SALVE, LEITOR
Salve, leitor,
Que tenha você vida longa.
Que tenha você vistas boas
Para poder ler muitos textos,
Contos, romances, ficção.
Se não, há brailes e ouvidos.
Que você tenha bons ouvidos,
Para ouvir causos, histórias,
Acontecimentos, ocorridos.
Ou ouça em libras.
Que você tenha vontade e desejo,
Para refletir, pensar, inquirir,
exigir explicações, verdades,
cobrar justiça, realidade.
Que você tenha boas mãos,
Para poder virar páginas de livros,
Para poder reescrever
O que foi escrito por outros.
Para poder reeditar, com seu
Entendimento, o que foi dito,
E dar sua versão da história,
E assimilar a sua própria compreensão.
Que você tenha bons dedos,
Para poder apontar erros e acertos,
Lacunas, omissões, inverdades.
Sem mãos ou dedos,
Aponte gritando, erguendo a cabeça,
Se impondo.
Salve-se, leitor,
De textos bobos, frouxos.
Do que não lhe apetece.
De textos chatos e incompreensíveis
De livros que nada dizem, nada falam.
Salve-se, leitor,
De críticos que só pensam em si mesmos,
Que só divulgam o que gostam,
Que esquecem os desejos dos leitores.
Salve-se, leitor,
Do autor que se ufana do próprio umbigo,
Do autor egoísta,
Do autor narcisista,
Do autor dogmático,
Que se acha sábio e dá conselhos.
Salve-se até mesmo
Desta poesia.
Salve-se, leitor,
De ter que ler tudo,
De só ler best-sellers,
De gostar de autor que não gosta.
Salva-se o leitor,
Dele mesmo, de escolhas ruins.
Ele também é culpado
Pois reescreve,
Pois é co-autor.
Dane-se o leitor
Quando não quer ler,
Quando lê o imposto,
O produto de marketing,
Só o que é divulgado,
Só o que está na moda.
Salve-se do dane-se e
Viva a leitura, viva o livro.