PRÁTICA PROFISSIONAL E ÉTICA: DA NECESSÁRIA SUPERAÇÃO DOS EQUÍVOCOS!
O denominado bibliotecário brasileiro – homem ou mulher – é em geral muito ignorante em relação ao seu campo científico e medianamente ignorante em relação ao âmbito de sua prática profissional. Isso se reflete no modo como busca parecer o que pensa que é. Pensa que é um gestor da informação. Pensa que é um mediador da informação. Pensa que é um intermediário entre a enorme torrente de livros e seu leitor (acompanhando o ponto de vista do filósofo espanhol
Em primeiro lugar, talvez se possa apontar algumas fontes destas reduções, considerando o contexto de nosso país: a) como povo brasileiro ainda constituímos uma
Mas essas limitações que constituem essas fontes redutoras também passam por dentro dos projetos pedagógicos dos Cursos de Biblioteconomia e são de responsabilidade de seus intelectuais e docentes e passam pela concepção de ética profissional, o que é responsabilidade da comunidade nacional de bibliotecários. Se nos reportarmos a conceitos básicos, que podem ser buscados em fontes como o Diccionário de Bibliotecologia de Domingo Buonocore, obra iniciada em 1952, com o título Vocabulário Bibliográfico, encontraremos algumas definições, resultantes de uma concepção mais ampla do campo formado em torno do livro. Essas definições nos permitiriam refletir com outros elementos ausentes da maioria dos projetos pedagógicos dos Cursos de Biblioteconomia atualmente
Por exemplo, quando trata do conceito de Biblioteca, Buonocore afirma a idéia de que ela é “coleção de obras análogas ou semelhantes entre si que formam uma série determinada”, ou de outro modo, que o livro deve ser “considerado como elemento integrante de uma pluralidade ou universalidade de fato”. Destaque-se aqui a circunstância de que há
Pode-se dizer, como um aspecto a ser mais bem discutido, que no idioma hispânico se encontra uma boa expressão linguística visando à distinção entre o que é do mundo das práticas bibliotecárias relacionadas à gestão de recursos (coleções, pessoal, finanças, etc.) e o mundo da ciência do livro, isto é, do livro tratado como elemento integrante de uma pluralidade ou universalidade de fato. Nesse idioma, não sem alguma divergência (1) que se amplia para outras línguas e culturas, há uma clara distinção entre Biblioteconomia (1 - Conjunto de conhecimentos teóricos e técnicos relativos à organização e administração de uma biblioteca; 2 - Doutrina que estuda a teoria da seleção e aquisição de livros, catalogação, classificação, regime econômico administrativo da biblioteca e processos de sua gestão) e Bibliotecologia. Esta última significando a ciência em que o livro é o objeto de interesse. Nela o livro não é a peça física, o produto material da atividade gráfica ou de digitação/digitalização eletrônica; nela o livro é a obra, o conteúdo, o produto intelectual, a emanação objetiva do conhecimento integrante de uma pluralidade ou universalidade de fato. Ela, portanto, tem um alcance maior que a chamada Ciência da Informação, que desde sua origem se atem ao estudo da informação, a qual se trata de um aspecto correlacionado ao livro tomado como obra, conteúdo, produto intelectual, emanação objetiva do conhecimento integrante de uma pluralidade ou universalidade de fato. Além disso, as argumentações mais comumente apontadas para a defesa da Ciência da Informação tratam-na como obra de um momento histórico. Como decorrência de fato situado na primeira metade do século XX consubstanciado pela avalanche de informação científica e técnica de interesse militar e governamental, nos Estados Unidos, exigindo a potencialização da capacidade de armazenamento controlado e de recuperação eficaz e econômica. Essa informação, por sua origem e natureza, trata-se de uma informação arquivística, gerada em ambientes de laboratórios, formatada em documentos científicos e de gestão e necessitando de tratamento mais complexo que aquele dado pela Biblioteconomia às coleções depositadas nos edifícios denominados pelo termo biblioteca.
O edifício da Biblioteca ao ser chamado pelo termo Biblioteca produz um equívoco histórico monumental, sustentado pela ignorância de grande parte dos bibliotecários. Tem a mesma origem da ignorância que levou a se chamar cópia fotostática de “Xerox”, ou lâmina de barbear de “Gillette”, etc. Só que o conceito equivoco de biblioteca como o prédio da biblioteca é um problema que devemos resolver por honestidade intelectual e dignidade profissional. E autorespeito e honestidade são dois aspectos fundantes da ética profissional.
Notas:
(1) BIBLIOTECOLOGIA. Disponível em http://www.ccje.ufes.br/dci/deltci/pdf/9.pdf. Consultado: 10/09/2009.
Biblioteconomia & Bibliotecologia – conceitos. Disponível em: http://clinicadotexto.wordpress.com/2009/02/10/biblioteconomia-bibliotecologia-conceitos/. Consultado: 10/09/2009.
Linares Columbié, R. Bibliotecología y Ciencia de