NEM NUNCA
E aqueles que andam
sentem pouco.
Sentem somente o
desejo do domingo, o
desejo da madrugada
do sábado.
Sentem que o sapato
aperta.
Sentem o desejo de ir,
mas não hoje,
nem amanhã,
nem nunca.
Descer e procurar
e encontrar
e viver.
Mas não hoje,
nem amanhã,
nem nunca.
E os que andam,
sentem enojados
o cheiro do suor
do outro,
mal acreditando no
seu próprio cheiro.
Sentem o almoço
do domingo;
a cama da noite
passada;
sentem que as pernas
doem e que
a vizinha está
grávida.
Descer e procurar
e encontrar e
viver.
Mas não hoje,
nem amanhã,
nem nunca.