GERAL


AMERICANOS AJUDAM A RECONSTRUIR BIBLIOTECAS NO HAITI


Phillip Kurata


Washington — Após um terremoto devastar o Haiti em janeiro, um estudante da Carolina do Sul ficou tão determinado a ajudar a reconstruir bibliotecas no Haiti que raspou o cabelo, as pernas e a barba.

 

Antes de se raspar, Chess Schmidt, estudante de biblioteconomia na Universidade da Carolina do Sul, prometeu aos colegas que adotaria essa medida drástica se eles contribuíssem com um total de US$ 750 para ajudar o Haiti a reconstruir suas bibliotecas. Quando seus arrecadadores de fundos conseguiram US$ 950, o outrora cabeludo Schmidt exibiu sua nova aparência.

 

Embora os prédios do Haiti que abrigavam as bibliotecas tenham sido destruídos, o espírito que animava as bibliotecas haitianas não o foi. Os bibliotecários do Haiti retomaram o trabalho rapidamente, na beira de estradas e em tendas onde emprestavam livros e contavam histórias para as crianças. Foi esse espírito de determinação dos bibliotecários haitianos que inspirou o pessoal da Carolina do Sul.

 

O interesse de Schmidt em reconstruir bibliotecas, para não falar do método, está em conformidade com uma longa tradição dos bibliotecários americanos de fornecer ajuda a regiões atingidas por desastres naturais. O terremoto que abalou o Haiti em janeiro não foi exceção. "Duas semanas após o terremoto, criamos um fundo de ajuda para as bibliotecas no Haiti", disse Michael Dowling, da Associação Americana de Bibliotecas. "Sempre que ocorre um grande desastre internacional, verificamos o que podemos fazer para ajudar."

 

A Associação Americana de Bibliotecas iniciou seu trabalho internacional há mais de um século. Durante a Primeira Guerra Mundial, coletava livros e os enviava aos soldados nas trincheiras na França, disse Dowling. A associação construiu bibliotecas na Europa e no Japão após a Segunda Guerra Mundial, na Armênia após o terremoto de 1988 e na Indonésia e no Sri Lanka após o terremoto e o tsunami de 2004.

 

Até agora, a associação arrecadou para as bibliotecas do Haiti US$ 25 mil em doações de pessoas físicas, grupos cívicos e de jovens, além de empresas, bem como de bibliotecas dos Estados Unidos. O dinheiro arrecadado pela associação ajudará três bibliotecas. Duas delas — Petit Goave e Pyepoudre — são bibliotecas públicas do sistema nacional de bibliotecas. A terceira é uma biblioteca ligada à Faculdade Saint Martial, que abriga documentos históricos que datam da luta haitiana pela independência da França, no início do século 19. De acordo com Dowling, a associação já enviou US$ 10 mil para Petit Goave e outro tanto para Pyepoudre, além de US$ 5 mil para a biblioteca de Saint Martial. O custo da reconstrução da biblioteca Petit Goave está estimado em US$ 350 mil. Segundo Dowling, um grupo de cidadãos da cidade de Nova York também se comprometeu a ajudar e arrecadou mais de US$ 100 mil, que enviou como contribuição para o projeto da biblioteca Petit Goave por meio de um escritório da ONU.

 

"Isso realmente melhora a situação de Petit Goave", declarou. Mas informou que a Petit Goave é uma das cinco bibliotecas do sistema nacional de bibliotecas que foram destruídas.

 

Dowling ressaltou que o Cub Scout Pack 77 em Ridgewood, Nova Jersey, doou US$ 100 e a biblioteca pública Bloomfield Township em Michigan contribuiu com US$ 220. De acordo com a bibliotecária adjunta de Bloomfield, Carol Mueller, a biblioteca organizou dias de traje informal nas sextas-feiras durante vários meses e cobrou doações de US$ 1 dos funcionários que quisessem participar.

 

A Associação Americana de Bibliotecas está em contato com clubes femininos dos Estados Unidos em busca de auxílio para ajudar as bibliotecas haitianas. Os clubes femininos têm "uma longa história de ligação com as bibliotecas públicas dos Estados Unidos. É um modo de elas se religarem à sua história", afirmou Dowling. Ele disse esperar que vários clubes adotem bibliotecas para apoiá-las.

 

Um movimento social de jovens sediado na internet, GreenMyParents, adotou o projeto de ajuda às bibliotecas haitianas em cooperação com a associação de bibliotecas. GreenMyParents ensina as crianças a orientar os pais na adoção de práticas de eficiência energética. As crianças "ganham" dinheiro embolsando o que foi economizado com a redução das despesas com energia. GreenMyParents estimula os jovens a doar parte de seus ganhos para bibliotecas haitianas em um esforço para inculcar nos jovens o valor das doações filantrópicas. GreenMyParents foi lançado em abril de 2010.

 

"Nossa parceria com a Associação Americana de Bibliotecas para engajar milhares de jovens na ajuda à reconstrução das bibliotecas haitianas é um maravilhoso exemplo de nossa missão compartilhada de melhorar a vida das pessoas e de fazer do [nosso] mundo um lugar melhor", disse Jordânia Howard, editora do livro GreenMyParents [TornarVerdesMeusPais].

 

Dowling disse esperar que as contribuições de membros do GreenMyParents comecem a chegar logo, à medida que a economia de energia comece a aparecer nos orçamentos domésticos. "O aniversário do terremoto está chegando, em janeiro. Faremos muita pressão para receber doações nessa ocasião", declarou Dowling. Segundo ele, a associação de bibliotecas está tornando disponível, pela primeira vez, a opção de doações para bibliotecas haitianas por mensagens de texto por comunicação sem fio. "A doação via mensagem de texto tem apelo para a geração mais jovem."

 

O governo dos EUA, por sua vez, contribuiu com US$ 676 mil para ajudar a reconstruir o Instituto Haitiano-Americano, que ensina inglês e abriga a maior coleção de livros em inglês do Haiti. "O Instituto Haitiano-Americano terá uma biblioteca de última geração, com terminais de computador e áreas de pesquisa, além de dezenas de milhares de livros e periódicos", disse Patricia Convery, presidente do Conselho de Administração do Instituto Haitiano-Americano.


Fonte: Clique Aqui
Divulgado por Adriano Lopes - Enviado para "bibliotecarios" em 20/11/2010

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OSWALDO FRANCISCO DE ALMEIDA JÚNIOR

Professor associado do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Estadual de Londrina. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UNESP/Marília. Doutor e Mestre em Ciência da Comunicação pela ECA/USP. Professor colaborador do Programa de Pós-Graduação da UFCA- Cariri - Mantenedor do Site.