GLAUCO MATTOSO
“Meu pai trabalhava na gráfica Urupês, quer imprimia livros da editora Brasiliense, e nos trazia um exemplar de cada livro lá editado. Tínhamos uma biblioteca enorme. Lia vorazmente, numa espécie de caleidoscópio, uma colcha de retalhos de leitura, e retrabalhei isso.” (p.16)
“Muitos ouviram o nome na música de Caetano Veloso Língua, na qual, entre outros, o compositor baiano cita Glauco Mattoso, autor que se inventa continuamente. Primeiro inventou seu nome. Nasceu em 1951, no dia de São Pedro, 29 de junho, em São Paulo, e foi chamado de Pedro José Ferreira da Silva. Mas, como ele mesmo diz, antes de ser Pedro, já era Glauco, pois a doença que o levou à cegueira é congênita, nasce com ele, precede o nome de batismo. Para autonomear-se, subverte a língua, pega um qualificativo, glaucomatoso, aquele que tem glaucoma, parte-o e transforma-o em substantivo próprio: Glauco Mattoso, com t duplicado. O nome é ainda homenagem a Gregório de Matos. [...]
“O primeiro poema como Glauco Mattoso tem o título de Kaleidoscopio (1974), com k. Anúncio e afirmação da sua pluralidade. Impossível etiquetá-lo, poeta visual, experimental, sonetista, tradutor, letrista, editor, ensaísta, produtor de banda punk, colunista, graduado em Biblioteconomia e em Letras, pela USP, ex-funcionário do Banco do Brasil, esse caleidoscópio chamado Glauco Mattoso desnorteia e desconcerta seus leitores.” (p.16-17) (grifo nosso).
Glauco Mattoso - escritor