ALBERTO MANGUEL
“Em minha juventude estouvada, enquanto meus amigos sonhavam com feitos heróicos nos domínios da engenharia e do direito, das finanças e da política nacional, eu sonhava em me tornar bibliotecário. A indolência e o gosto incontido pelas viagens quiseram que não fosse assim. Agora, porém, tendo atingido a idade de 56 anos (que, segundo Dostoievski, em O idiota, é “a idade em que se pode dizer com justiça que a verdadeira vida começa”), voltei a meu antigo ideal e, embora não possa considerar-me um bibliotecário propriamente dito, vivo entre estantes que proliferam o tempo todo e cujos limites começam a se borrar ou a coincidir com os da própria casa.” (p.13)
Alberto Manguel - escritor