BIBLIOTECAS NO METRÔ EMPRESTAM, GRATUITAMENTE, LIVROS POR ATÉ 10 DIAS
Patrícia Villalba
As três horas diárias que o agente de segurança Wellington Ramos da Silva gasta para ir e vir de casa, em Suzano, ao trabalho, na Vila
Wellington diz que - "francamente" - sempre foi um leitor preguiçoso. Mas mudou, depois de namorar uma leitora voraz e catequista, que jogou
O serviço é gratuito e o prazo é generoso - dez dias -, mas o usuário só pode levar um exemplar por vez. Para ser sócio, é preciso levar uma foto 3X4, um comprovante de residência, além de cópias e os originais do RG e CPF. A carteirinha fica pronta em cinco dias, e só com ela é possível retirar o livro.
Os livros são dispostos em vitrines, como numa livraria, de maneira bastante atraente. Foi lá que a professora de dança
Ontem, ainda eram 14 horas, longe do horário de pico, mas os vagões para Itaquera estavam lotados. De pé, mal se equilibrando, a auxiliar
Outro que lê em pé é o metroviário Davi
O projeto Embarque na Leitura é uma boa idéia que faz tremendo sucesso entre os usuários. Implantado com patrocínio da Usiminas e da Eletropaulo, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, está em expansão - ontem foi inaugurada uma nova unidade na Estação Luz. Em quase dois anos de funcionamento, as duas já existentes - Tatuapé e Paraíso - contam com 15 mil sócios, que fizeram 72 mil empréstimos, uma média de 133 livros por dia. "
Campeão de empréstimos já pegou 120 livrosO dentista Alberto Hiroshi Takaynagi, de 64 anos, é o mais assíduo freqüentador da Biblioteca Embarque na Leitura, na Estação Paraíso. Os 2 mil livros que diz ter nas estantes de casa não são mais suficientes e, desde que se associou ao serviço do Metrô, levou outros 120 para casa - é o campeão em retiradas. A grande maioria, romances policiais, com atenção especial também aos best sellers e os romances de aventura. "Tem sido uma oportunidade para conhecer novos autores do gênero policial, porque a crise não está deixando a gente comprar livros novos. Foi lá que eu fui ler Tony Belotto, Tabajara Ruas e Marçal Aquino", conta que, apesar do amor pelos livros, é sócio de uma biblioteca pela primeira vez na vida.
"Eu sempre fui o que se chamava de 'rato de biblioteca', sempre gostei de ler. Mas agora, com a facilidade da biblioteca no Metrô, estou lendo bem mais. Só neste ano, foram mais de 50 livros. Se eu fosse contar isso em reais, ia ficar caro, não acha?", brinca ele, que conta ter lido quase toda a obra de Rubem Fonseca graças à Embarque na Leitura.
Já o escritor campeão na preferência dos sócios das bibliotecas do metrô é Luis Fernando Verissimo - na estação Paraíso, Comédias Para se Ler na Escola é o livro mais retirado; na estação Tatuapé, o posto é de outro livro dele, As Mentiras que os Homens Contam.