LITERATURA INFANTOJUVENIL


BENÇÃOS PARA OS EDITORES!

Desde 2001 em minha dissertação de mestrado já afirmava: “podemos considerar como mediadores de leitura, os familiares, os professores, os bibliotecários, os editores, os críticos literários, os redatores, os livreiros e até os amigos que nos emprestam um livro ou indicam um CD-ROM e uma página literária na Internet.”

 

Desses mediadores, hoje quero destacar os editores. Assim, vou falar deles nessa Coluna.

 

Os assuntos: editora, editoração e editores sempre me encantaram e quando encontro biografias de editores não resisto, leio páginas e páginas compulsivamente. Entre os livros que li e não esqueço nunca, estão: José Olympio o descobridor de escritores e Monteiro Lobato furacão na Botocúndia.

 

Tanto um editor quanto o outro enfrentaram inúmeras dificuldades para concretizar os seus sonhos, isto é, publicar textos com qualidade literária.

 

Por isso e outros fatores são admirados. José Olympio, por exemplo, é exaltado por Walmir Ayala que se refere a ele da seguinte forma: “José Olympio: a Literatura viva”. (10 de dezembro 1966)

 

Dele Guimarães Rosa fala: meus “[...] livros tiveram sorte. Encontraram editor inteligente, corajoso, e amigo admirável, o grande José Olympio [...]” (VILLAÇA, 2001, p. 135).

 

A carreira do editor Monteiro Lobato foi rodeada de obstáculos, criou e desativou várias editoras, mas persistiu em seu ideal. Segundo Carmem Lucia de Azevedo, Marcia Camargos e Vladimir Sacchetta, no Editorial da Revista do Brasil, São Paulo, n. 47, nov. 1919 Lobato escreve:

 

Há por aí inúmeros artistas populares abafados, asfixiados pela indiferença ambiente, sem meios de alcançar publicidade, caricaturistas, desenhistas, pintores, santeiros, milagreiros, poetas populares, humoristas. A Revista abre-se a todos eles, procura divulgar-lhes a obra em suas páginas e fora delas, oficiosamente, procurará os meios de favorecer a plena florescência dessas vocações estéticas. (AZEVEDO et al., 1997, p. 120).

 

Tenho pensado muito nos editores ultimamente e isso tem uma explicação. Outro dia fui a Livraria Destak do Livro em Londrina e ganhei um catálogo da Base Editorial uma empresa de Curitiba que eu desconhecia.

 

Nesse catálogo descobri que agora é possível comprar, sem dificuldade, os cinco títulos da Coleção Lendas Paranaenses de Hardy Guedes que no passado foi publicada pela Fundação Cultural de Curitiba e que ultimamente, eu só conseguia comprar por acaso em sebos.

 

Nessa hora eu disse: Benção aos Editores! Que decisão feliz!

 

Vale dizer que essa Coleção, além de divulgar lendas paranaenses, assunto tão invisível no nosso Estado, tem ilustrações primorosas de Márcia Széliga e Priscila S. Martins.

 

Para quem se interessou, tirei do Catálogo um resumo de cada título da Coleção:

 

vol. 1 - Naipi e Tarobá: a lenda das Cataratas do Iguaçu

 

“O rio Iguaçu pertencia ao deus-serpente M’Boi, que, todos os anos, queria uma moça bonita em sacrifício. O deus-serpente quis Naipi, mas a bela cunhã ia se casar com Tarobá, um bravo guerreiro. Quem ficou com Naipi? O que essa disputa tem a ver com o surgimento das Cataratas do Iguaçu?”

 

vol.2 - Xakxô: a lenda do fogo

 

“Os Caingangue precisavam do fogo para cozinhar a se aquecer, mas não sabiam como obtê-lo. Somente Minaram conhecia o segredo, mas não ensinava a ninguém. Um índio resolveu roubar o fogo e trazê-lo para a sua tribo. Para isso, transformou-se na Xakxó, a gralha-branca, e voou até a cabana de Minaram. Será que a pequena ave conseguiu roubar o fogo para sua tribo?”

 

vol.3 - Nhanderu: a lenda do sol e da Lua

 

“Tupã criou o Paiquerê, para morar com sua mulher. Ela teve gêmeos, mas uma onça a matou logo após o parto. Os filhos, depois de crescidos, saíram à procura do pai e da mãe. Encontram Anhangá, o diabo, que os aprisionou. Com a ajuda das filhas de Anhangá, os dois fugiram. Ao encontrarem Tupã, este lhes perguntou sobre a mãe. Como não sabiam responder receberam de seu pai uma nova tarefa. Qual terá sido?”

