GERAL


MERCADO DE LIVROS CRESCE BEM ABAIXO DO PIB


Nelson Bortolin

 

Somente segmento de obras religiosas se aproxima do desempenho da economia brasileira.

 

O mercado brasileiro de livros não acompanhou os anos de bonança da economia nacional. E, mais recentemente, sofreu uma queda bem acima da apresentada pelo Produto Interno Bruto (PIB). É o que mostra o estudo "10 anos de produção e vendas do setor editorial brasileiro" feito pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), da Universidade de São Paulo (USP), para a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel).

 

O estudo analisa o setor em geral e seus quatro subsetores: obras gerais; didáticos; religiosos; e científicos, técnicos e profissionais (CTP). Quando se olha o setor como um todo, o mercado editorial só foi levemente melhor que o PIB em 2009 e 2014. Houve anos em que o descolamento foi grande. Em 2010, por exemplo, a economia bateu recorde de crescimento, 7,5%, e o mercado livreiro recuou 2,7%. No ano seguinte, o PIB cresceu 3,9% e as vendas de livros recuaram 3,2%.

 

Quando os subsetores são analisados separadamente, chama atenção o de livros religiosos. Entre 2006 e 2010, ele conseguiu acompanhar o movimento da economia, sendo que, de 2008 a 2010, superou o aumento do PIB.

 

O CTP, que engloba os livros universitários, teve o segundo melhor desempenho, embora não tenha conseguido acompanhar o PIB. O de obras gerais foi o subsetor que se saiu pior. Dos dez anos analisados, apresentou crescimento negativo em seis. Em 2011, houve o maior recuo no subsetor (-16,5%). E, no ano passado, o segundo, -11,94%. Já o subsetor de didáticos ficou praticamente estável ao longo destes dez anos. É o segmento com maior participação do governo.

 

No ano passado, o mercado editorial movimentou R$ 4 bilhões, com a venda de 254,7 milhões de exemplares. Os índices de crescimento se referem sempre ao faturamento.

 

Leda Paulani, pesquisadora da Fipe responsável pelo levantamento, explica por que a evolução do mercado livreiro ficou aquém da economia como um todo. "Há grandes barreiras culturais a serem vencidas no Brasil. Apesar dos programas de incentivo à leitura, não conseguimos vencê-las", afirma. Outro motivo apontado por ela, que afeta o mercado de todo o mundo, são as novas formas de acesso a conteúdo via internet.

 

Para a pesquisadora, a boa performance do subsetor religioso está ligada ao crescimento das "igrejas pentecostais, que obrigam a leitura da Bíblia e de outros livros religiosos". Já o aumento do subsetor CTP se explica pelo crescimento do ensino superior no Brasil. "Em 2001, tínhamos 3 milhões de universitários. Hoje são quase 7 milhões", conta.

 

Leda chama atenção para a queda do preço do livro. No mercado como um todo, o valor médio despencou 36% de forma geral e 45% nas obras gerais, durante o período analisado. A principal justificativa, segundo ela, é que as editoras estão produzindo livros mais baratos, a exemplo dos livros de bolso.

 

SEGMENTAÇÃO

 

Dos R$ 4 bilhões faturados pelo mercado livreiro no ano passado, a maior parte, R$ 1,3 bilhão, ou 33%, foram de livros didáticos. As obras gerais responderam pelo faturamento de R$ 1 bilhão, ou 26%. O subsetor CPT contribuiu com R$ 982 milhões, 25%, e os religiosos, com R$ 558 milhões (14%). Dos 254,7 milhões de exemplares, 109 milhões são de obras gerais, 68,4 milhões de religiosos, 50,7 milhões de didáticos e 26,3 milhões do subsetor CTP.

 

Nelson Bortolin - Reportagem local


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OSWALDO FRANCISCO DE ALMEIDA JÚNIOR

Professor associado do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Estadual de Londrina. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UNESP/Marília. Doutor e Mestre em Ciência da Comunicação pela ECA/USP. Professor colaborador do Programa de Pós-Graduação da UFCA- Cariri - Mantenedor do Site.