- Estou querendo um livro.

O bibliotecário de referência daquela biblioteca pública quase pulou da cadeira. Distraído, não percebera a aproximação do usuário.

- Em que posso ser útil?

O usuário, por sua vez, tinha se assustado com o susto do bibliotecário.

- Como? Ah! Eu estou procurando um livro.

- Você sabe o nome do autor? 

- O autor? – estranhou o usuário.

- É, o autor. Ou o título. – insistiu o bibliotecário.

- Bom – disse o usuário –, vagamente. Um amigo me indicou. Não sei quem o escreveu nem o título correto.

- Mas, você não tem nenhum dado, nenhuma indicação? Sem isso, fica difícil poder lhe ajudar.

- Sei que é um livro sobre felinos. – colabora o usuário.

- Já é alguma coisa... Algo sobre onças, tigres?

- Gatos.

- Gatos? – espantou-se o bibliotecário – Vejamos... gatos... Algum interesse sobre raças?

- Não, nada sobre raças. É o seguinte: meu amigo leu um livro, um romance. Pelo que lembro, é um livro de suspense, um livro sobre crimes, detetives, essas coisas.

- E onde entra o gato nisso? – perguntou o bibliotecário.

- O gato eu não sei, porque ainda não li o livro. Parece que tem a palavra gato no título.

- Lembro de um conto do Poe... mas não é sobre detetive... Você não lembra de mais nada, de nenhum outro detalhe, de nenhuma outra palavra existente no título? 

- Agora me veio uma coisa à cabeça: parece que o título do livro é algo parecido com “A gata triste”.

- A gata triste? – perguntou, perplexo, o bibliotecário.- Por acaso a autora não seria a Agatha Christie?

(Oswaldo Francisco de Almeida Júnior – relatando um caso ouvido em algum lugar)