GERAL


CRIADO NA UNESP O "FLEX LIVRO" BRASILEIRO


Sueli Mello

 

Com 29 cm de comprimento e 17 cm de largura, o protótipo desse computador portátil, originalmente idealizado para ser usado por estudantes, é pouco menor que um caderno universitário: pesa apenas 450 gramas com sua bateria básica mais barata, que oferece autonomia de carga para 48 horas. Dotado de processador RISC de 400 MHz, 128 MB de memória RAM, display colorido de alta resolução, 1 GB de capacidade interna e conectividade wireless (sem fio) e por cabo, ele foi desenvolvido no Laboratório de Tecnologia da Informação Aplicada (LTIA), ligado ao Departamento de Computação da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Bauru, no interior de São Paulo.

 

Embora pequeno e de baixo custo (US$ 250 em sua versão mais simples), é capaz de realizar várias tarefas com os aplicativos mais usados: navegador de Internet, programa de mensagens, editor de texto, leitor de PDF e e-books, reprodutor de MP3 e Vídeos (MPEG2), acesso como terminal remoto de um PC, compartilhamento de arquivos, suporte a objetos educacionais, além de outros aplicativos para Windows. Acessa a Internet sem fio e a rede de dados utilizada pela telefonia celular tradicional, conhecida como GPRS e poderá ser utilizado como um e-book, e-movie e e-apostila, além de outros usos educacionais.

 

O projeto, que recebeu o codinome Cowboy, para facilitar a troca de informações sigilosas entre os pesquisadores envolvidos nesse trabalho, foi idealizado por Daniel Igarashi, 24 anos, aluno de mestrado em Ciência da Computação daquela universidade, na área de Arquitetura de Computadores, com a orientação do professor Eduardo Morgado, coordenador do LTIA.

 

A proposta era criar um dispositivo de baixo custo, com tecnologia nacional, capaz de atender as necessidades computacionais básicas de usuários que não têm, não querem ou não precisam de todos os recursos que os computadores atuais são capazes de oferecer; mas sem a intenção de ser um sub-PC ou competir com o espaço onde os notebooks “normais” estão cada vez mais presentes. “A nossa criatividade foi usar como ponto de partida, para desenvolvimento desse projeto, uma plataforma de embarcados – aquela sobre a qual se constroem PDAs (Portable Devisce Assistans, ou computador de mão) e Smart Phones. Não usamos as plataformas de PC como ponto de partida. O processador do protótipo é um processador de embarcado”, destaca Morgado.

 

Por semelhança de uso, seus criadores entendem que ele poderia ser classificado como um “super-PDA” (computador de mão), porém dotado de um teclado de PC e com uma proposta inovadora de interface, muito envolvente e de “computação confortável”. Essa “computação confortável”, explica Igarashi, é um conceito novo cunhado pela equipe do LTIA, que consiste numa navegação mais simples, organizada e intuitiva. Dispensa, por exemplo, o uso do mouse para operação, pelo fato de qualquer de seus aplicativos poderem ser acionados com o toque de apenas duas teclas. No caso dos usuários serem acostumados com o mouse, o Cowboy possui duas entradas USB auxiliares que possibilitam a conexão de um mouse USB (que custa cerca de R$ 10) ao dispositivo.

 

Outra facilidade enquadrada nesse conceito é a possibilidade de uso flexível: o display pode ser movido tanto na horizontal quanto na vertical, permitindo a leitura em ambas as posições. Quando aberto, pode ser usado de maneira semelhante ao do notebook comum. Deitado, permite a leitura e navegação confortável em qualquer situação de uso. E fechado torna-se compacto e conveniente para ser levado a qualquer lugar.

 

Foram considerados ainda na sua construção aspectos saudáveis e ergonômicos: além da leveza do equipamento, o display de LCD não emite os mesmos tipos e intensidades de radiações emitidas pelos monitores de raios catódicos (prejudiciais aos olhos e à pele). No entanto, ressalvam os pesquisadores, ainda não foram feitos testes em larga escala nem com a participação de especialistas em medicina ocupacional. “A ergonomia que propusemos foi a partir de uma observação simples de diversos consoles de jogos portáteis que adotam esse modelo. Isso realmente ajuda a navegação em menus complexos, como os dos jogos eletrônicos modernos”, explica Igarashi.

 

Apesar de dotado de potência menor que a de um PC convencional, o Cowboy possibilita acesso a outros PCs ou servidores por meio de um sistema de conectividade, “conversando” com outros dispositivos sem necessitar de uma configuração adicional. Isso será possível porque o protótipo foi dotado de uma tecnologia conhecida como UPnP (Universal Plug and Play), uma tendência da indústria de eletrônicos, que permite a conexão entre dispositivos de uma forma mais amigável.

 

O projeto da Unesp foi elaborado durante um ano e exigiu investimentos de aproximadamente R$ 80 mil da universidade. Contou com o apoio das empresas parceiras Texnequip e Mstech, que ofereceram apoio tecnológico onde o domínio técnico era restrito, e ainda da Microsoft, que ofereceu cursos e suporte para entender e modificar o sistema operacional Windows CE 5.0. “Acredito que ele é um dispositivo típico dessa era de convergência que se aproxima. É mais importante sua capacidade de MP3/MPEG e de exibir e-books do que sua capacidade de escrever textos. Ele pode ser o considerado ‘livro eletrônico brasileiro’, ou melhor, o ‘flex-livro’ brasileiro”, opina Igarashi.

 

A esperança do professor e do aluno é conseguirem mais um parceiro, dessa vez na indústria, que os ajude a dar os próximos passos ligados à produção, distribuição e posicionamento do produto no mercado. Outra expectativa é que o custo seja mais baixo que o estimado pelos estudos que realizaram, equivalente aos gastos que uma família ou o governo têm com material escolar no início do ano letivo. Porém, o Cowboy seria comprado uma única vez e duraria de quatro a cinco anos.

 

Ainda segundo os pesquisadores, o novo dispositivo poderá ser o de maior índice de nacionalização no país e o único que ao ser exportado gerará patentes de hardware e software para o Brasil. “O Cowboy quebra paradigmas e apostamos nisso para levantar a bandeira de inovação brasileira”, conclui Morgado.

Fonte: Clique Aqui
Divulgado por Eliana Mora – Enviado para “3.setor” em 12/01/2007

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OSWALDO FRANCISCO DE ALMEIDA JÚNIOR

Professor associado do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Estadual de Londrina. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UNESP/Marília. Doutor e Mestre em Ciência da Comunicação pela ECA/USP. Professor colaborador do Programa de Pós-Graduação da UFCA- Cariri - Mantenedor do Site.