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O MERCADO DE TRABALHO NA ÁREA DE BIBLIOTECONOMIA E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO NO BRASIL NO SÉCULO XXI: UMA ANÁLISE E PERSPECTIVAS

O presente trabalho é uma análise do mercado de trabalho dos profissionais bibliotecários no século XXI, apresentando os principais pré-requisitos, competências e atitudes pessoais e profissionais que estes profissionais necessitam ter para se manterem empregados nos dias de hoje. Cita alguns exemplos de cursos de graduação e de pós-graduação em Biblioteconomia e Documentação e a educação continuada existentes no Brasil.

 

O mercado de trabalho tem sofrido grandes mudanças desde o surgimento da Informática, do uso da Internet, do uso das intranets das organizações e do uso das comunicações virtuais que conectam profissionais, empresas da iniciativa privada e pública e terceiro setor.

 

Na primeira metade da década de 1990, o uso da Internet era limitado a pesquisadores, estudantes de pós-graduação em centros de pesquisa e em universidades.

 

Com o rápido desenvolvimento do mundo virtual, as organizações, centros de pesquisa, e pessoas físicas perceberam que o mercado de trabalho iria sofrer mudanças radicais e tanto as empresas quanto os profissionais teriam que se adaptar para se manterem ativos  neste novo mercado de trabalho e sobreviverem em um mundo cada vez mais competitivo onde as exigências e necessidades são cada vez maiores.

 

 Fazendo um histórico no período pré-internet, as bibliotecas brasileiras apresentavam uma estrutura tradicional, com os seus catálogos tradicionais externos voltados aos consulentes e os internos voltados para os profissionais das bibliotecas, onde todo o acervo da biblioteca estava representado em fichas catalográficas, datilografadas uma a uma, com a finalidade de descrever o conteúdo de cada obra bibliográfica e a sua localização nas estantes através do número de chamada.

 

Segundo Marcondes & Mendonça (2005) a web representa uma mudança

de paradigma radical com relação aos serviços bibliotecários, pois ela proporciona um ambiente  informacional amplo, global, de um alcance nunca visto pelos antigos bibliotecários, acostumados a trabalhar  num ambiente delimitado, com uma comunidade de usuários identificável, restrita e  às vezes conhecida.

 

Neste novo ambiente, as bibliotecas adquiriram uma nova dimensão. Lancaster (1994, p.9) afirmava diante da emergência dos recursos de informação cada vez mais acessíveis via redes, que o novo papel das bibliotecas era o de prover o acesso à informação ao invés da propriedade.

 

Com o advento da Informática e da Internet, a Biblioteconomia sofreu uma profunda mudança estrutural, pois o mercado de trabalho nesta área começou a demandar profissionais bibliotecários mais qualificados, com competências profissionais que até então estes não possuíam.

 

Segundo Passos (2004) as competências básicas que os profissionais bibliotecários devem ter são:

 

1) demonstrar forte comprometimento com a excelência do serviço ao cliente;

2) reconhecer a diversidade dos clientes e da comunidade;

3) entender e apoiar a cultura e o contexto da biblioteca e das instituições similares;

4) demonstrar conhecimento da teoria da Ciência da Informação e do ciclo documentário;

5) exibir habilidades de liderança, incluindo pensamento crítico, tomada de risco, independente de sua posição na estrutura administrativa;

6) dividir o conhecimento e a perícia com colegas e clientes;

7) comunicar-se efetivamente com editores e com a indústria gráfica para promover os interesses da biblioteca;

8) reconhecer o valor da rede profissional e participar ativamente das associações profissionais;

9) perseguir ativamente o desenvolvimento pessoal e profissional através da educação continuada.

 

A formação acadêmica dos profissionais bibliotecários começou a sofrer mudanças no final da década de 1990 e no começo da primeira década do  século XXI, com a inserção de ferramentas de informática no dia-a-dia das disciplinas dos cursos de graduação em Biblioteconomia e Documentação e em Ciência da Informação.

 

Os cursos de graduação em Biblioteconomia são ministrados por instituições públicas e privadas em todo o Brasil. Citamos alguns exemplos encontrados nesta pesquisa: o curso de Biblioteconomia e Ciência da Informação da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESP SP) na capital paulista, o curso de Biblioteconomia do Instituto Manchester Paulista em Sorocaba, interior paulista, o curso de Biblioteconomia da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual Paulista (UNESP em Marília), os cursos das universidades federais como os da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o da Universidade Federal Fluminense (UFF) entre outros distribuídos pelo País.

