GERAL


A SOMBRA DO ASSÉDIO NA INTEGRIDADE DA CIÊNCIA


Sociedade de geofísicos amplia definições de má conduta para incluir os casos de intimidação sexual no ambiente acadêmico

A American Geophysical Union (AGU), sociedade sediada em Washington, Estados Unidos, atualizou no mês passado seu código de ética e incluiu o assédio sexual na definição de exemplos de má conduta científica. Em um comunicado divulgado no dia 15 de setembro, a AGU observou que os efeitos destrutivos do assédio e da intimidação de caráter sexual atingem não somente as suas vítimas, mas todo o entorno do ambiente de pesquisa, e podem inclusive afastar as mulheres da carreira científica. “Embora intolerável, o assédio sexual é um problema enfrentado de forma persistente pela comunidade científica”, justificou Eric Davidson, professor da Universidade de Maryland e presidente da AGU. [...] Além do assédio sexual, o bullying e a discriminação também foram incluídos no rol dos comportamentos antiéticos.

[...] A adoção da nova política foi discutida ao longo de um ano e reacendeu um antigo debate sobre definições de má conduta científica. A abordagem consagrada desde os anos de 1990 restringe tais definições a comportamentos com impacto inequívoco sobre a pesquisa, como fraude, fabricação de dados e plágio. Mas sempre houve questionamentos sobre o que fazer com desvios éticos não específicos das atividades científicas que ocorrem em seu ambiente.

[...] Uma pesquisa feita em 2015 pela Association of American Universities em 27 universidades mostrou que 62% das alunas de graduação e 44% das de pós-graduação sofreram assédio sexual no ambiente acadêmico. Além da AGU, outras sociedades científicas se mobilizam. No mês passado, a American Chemical Society abordou o assédio sexual em uma reportagem de capa em sua revista Chemical & Engineering News, em que as editoras Linda Wang e Andrea Widener relataram as experiências de várias mulheres que foram assediadas sexualmente quando eram estudantes de química por professores ou dirigentes acadêmicos. Na reportagem, a britânica Kate Sleeth Patterson, presidente da Na tional Postdoctoral Association, relata o drama vivido por alunas e por estagiárias de pós-doutorado estrangeiras nos Estados Unidos, inclusive o dela própria na época da graduação, que enfrentam ameaças de afastamento de grupos de pesquisa ou perda do visto de permanência no país caso denunciem os professores assediadores. [...]

 


Fonte: Pesquisa FAPESP, Ano 18, n.260, p.8-9, out. 2017

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OSWALDO FRANCISCO DE ALMEIDA JÚNIOR

Professor associado do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Estadual de Londrina. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UNESP/Marília. Doutor e Mestre em Ciência da Comunicação pela ECA/USP. Professor colaborador do Programa de Pós-Graduação da UFCA- Cariri - Mantenedor do Site.