LITERATURA INFANTOJUVENIL


JÁ QUE É TEMPO DE CARNAVAL VAMOS BRINCAR?

Não é preciso definir o carnaval, pois é uma festa tão popular em nosso país, que mesmo as crianças em sua linguagem simples saberiam explicar. Sei também que correrei o perigo... Melhor dizendo: vou correr o risco, vou ser saudosista mesmo!

 

Cadê o espaço para o carnaval das crianças? Cadê as músicas destinadas a elas? Não quero aqui avaliar se o carnaval é bom ou se é ruim. Eu curti muito o carnaval durante grande parte da minha vida e foi muito divertido. Talvez a explicação fosse porque as crianças tinham seu espaço respeitado. Bom, esse fenômeno não está ocorrendo apenas no carnaval, as crianças estão perdendo, a cada dia, espaços para brincar livremente, como os quintais, as praças e as ruas. Muitas delas, em especial as que moram nos grandes centros, passam grande parte do seu dia em edifícios sem “play-ground” e estudam em escolas com espaços reduzidos; “[...] sem poder brincar livremente pela cidade, a criança perde não apenas o espaço físico, mas, sobretudo altera estruturalmente suas condições de produzir e de se relacionar com a cultura, com a sociedade, com a vida política” (PERROTTI, 1990, p.92).

 

Você deve estar perguntando que formato era? A resposta é que era folia, era folguedo e não importava se havia disfarce ou máscara. Existia a música que contagiava. As crianças brincavam e se divertiam e não perdiam tempo com brigas e empurrões.

 

Mas chega de pieguice, percebo que cada vez menos as crianças vão aos salões dançar. Então se você quer outra opção para o feriado de carnaval, reúna as crianças e faça uma “Roda de Trava-línguas”. Parece careta, né? Seja careta! O bom é ser diferente!

 

Trava-línguas é uma modalidade de parlenda (conversamos a respeito disso no mês passado) que se caracteriza pela dificuldade em pronunciar um grupo de palavras com rapidez, fazendo a tentativa de não tropeçar.

 

Assim como a parlenda da Vaca Amarela (ver coluna do mês passado), pode ser um instrumento de silenciar crianças, uma trava-línguas já me serviu para aquietar, no ano passado, uma turma muito agitada que aguardava o início de uma peça de teatro infantil.

 

Como assim?

 

Fui com meu sobrinho Pedro, na época com quatro anos, assistir um espetáculo. Enquanto não se iniciava a apresentação, comecei a brincar com o nome dele, para ver se o tempo passava mais rápido. Tirei da memória a seguinte trava-língua:

 

Se o Pedro é preto,

o peito do Pedro é preto

e o peito do pé do Pedro é preto.

 

Imediatamente começamos uma competição, competição que eu sempre perco, pois quando estou sobre pressão minha dicção é péssima. Ele satisfeito repetia a trava-língua no ritmo que ele conseguia. Logo as crianças que estavam ao redor entraram na Roda e foi mais fácil agüentar a espera.

 

Existe uma infinidade de trava-línguas espalhados em livros didáticos, folhetos e suplementos de jornais para crianças, mas o livro que eu mais gosto é: “O livro do trava-língua”, de Cecília Vicente de Azevedo Alves Pinto (Ciça), publicado pela Editora Nova Fronteira e é dele que extraio alguns exemplos para você se divertir:

 

O pinto pia

a pipa pinga.

Pinga a pipa,

o pinto pia.

Pinto pia,

pipa pinga.

Quanto mais

o pinto pia

Mais a pipa pinga.

 

Três pratos

de trigo

para três tigres

tristes.

 

- Alô o tatu taí?

- Não o tatu num tá.

  Mas a mulher do tatu tando,

  É o mesmo que o tatu tá.

 

 

Existem outras que eu vou coletando pela vida e se você conhecer alguma me manda, pois eu e as crianças que moram em mim, agradecemos.

 

Quando digodigo

Não digo Diogo

Quando eu digo Diogo

Não digodigo.

 

 

Digo Tchau!

 

 

Sugestão de Leitura:

 

PERROTTI, Edmir. Confinamento cultural, infância e leitura. São Paulo: Summus, 1990. (Coleção novas buscas em educação, v.38).

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SUELI BORTOLIN

Doutora e Mestre em Ciência da Informação pela UNESP/ Marília. Professora do Departamento de Ciências da Informação do CECA/UEL - Ex-Presidente e Ex-Secretária da ONG Mundoquelê.