ONDE ESTAMOS?
Poderíamos parafrasear o bibliotecário como um profissional a procura de um rótulo. Esse grave problema identitário já foi discutido em diversos textos que propõem fórmulas e receitas para que, em um passe de mágica, a solução, a despeito de qualquer processo, viesse à tona.
Há muito tempo se discute, entre bibliotecários, qual o perfil que deve ter o profissional para ser atuante e protagonista na “era da informação”. E mais: se de fato com o advento da era da informação a nossa área de atuação ganhou maior abrangência e nos tornamos posto chave dentro do quadro de profissões
A mudança de nome dos cursos de biblioteconomia foi um sintoma evidente dessa preocupação, carregada de formalismo e sempre em detrimento de um conteúdo que efetivamente mude o rumo do fazer profissional e da produção cientifica produzida.
Alguns fatores devem ser levados em conta: a relação entre mundialização e o poder e da informação, o deslocamento da produção de conhecimento, as propriedades recombinantes do uso da informação e o impacto que essa incide no indivíduo e nos grupos.
O aumento da circulação de informações dentro das velhas e novas mídias é crescente, mediação e gestão da informação são essenciais, o que não garante que os espaços tradicionais, que supostamente concentram essas informações, sejam o lugar ideal para atender essa demanda.
A partir desse raciocínio, discutir a relevância desses espaços é o primeiro passo para iniciar o diálogo e sua consequente transformação.
O “agente da informação” deve trabalhar com foco nos suportes e conteúdos informativos ou nas pessoas que deles necessitam? Se a resposta for com os dois, onde que se estabelece essa relação de forma concreta? O pilar de um centro de informações é o seu acervo ou são seus usuários?
Aparentemente são esses fatores indissociáveis, e essa pergunta pode soar descabida, mas a prática nos leva a crer que não. A falta de diálogo entre essas partes, não falo aqui de qualidade e totalidade, é causa das maiores distorções e anacronismos presentes, e nem sempre são vistas como um problema objetivo a ser superado.
Em primeiro lugar o que representa a era da informação? A informação e o conhecimento produzido a partir dela, até onde sabemos não é um elemento novo na vida da humanidade.
A distinção entre informação e conhecimento é muito tênue, as informações não ficam soltas no ar e elas são processadas assim que a recebemos. Mas há uma diferença entre ambas nos usos e nas relações que se seguem logo após a recepção.
A produção de conteúdo informativo e a sua relação com a produção de conhecimento é o grande dilema a ser desbaratado sem cairmos nas interpretações mecanicistas e esquemáticas.
O instante exato onde se apresenta a importância de um profissional da informação é justamente o espaço entre a recepção e processamento da informação por parte daquele que a procura, e é ai que ele deve se fixar como agente ativo e participar no processo de construção do conhecimento.
Portanto a mediação da informação deveria ser o principal foco de interesse e expansão do profissional da informação, em detrimento de nomes de prédios, de cursos universitários e de jargões vários criados.
O assunto não encerra nessas premissas, há espaço para várias discussões...