobre os livros, o passageiro escolhe e leva pra ela. Ele devolve? 95% não. Mas a ideia das bibliotecas não é emprestar o livro? Fazer essa informação circular de mão em mão? Então… E recebo mais de outras pessoas. Estou sempre renovando os títulos. Tenho três caixas de doação em casa”, disse o taxista, que também aproveita os intervalos entre as corridas para ler.

Carlos e seu bibliotáxi circulam pela Praia de Iracema. Para se distrair um pouco da rotina, ele aproveita para ler. Prefere ficção e contos. O último foi “Meu Nome Não é Johnny”, de Guilherme Fiúza. Além disso, ele também surfa e é triatleta.

“Eu trabalho com a palavra. Então, procuro tirar dúvidas, mantendo bom diálogo. Não dou mole pro azar. O que vale é a vontade de viver. Eu tô me preparando para ser eternamente jovem. Porque eu consigo viajar sem sair do lugar. Já fui pra Indonésia, Monte Everest, eu sentia frio, medo a cada página que eu lia”, relatou lembrando sensações durante a leitura de No Ar Rarefeito, de Jon Krakauer.

Carlos carrega vários mundos no porta-malas do táxi dele. Ali, as possibilidades são infinitas. Fazer a imaginação dos passageiros fluir oferecendo um livro de presente é o jeito de mostrar compromisso com a qualidade no atendimento.


Autor: Crisneive Silveira
Fonte: tribunadoceara.uol.com.br - 13/03/2018

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OSWALDO FRANCISCO DE ALMEIDA JÚNIOR

Professor associado do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Estadual de Londrina. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UNESP/Marília. Doutor e Mestre em Ciência da Comunicação pela ECA/USP. Professor colaborador do Programa de Pós-Graduação da UFCA- Cariri - Mantenedor do Site.