PEDAÇO QUE SE VAI
Supera a minha carne
aquilo que já não tenho.
E o que detenho é tão pouco
que, feito louco, a isso me agarro
e me envolvo.
Esperar e esperar o que vier.
Sentir e sufocar, na saudade,
o que já foi. O presente passa
ao largo sem a mínima
intenção de parar.
Participar ou partir? Talvez sentir
que a cada passo a sede aumenta
e que o corpo nega em continuar;
que a cabeça mingua a cada
pedaço que se vai.