LITERATURA INFANTOJUVENIL


DEWEY, O GATO DA BIBLIOTECA

Nós que fizemos o curso de Biblioteconomia em décadas passadas nos apropriamos de conhecimentos sobre Melville Dewey e seu Sistema de Classificação Bibliográfica na força bruta. Falo isso porque não havia todo esse aparato tecnológico para facilitar a nossa vida. Então, os aspirantes a bibliotecário tinham que carregar no muque aqueles pesados volumes azuis; e no meu caso, que não dominava o inglês, era necessário acrescentar um dicionário.

A Tabela de Classificação Decimal de Dewey (CDD) composta de 3 volumes (se não me falha a memória!) custava caro, pois era importada. Ouvíamos rotineiramente a recomendação de sua preservação. Lembro-me com clareza o dia em que uma colega de sala, sempre muito elegante em seu sapato de salto alto ao levar a Tabela emprestada para estudar, escorregou... caiu, mas numa rapidez incrível no mesmo instante já estava em pé com um sorriso apertando os volumes, como se carregasse um bebê nos braços.

Não é desse Dewey que gostaria de falar, pois apesar de saber que sua contribuição ainda é basilar para a organização temática das bibliotecas... depois de ler tantas denúncias de que ele, além de assediar mulheres, tinha posturas preconceituosas contra judeus e pessoas afro-americanas, trago no coração um sentimento de decepção. Assim, apesar da alergia prefiro falar de outro Dewey.

Dewey, o gato da biblioteca é o título de um livro infantil que ganhei da minha amiga-bibliotecária Eliane Jovanovich. O livro é lindo desde a capa:

 

 

Nunca imaginei que um gato fosse tão fofo! Nunca pensei que um dia acharia um gato fofo, principalmente com rato ao seu lado.

O livro narra a história de Dewey um gato que, em uma noite muito fria, foi deixado em uma biblioteca. Aos poucos Dewey foi explorando o espaço tão cheio de coisas interessantes. Coisas que não superavam o prazer de estar com pessoas, em especial, as pequenas. Quando descobriu as miniaturas de gente, isto é, os bebês, Dewey ficou muito surpreso. Surpreso também foi descobrir a sala de hora do conto para crianças: “Pelos meus bigodes, isso parece divertido!”

Certo dia o gato ouviu um suspiro profundo e viu que era uma menina completamente envolvida em sua leitura. Ele se aproximou e para chamar sua atenção, entrou em sua jaqueta. A menina, no mesmo instante, se encantou e disse: “Eu te amo, Dewey Leia Mais Livros!”.

Isso bastou para que o gato se sentisse oficialmente um gato de biblioteca e isso – “Era...miau-gnífico!”

Quero destacar que os autores dessa obra são Vicki Myron e Bret Witter e a ilustração primorosa é de Steve James. Com ela o ilustrador apresenta uma bibliotecária/atendente que não usa óculos, nem coque, portanto não é estereotipada.

Sugestão de Leitura:

MYRON, Vicki; WITTER, Bret. Dewey: o gato da biblioteca. São Paulo: Globo, 2011.


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SUELI BORTOLIN

Doutora e Mestre em Ciência da Informação pela UNESP/ Marília. Professora do Departamento de Ciências da Informação do CECA/UEL - Ex-Presidente e Ex-Secretária da ONG Mundoquelê.