GERAL


ACUSADO DE ASSÉDIO SEXUAL, BIÓLOGO RENUNCIA NO MIT


O biólogo norte-americano David Sabatini, célebre por suas contribuições em estudos sobre sinalização celular e metabolismo de câncer, renunciou ao cargo de professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) em meio a acusações de assédio sexual e violação de conduta. Se não renunciasse, o pesquisador de 54 anos seria demitido. Em março, uma comissão do MIT havia recomendado o cancelamento do vínculo de Sabatini com a instituição por ele ter se envolvido sexualmente com uma colega sobre a qual tinha ascendência hierárquica, o que viola regras da universidade.

O presidente do MIT, Leo Rafael Reif, explicou em e-mail enviado a pesquisadores da instituição que o “professor Sabatini se comportou de maneira incompatível com as responsabilidades dos membros do corpo docente” e transgrediu a política interna que proíbe relações sexuais ou românticas consensuais no ambiente de trabalho.

Em agosto de 2021, o biólogo foi demitido do Howard Hughes Medical Institute (HHMI) e forçado a abandonar o laboratório que liderava no Whitehead Institute, centro de pesquisa biomédica em Cambridge que tem vínculos tanto com o HHMI quanto com o MIT. Desde então, estava também em licença compulsória do cargo de professor da universidade, ao qual agora renunciou.

O caso deve ter desdobramentos na Justiça. Em outubro, Sabatini processou por difamação a diretora do Whitehead Institute, Ruth Lehmann, e a colega que o acusou de assédio, cuja identidade não foi revelada. Ele alega que a acusação é uma farsa e que a colega quer “punir seu ex-amante”. Afirma que os prejuízos morais e financeiros gerados pela denúncia tiveram impacto em sua saúde mental, a ponto de ele ser aconselhado a não morar sozinho e ser monitorado por amigos e familiares.

Dois meses depois, a acusadora entrou com uma ação civil contra Sabatini alegando que foi coagida a fazer sexo com ele e que o ambiente do laboratório em que ambos trabalhavam era “tóxico e carregado sexualmente”. De acordo com a revista Science, a bióloga Nancy Hopkins, professora emérita do MIT que ajudou a liderar um esforço pela igualdade de gênero no corpo docente da instituição na década de 1990, classificou a renúncia de Sabatini como um “marco”. “Uma jovem teve a coragem de exigir que as regras fossem aplicadas. E ela foi ouvida.”

No início dos anos 1990, quando era estudante de doutorado na Escola Médica Johns Hopkins e atuava no laboratório do neurocientista Solomon Halbert Snyder, David Sabatini foi um dos descobridores do mTOR, versão em mamíferos de uma proteína encontrada pela primeira vez em leveduras, que tem papel central no crescimento, proliferação e manutenção das células. O mTOR é um de seus principais objetos de estudo desde aquela época.


Fonte: PESQUISA FAPESP, n. 315, p.10, maio de 2022

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OSWALDO FRANCISCO DE ALMEIDA JÚNIOR

Professor associado do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Estadual de Londrina. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UNESP/Marília. Doutor e Mestre em Ciência da Comunicação pela ECA/USP. Professor colaborador do Programa de Pós-Graduação da UFCA- Cariri - Mantenedor do Site.