TROPECEI NA BIBLIOTECONOMIA
Tropecei na Biblioteconomia.
Nem tanto, vivia em bibliotecas,
sempre um ou dois livros na mão.
Na minha vida, livros e informação,
busca, sempre, do conhecimento,
ou melhor, no plural. Ele não é único.
É único, mas múltiplo.
Construí meu conhecimento
em livros, falas, olhares, sons,
movimentos, acontecimentos,
exemplos, enfim, na própria vida.
A vida se constitui do que leio e vivo.
Leitura de vida, leitura de mundo.
As bibliotecas são cheias de vidas,
as dos livros e as dos que a buscam,
as que buscam a troca de vida,
conhecer vidas para conhecer a sua.
Não é possível saber as vidas,
nem a minha, nem as dos outros.
A vida está, mas não está nos livros,
a vida está, mas não está no corpo.
A vida é troca, escambo, negociação.
Está na biblioteca, nos Bibliotecários,
nos usuários, nas estantes, nos espaços,
nos corredores, nas prateleiras,
nas janelas, nas pessoas das ruas.
Biblioteca mostra a vida, as pessoas.
Biblioteca interfere na vida das pessoas.
Interfere na própria vida.
A biblioteca, assim como a vida,
não pode ter barreiras, limites,
não pode ter paredes, espaços fechados.
A vida, assim como a biblioteca,
não se faz só do que é visível,
material, tangível, mas também
do que é imaterial, intangível.
Vida e biblioteca se misturam,
se mesclam, se imbricam, vivem.
Tropecei na Biblioteconomia,
cai na biblioteca, cai na vida.