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  • Grupo de Pesquisa - Informação: Mediação, Cultura, Leitura e Sociedade - Textos elaborados por membros do Grupo, visando a divulgação de pesquisas específicas realizadas no seio do GP e a disseminação de discussões e reflexões desencadeadas pelos integrantes do grupo.

REFLEXÕES DA PRÁTICA BIBLIOTECÁRIA: VIVÊNCIAS ATRELADAS AO BIBLIOTECÁRIO EDUCADOR

Cíntia Gomes Pacheco

Primeiramente gostaria de iniciar este texto agradecendo por ter a oportunidade de estudar e me dedicar a algo em que acredito, o lado educacional da profissão bibliotecária. O intuito é contribuir para a visibilidade da atuação enfatizando a importância do bibliotecário educador no contexto da formação dos estudantes da educação básica, pesquisa de doutorado em andamento em Ciência da Informação.

É claro que esta é apenas uma reflexão inicial que tende a fluir em outros textos possibilitando novas perspectivas, novos aprendizados e receber o aprofundamento teórico necessário. Sabe-se que a área de estudo da Biblioteconomia e suas áreas correlatas, permitem investigações de ordem mais técnica e, também, as relacionadas às práticas em contextos informacionais diversos, entre eles, ações voltadas aos projetos de fomento à leitura, organização de acervos de documentos e outros suportes de informação; temos também, atividades direcionadas às novas tendências nas formas de acesso e divulgação das informações. Sem dúvida trata-se de uma área com muitas possibilidades de estudo e aplicações devido a sua preocupação com o fenômeno da informação.

A profissão bibliotecária tem um caráter dinâmico, pois cabe ao profissional se aperfeiçoar, aprender novas ferramentas e, principalmente, sair da zona de conforto, permitindo assim, uma atuação mais ativa e visível. Nesta perspectiva, gostaria de compartilhar algumas situações da minha atuação como bibliotecária em que considero fazer parte das atribuições de uma bibliotecária educadora e que podem ser refletidas e adaptadas em outros contextos informacionais.

Fui gestora de biblioteca universitária, portanto uma grande responsabilidade para uma recém-formada em Biblioteconomia com vivência em pesquisa tanto na iniciação científica quanto no mestrado. Na ocasião, me deparei com um acervo fechado, uma equipe de apoio, orientações da bibliotecária anterior e da chefia, somados a muita ansiedade para saber como conduzir o meu trabalho da melhor forma possível e, somado a isso, o medo por ser a minha primeira experiência de trabalho. Enfim, nesta experiência constatei nos primeiros dias como bibliotecária, que os seminários, os trabalhos de disciplinas e os relatórios de pesquisa propostos durante a minha formação contribuíram para ter as condições iniciais para expor ideias, planos, ações e projetos aos meus superiores e para minha equipe.

Outro ponto relevante que vale ser compartilhado, era o fato de todo início de semestre ser realizado um evento de acolhida para os novos alunos, em que todos os setores da faculdade se apresentavam; a biblioteca fazia parte do tour, em que eram divulgadas visitas orientadas ao espaço e oferecidas algumas orientações nas salas de aulas sobre os materiais, alguns serviços, produtos e sobre os recursos tecnológicos disponíveis na biblioteca. Estas ações oportunizaram com que grupos se interessassem e procurassem pela biblioteca, o que levava a comentários entre os seus colegas de seus grupos pessoais e, assim, mais interessados no espaço.

Outra ação que pode ser considerada como um bom instrumento de avaliação da biblioteca visando feedback e melhorias, são os indicadores gerados pelo sistema de controle de acesso aos itens do acervo, entre eles, a estatística dos empréstimos dos itens, quais itens foram buscados por cada grupo; além disso, também eram realizadas pesquisas de satisfação, ofertadas oficinas, minicursos, o espaço físico era aberto para exposições,  apresentações de banners de trabalho de conclusão de curso, eram feitos convites para bate-papo com professores, pesquisadores, escritores e pessoas de destaque da região do entorno da biblioteca.

Portanto, estas ações são uma ótima oportunidade de aguçar a curiosidade, despertar interesse e proporcionar novos conhecimentos para a comunidade usuária da biblioteca. Vale mencionar também que existe um número expressivo de pessoas que têm o primeiro contato com a biblioteca durante a faculdade. Desse modo, é uma grande responsabilidade para biblioteca, bibliotecários e assistentes trazer à tona as potencialidades deste espaço que é muito maior que o aspecto físico e suas estantes.

Nos bastidores da biblioteca, existem as atividades de preparo dos itens do acervo, listas de compras, lançamentos, acompanhamentos, conferências, catalogação, indexação, o processo de etiquetar e disponibilizar para o acesso. O acervo da biblioteca deve estar organizado e seguir uma lógica de classificação dos seus itens, este trabalho deve atender a demanda informacional dos usuários da biblioteca. Neste sentido, todas ações que promovam os produtos, os serviços e os recursos devem ser divulgadas e exploradas pela comunidade usuária. Portanto, revela-se a notoriedade no processo de divulgação do que é ofertado e suas potencialidades, seja por meio da exposição dos itens, seja na conversa durante o atendimento ao usuário ou na ação instrutiva de busca por informações.

Confere-se, portanto, nestes apontamentos que à atuação bibliotecária compete várias atribuições que vão desde a gestão, perpassando o processamento técnico e chegando ao atendimento. Todas as etapas mencionadas são mediadas pelo bibliotecário, profissional capacitado e indicado para gerir e atuar em unidades de informação de qualquer tipo. Além das atribuições mencionadas cabe também, neste rol de atividades, o lado educador, pois é quando ensinamos que promovemos alterações, modificações que visam trazer um novo olhar ou novos olhares para produção de conhecimentos, novos questionamentos e novas buscas de informação.

O bibliotecário educador incentiva a busca por informação através da consulta às variadas fontes de informação, ou seja, livros, artigos, bases de dados, repositórios e outras manifestações de informação. Além disso, orienta em como mencionar as fontes de forma ética e responsável, como apresentar textos seguindo orientações das normas, promove ações culturais, de fomento à leitura, promove ações de competência em informação para lidar com a informação, propicia a apropriação de conhecimentos pelos usuários.

Este é um pequeno relato que visa contribuir para a noção de uma biblioteca com seu lado educador. A intenção foi refletir este aspecto da atuação de forma a acentuar sua importância a partir de uma postura profissional ativa, que promova experiências, encantamentos pelas possibilidades do universo informacional e que conduza para aprendizados e condições para uma formação cidadã.

Cintia Gomes Pacheco - Mestra e doutoranda em Ciência da Informação pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação - PPGCI UNESP Marília. Bacharel em Biblioteconomia pela UNESP/Marília. Membro do grupo de pesquisa Informação: Mediação, Cultura, Leitura e Sociedade. Membro do grupo de pesquisa: Informação, Conhecimento e Inteligência Organizacional. Membro do grupo de pesquisa: Competência em Informação e Processos Inter-relacionados. Bolsista pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).


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