ATIVIDADES EM BIBLIOTECAS


  • Apresentar experiências e exemplos de atividades desenvolvidas em Bibliotecas.

FASTCAT E LIVROS NAS ESTANTES

Esta não é uma atividade, mas uma ação dentro do Serviço Técnico das bibliotecas. Também não é um serviço preparado para ser reproduzido periodicamente. No entanto, ele atinge diretamente o usuário.

Mais uma vez trago uma experiência vivenciada por mim na biblioteca da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (EAESP/FGV).

Tínhamos naquela época – começo dos anos de 1980 -, parados no Serviço Técnico, aproximadamente 6.000 livros. O setor contava com uma bibliotecária chefe e mais 4 outros bibliotecários, sendo que um destes atuava apenas meio período; além disso, alguns técnicos também faziam parte do corpo de funcionários. Dos 4 bibliotecários, 2 atuavam na classificação e dois (entre eles o que trabalhava meio período) na catalogação.

Por mais que trabalhássemos não conseguíamos preparar mais do que 400 ou 500 livros por mês. Em uma simples conta, um ano ou pouco mais seria tempo suficiente para enviar para o acervo todos os livros parados no setor. O problema é que a biblioteca, em momentos de vacas gordas, comprava mais do que os 400 ou 500 que conseguíamos preparar. Assim, mensalmente, os 6.000 parados, ao invés de diminuir, crescia. O trabalho técnico seguia uma ordem de prioridade que havíamos determinado, indo do “0”, maior prioridade, ao “3”, menor prioridade. Livros indicados pelos professores como leitura básica de disciplina era incluído na prioridade “0” e os livros adquiridos por iniciativa e decisão da biblioteca visando enriquecer o acervo ou sugeridos por alunos, eram identificados com a prioridade “3”. Entre essas prioridades, estavam os livros de leitura complementar de disciplinas, livros para atender demandas de grupos de pesquisa etc.

Isso se tornou, claro, um problema que precisávamos resolver, pois os materiais parados no setor não eram acessados pelos usuários da biblioteca. Alguns desses livros, principalmente os doados, eram mais antigos, embora importantes, mas os adquiridos por compra, eram muito recentes e nós queríamos que eles estivessem disponíveis.

Outro problema é que nós bibliotecários que atuávamos no setor, todos os dias convivíamos com aquela quantidade de livros nas estantes da sala. Pensávamos: vamos nos aposentar e não conseguiremos preparar esses livros. É frustrante.

Alguém – não lembro exatamente quem – sugeriu um trabalho que ela havia lido ou conhecido que visava tornar mais rápida a ida dos materiais que estavam na sala de Processamento Técnico para o acervo. O nome do trabalho: FastCat.

Como ele funciona?

Uma única ficha de autor, com dados básicos é preparada para cada livro. No caso da FGV de São Paulo o setor de Aquisição encaminhava junto com o livro comprado ou doado, uma ficha para posterior prestação de contas. Hoje, claro, muitas bibliotecas trabalham automatizadas e isso já é feito pelo sistema. Na época, a recuperação do livro - incluído no trabalho de FasCat – se utilizando os catálogos de público era feita apenas pelo sobrenome do autor. Nos sistemas atuais, a reprodução das entradas pode ser feita automaticamente pelo sistema e esse problema é solucionado.

A classificação é feita de maneira rápida e apenas utilizando, no máximo, as três primeiras divisões dos códigos decimais (CDD ou CDU), ou seja, não há classificações específicas. Isso facilita o trabalho dos classificadores, pois, contando com a experiência deles, a inclusão do livro nas principais divisões dos códigos é feita rapidamente.

Assim, o livro terá seus principais dados incluídos no sistema, sua classificação será mais geral e os livros serão inseridos nas estantes no começo de cada grande classe e as duas primeiras divisões delas.

Com o tempo o livro voltará a ser analisado tecnicamente e receberá um tratamento mais adequado.

Com essa ação os usuários terão acesso a todos os livros mais recentes adquiridos pela biblioteca, quer comprados, permutados ou recebidos como doação, embora a localização deles possa não ser a ideal.

A biblioteca deve divulgar essa novidade em todos os espaços que possua para isso. É importante que a propaganda seja a mais ampla possível. O Serviço de Referência e Informação, no atendimento individual, sempre indicará e utilizará como estratégia de busca essa ação desenvolvida pela biblioteca. O empréstimo desse material seguirá as políticas constantes nos regulamentos e se utilizará de formas apropriadas para o seu controle.

O importante é que os materiais, mesmo que de maneira não totalmente apropriada, possam ser utilizados pelos usuários, pois, na maioria das bibliotecas, os livros em espera de processamento técnico não são disponíveis para uso, consulta e empréstimo.

A experiência que vivi com essa ação foi extremamente bem sucedida. Os usuários manifestavam o acerto da iniciativa não só nos atendimentos formais, nas conversas informais como no uso frequente desses materiais.


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OSWALDO FRANCISCO DE ALMEIDA JÚNIOR

Professor associado do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Estadual de Londrina. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UNESP/Marília. Doutor e Mestre em Ciência da Comunicação pela ECA/USP. Professor colaborador do Programa de Pós-Graduação da UFCA- Cariri - Mantenedor do Site.