AGORA, A LUTA
Temos que ser protagonistas,
pois são nossos os caminhos
do futuro.
Também são nossos os caminhos
do agora.
Não vamos nos acovardar.
Não vamos deixar
que digam o que queremos,
que determinem nossas necessidades,
que imponham suas ideias,
que escrevam nosso destino.
Querem nos legar uma história
que não é nossa.
A passividade imposta
nos impede de lutar.
A subserviência
parece constituir nossa conduta.
Somos alvo do desejo de outros.
Parece que somos poucos,
nos dizem que nada podemos.
A dor, a fome, a sede, são reais.
Trazemos no corpo
histórias de sofrimento,
Trazemos na alma
culpas imputadas.
Indiferença para com nossos,
poucos e pequenos,
pedidos,
menosprezo é a resposta
para nossas reivindicações.
Já nos ajoelhamos demais.
Somos bandidos, marginais,
pobres, mendigos, sujos,
vagabundos, contestadores,
subversivos, inconformados,
terroristas, guerrilheiros.
Somos a malta, a plebe,
o povaréu, a ralé, a escória,
a massa, os ignorantes,
os rudes, os analfabetos.
Se não o modificarmos,
nossa sina será o sistema,
nosso assassino será o sistema.
Mesmo entorpecido,
nosso corpo ainda vive.
Mesmo entorpecida,
nossa mente ainda vê,
nossa alma ainda entende.
Mesmo um fiapo,
mesmo em uma fresta,
há esperança.
Resta-nos a guinada,
a transformação,
resta-nos a luta.