 

Em conseqüência das exigências mercadológicas, a educação continuada é a ordem do dia para todos os profissionais que estão atuando neste competitivo mercado de trabalho deste século XXI e que pretendem se manter empregados.

 

Além dos cursos de Mestrado e Doutorado em Ciência da Informação, encontrados em algumas instituições já mencionadas, há também cursos mais específicos e de curta duração que têm como finalidade o aprimoramento do profissional bibliotecário em um segmento específico.

 

“Citamos dois exemplos: o Curso Básico de WWWISIS Desenvolvimento de Interfaces para Consultas de Bases Isis com Wxis da FESPSP. O objetivo do curso é : capacitar o aluno a publicar na Internet interfaces para consulta de base de dados padrão CDS Isis (Microisis e Winisis). Para isso foi utilizado o WISIS 5, também conhecido como WWWIsis, desenvolvido pela Bireme com colaboração com a UNESCO  e especificamente desenhado para atuar como interface  entre base de dados padrão CDIsis e servidores Web.

 

 Ao final do curso, o aluno será capaz de trabalhar com estruturas simples de consulta a base de dados na Internet utilizando o Wisis, tendo como exemplo os modelos de aplicações desenvolvidos em sala de aula.

 

Podemos ainda citar o curso de Formato Marc 21 a distância e totalmente on-line ministrado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC RJ), como outro exemplo de educação continuada para os profissionais bibliotecários.

 

Muitas empresas e organizações necessitam que os profissionais da informação tenham o domínio da Língua Inglesa em termos de leitura, escrita e comunicação verbal. O domínio de idioma estrangeiro facilita a realização da Comutação Bibliográfica Estrangeira e da Aquisição Internacional de materiais bibliográficos através de agências internacionais.

 

O conhecimento de legislação também é um outro pré-requisito exigido em concursos públicos para os cargos públicos de bibliotecário ou similar na administração pública em âmbito federal, estadual e municipal. O conhecimento de legislação pelo bibliotecário também é útil para os profissionais que atuam em escritórios jurídicos.

 

Uma outra competência profissional, tanto na iniciativa privada quanto na administração pública, é o raciocínio lógico quantitativo ou raciocínio lógico matemático. Esta competência é muito utilizada na seleção de pessoal por muitas empresas e instituições, pois avalia a capacidade lógica dos futuros profissionais, sendo de grande interesse por parte das organizações.

 

Existem muitos outros exemplos de educação continuada para os profissionais de informação, como os bibliotecários, em várias áreas do conhecimento humano. O importante é que o bibliotecário tenha em mente que a educação continuada é de suma importância para a sua própria sobrevivência neste competitivo mercado de trabalho da atualidade.

 

Como dizem também os especialistas na área de Recursos Humanos, o marketing pessoal também é outra estratégia muito útil para se manter empregado.

 

 

Referências:

 

FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA DE SÃO PAULO. Faculdade de Biblioteconomia e Ciência da Informação. Folheto de divulgação de curso. São Paulo, 2002.

 

LANCASTER, Frederic Winfred. Ameaça ou oportunidade? o futuro dos serviços de bibliotecas à luz das inovações tecnológicas. Rev. Escola de Biblioteconomia da UFMG, v.25, n.1. p. 7-27, jan./jun. 1994.

 

MARCONDES, Carlos Henrique; MENDONÇA, Marília. Serviços via Web em bibliotecas universitárias brasileiras. Disponível em:  <www.cinform.ufba.br> Acesso em: 2005.

 

PASSOS, Edilene. Bibliotecário jurídico, seu papel seu perfil. Disponível em: < http:/www.infolegis.com.br/bibjuridico.htp> Acesso em: 05 abril 2004.

 

Maurício Chatel Vasconcellos Filho - Bibliotecário e Documentalista - Bibliotecário da prefeitura de Lorena - Biblioteca do Centro Educacional Padre Léo - CRB-8/6794 - Dezembro de 2009

Autor: Maurício Chatel Vasconcellos Filho

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Seção Mantida por OSWALDO FRANCISCO DE ALMEIDA JÚNIOR

Professor associado do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Estadual de Londrina. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UNESP/Marília. Doutor e Mestre em Ciência da Comunicação pela ECA/USP. Professor colaborador do Programa de Pós-Graduação da UFCA- Cariri - Mantenedor do Site.