GERAL


PENSE ANTES DE TECLAR


Felipe Marra Mendonça

 

Comentários feitos no Twitter levam dois ingleses à prisão e reacendem o debate sobre os limites na rede

 

A grande diferença entre o que é dito no dia a dia e o que é exprimido em redes sociais como o Twitter foi exposta em dois casos distintos ocorridos no Reino Unido em meados de novembro. O primeiro surgiu quando Paul Chambers, um gerente financeiro de 27 anos, viu seus planos de viagem arruinados pela nevasca que varria o aeroporto Robin Hood, em Nottingham, em janeiro e decidiu escrever sobre sua frustração no Twitter. “O aeroporto Robin Hood fechou. Vocês têm uma semana e uns dias para arrumar essa merda, ou eu vou explodir esse aeroporto!”, escreveu Chambers.

 

Uma semana depois agentes de polícia bateram à sua porta e o prenderam com base na legislação antiterrorista vigente. Ele foi interrogado por sete horas e solto sob fiança, além de ser proibido de pisar novamente no aeroporto em questão. Em entrevista ao Independent, Chambers disse que sua primeira reação foi achar que havia ocorrido algum problema envolvendo alguém da sua família. “Nunca achei que isso poderia acontecer por conta de algo que eu tenha escrito no Twitter”, disse. “Tive de explicar para eles o que é o Twitter, porque eles nunca tinham ouvido falar nisso.”

 

A ideia original da polícia era acusar Chambers de conspiração na construção de um artefato explosivo. Como essa claramente não era sua intenção, as autoridades encontraram um artigo obscuro do Ato de Comunicações do Reino Unido que proíbe enviar uma “mensagem que seja altamente ofensiva ou que seja indecente, obscena ou ameaçadora”.

 

Chambers foi obrigado a pagar 385 libras e outras 600 de custos administrativos e, no dia 11 deste mês, teve seu recurso rejeitado por uma juíza que disse que sua mensagem tinha sido “ameaçadora, obviamente ameaçadora e que era muito clara. Qualquer pessoa que a ler entenderia isso e ficaria alarmada”. Além da perda do recurso e do emprego de gerente financeiro, Chambers agora precisa pagar outras 2 mil libras para cobrir os custos processuais.

 

A nova vítima da patrulha do Twitter foi presa no mesmo dia em que Chambers teve seu apelo rejeitado pela juíza alarmada. Gareth Compton, vereador da cidade de Birmingham, ouvia uma jornalista no rádio que sustentava que a Grã-Bretanha não tinha sustentação moral para criticar países como a China sobre direitos humanos ou o Irã sobre o tratamento de mulheres. Em resposta, escreveu que Yasmin Alibhai-Brown, a jornalista, deveria ser “apedrejada até a morte”.

 

Compton agora deve passar pelo mesmo processo enfrentado por Chambers, mas já teve sua filiação ao Partido Conservador suspensa indefinidamente.

 

As duas declarações, tanto de Chambers quanto de Compton, são estúpidas. O segundo deve ter sua carreira política destruída depois do acontecido. Mas escrever coisas cretinas no Twitter ou no Facebook não deveria ser seguido necessariamente de prisão e multas. Dada a ameaça terrorista vigente contra o país, a polícia britânica certamente deveria ter mais a fazer do que brincar de “patrulheira do Twitter”.


Fonte: Clique Aqui
Divulgado por Fred Oliveira - Enviado para "3.setor" em 31/01/2011

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OSWALDO FRANCISCO DE ALMEIDA JÚNIOR

Professor associado do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Estadual de Londrina. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UNESP/Marília. Doutor e Mestre em Ciência da Comunicação pela ECA/USP. Professor colaborador do Programa de Pós-Graduação da UFCA- Cariri - Mantenedor do Site.