CONSTRUINDO CONHECIMENTO NO AMBIENTE CORPORATIVO - III
Para Morin (1) "a diversidade organiza a unidade que organiza a diversidade [...] Pascal já havia exprimido: Considero impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, como conhecer o todo sem conhecer particularmente as partes".
Esse entendimento deve ser transportado ao ambiente
corporativo, uma vez que a organização é resultado das diferentes
ações/manifestações das pessoas relacionadas aos fatos, acontecimentos e
problemas vinculados à organização. Essas manifestações são mediadas e
denominadas por Morin (1) como interações.
Morin (1) entende que "um organismo não é constituído pelas células, mas pelas ações que se estabelecem entre as células [...] o conjunto dessas interações constitui a organização do sistema". Também explica:
- Sistema (que exprime a unidade complexa e o caráter fenomenal do todo, assim como o complexo das relações entre o todo e as partes);
- Interação (que exprime o conjunto das relações, ações e retroações que se efetuam e se tecem num sistema);
- Organização (que exprime o caráter constitutivo dessas interações - aquilo que forma, mantém, protege, regula, rege, regenera-se - e que dá à idéia de sistema a sua coluna vertebral) (1).
Portanto, o conhecimento coletivo e o conhecimento individual, no âmbito corporativo, são frutos das interações, do sistema e da própria organização. A complexidade do ambiente reflete em cada pessoa de modo único. Por isso, a construção de conhecimento coletivo é o resultado natural da organização existente no espaço corporativo. Nesse contexto, Morin1 propõe uma nova forma de compreender a organização do conhecimento.
As pessoas realizam interações - ação chave para a construção do conhecimento coletivo -, por meio do compartilhamento e socialização do conhecimento individual. Durante essas interações desordenadas, a gestão do conhecimento poderá realizar diversas atividades, visando a organização dessas construções individuais e, por fim, disponibilizar o conhecimento coletivo no âmbito corporativo.
Reconhecer todos os elementos que fazem parte do processo, e mais do que isso, compreender as relações entre os elementos percebidos, será o diferencial da organização do conhecimento.
------------------------
1 MORIN, E. Ciência com consciência. 7.ed.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003. 344p.