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ISIDORO DE SEVILHA E EU


Avant-propos

Esta pequena crônica não tem a ver com crenças religiosas, mas com lembranças, com a história cultural e, principalmente, com minha história pessoal

Amarcord...

Lembro-me que quando era criança, e até mesmo adolescente, esperava ansiosa meu pai chegar em casa, lá pelo dia 15 de dezembro, com a folhinha do Sagrado Coração do novo ano. Conhecem a folhinha? É uma mistura de calendário com almanaque. Religioso e pagão. Vale a pena verificar.

Bom, eu ia ansiosa procurar o meu dia e dava de cara, todo ano, com um tal de Santo Isidoro. Naquela época eu não sabia, ainda, que os santos dos dias são fixos, eternos. Isto é, que eu teria que conviver com Santo Isidoro até o fim dos meus dias. Indignação! Não poderia ser um santo mais luminoso como Santa Clara, Santa Luzia? Ou sonoro como Santa Cecília? Ou Isabel. Ou mesmo as variações de Isabel: Isabela, Elisabeth, Lisbeth? Quem sabe um doutor da Igreja: Teresa de Ávila, Tomás... Ou a que me dá o nome: Terezinha de Lisieux? Que tal o Francisquinho, o ecológico, o belo dos passarinhos? Poderia ser até Santo Antônio, São Pedro ou São João que eu não me importaria. Mas Santo Isidoro não!

O máximo de variação era o meu dia cair na Endoenças, na Paixão, na Aleluia ou na Páscoa. Mas isto era difícil. E lembro-me bem que tive mais Paixões e Endoenças que Páscoas. Quanto a cair na Aleluia não fazia muita diferença, porque Aleluia é um dia bobo, nem alegre, nem triste.

Mas Santo Isidoro era muita maldade. Isidoro, embora rime, não me era nada sonoro.

Além disto, havia na TV daquela época um programa chamado "Luta Livre" que tinha um juiz ladrão chamado Isidoro de Calha (esta é a grafia que me parece mais correta para o nome que eu ouvia da voz do locutor). Esse tal Isidoro de Calha, que eu achava um canalha porque acreditava serem aquelas lutas verdadeiras, roubava tanto e fazia os lutadores "bonzinhos" como Ted Boy Marino apanharem muito antes de vencerem os "maus".

Mas descobri duas coisas sobre o tal Santo Isidoro. É o que quero partilhar com vocês.

Por pura coincidência, descobri que o meu detestável Isidoro, o santo, é o adorado, idolatrado, salve-salve, Isidoro de Sevilha que compilou, no século VII as famosas Etimologias, uma enciclopédia (embora não leve este nome) de 20 volumes. E mais, isto foi muito, muito antes do feito de Diderot e D'Alembert, no século XVIII.

O bispo Isidoro, era visigodo e celebrava ritos em mozárabe, misturando danças e músicas que ele mesmo compunha.

Descobri ainda que Isidoro deve ser proclamado (não sei se seria esta a expressão correta), o protetor da Internet e dos internautas.

Além disto, para meu deleite e orgulho, Isidoro de Sevilha foi declarado doutor da Igreja no século XVIII.

Não é mais preciso ter vergonha do santo do meu dia.

(Terezinha Elizabeth da Silva em 07.09.2001)

Se tiverem tempo, visitem o site do santo. Não é muita coisa, mas...
Site do Santo


Autor: Terezinha Elizabeth da Silva

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OSWALDO FRANCISCO DE ALMEIDA JÚNIOR

Professor associado do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Estadual de Londrina. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UNESP/Marília. Doutor e Mestre em Ciência da Comunicação pela ECA/USP. Professor colaborador do Programa de Pós-Graduação da UFCA- Cariri - Mantenedor do Site.