 

vol.4 - Curiaçu e a Gralha-Azul: a lenda das Araucárias

 

“Curiaçu era o mais alto e mais forte guerreiro. Ao salvar do ataque de uma onça a filha de um pajé inimigo, foi atacado pelos guerreiros da tribo da moça, que pensaram que ele a estivesse raptando. Ele conseguiu fugir, mas ficou muito ferido. A moça escondeu o seu corpo, despistou os agressores e voltou para salvá-lo. Ao retornar, não o encontrou. O que teria acontecido com Curiaçu?”     

 

vol.5 - Itacueretaba: a lenda de Vila Velha

 

“Os Apiabas eram os guardiões dos segredos das cerimônias sagradas de Tupã. Com ciúmes, o chefe dos Camés enviou Aracê, uma linda jovem, para seduzir Dhui, o chefe dos Apiabas, e conseguir a revelação dos segredos. Os dois acabaram por se apaixonar, provocando a ira e a vingança dos Camés.”

 

Na mesma semana que ganhei o Catálogo, chegou à biblioteca da escola onde minha irmã Solange trabalha o livro infantil “O casaco de Pupa” de Elena Ferrándiz. Dessa vez quero elogiar o editor da Editora Frase&Efeito que decidiu publicar esse livro, por dois motivos, primeiro o texto e as ilustrações são perfeitos! E em segundo lugar há no verso da folha de rosto (para quem não sabe é a página do livro onde é colocada a maioria das informações do livro) algumas informações que valorizam o profissional bibliotecário.

 

 

Nesse livro, utilizando uma linguagem simples a autora informa lindamente que:

 

“Quem pensou esta história e a colocou no papel: Elena Ferrándiz”

“Quem traçou e pintou as ilustrações: também foi a Elena Ferrándiz”

“Quem traduziu, do espanhol para o português, o texto: Maria Krusero”

“Quem colocou tudo no computador e fez o livro: Raquel Matsushita, da Entrelinha Design”

“Quem imprimiu o livro e fez ter vida fora do computador: Corprint Gráfica”

 

Além disso, há próximo da ficha catalográfica algumas explicações interessantes como:

 

“ISBN é um sistema internacional que identifica o livro de forma numérica, como o nosso RG.”

 

“Isto é a ficha catalográfica sua função é conter as informações necessárias para um livro ser localizado. Os bibliotecários, por exemplo, a utilizam muito em seu trabalho de catalogação de livros.”

 

 ao lado dessa logomarca está escrito – “este símbolo significa copyright que quer dizer o direito que alguém tem sobre alguma coisa”

 

Nunca vi uma iniciativa assim e gostei muito, sei que a criatividade é do autor, mas a decisão de publicar ou não é uma responsabilidade do editor.

 

Benção aos Editores! Palmas! Palmas! Palmas!

 

Sugestões de Leitura:

 

AZEVEDO, Carmen Lucia de; CAMARGOS, Marcia; SACCHETTA, Vladimir. Monteiro Lobato: furacão na Botocúndia, São Paulo: Senac, 1997.

 

FERRÁNDIZ, Elena. O casaco de Pupa. São Paulo: Frase&Efeito, 2011.

 

GUEDES, Hardy. Naipi e Tarobá: a lenda das Cataratas do Iguaçu. Curitiba: Base Editorial, [20??].

 

______. Xakxô: a lenda do fogo. Curitiba: Base Editorial, [20??].

 

______. Nhanderu: a lenda do sol e da Lua. Curitiba: Base Editorial, [20??].

 

______. Curiaçu e a Gralha-Azul: a lenda das Araucárias. Curitiba: Base Editorial, [20??].

 

______. Itacueretaba: a lenda de Vila Velha. Curitiba: Base Editorial, [20??].

 

VILLAÇA, Antônio Carlos. José Olympio: o descobridor de escritores. Rio de Janeiro: Thex Editora, 2001.


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SUELI BORTOLIN

Doutora e Mestre em Ciência da Informação pela UNESP/ Marília. Professora do Departamento de Ciências da Informação do CECA/UEL - Ex-Presidente e Ex-Secretária da ONG Mundoquelê.