ORGANIZAÇÕES DO CONHECIMENTO


MÉTODOS DE PROSPECÇÃO E MONITORAMENTO INDUSTRIAL - II

Resgatando o texto anterior - que apresentou alguns métodos, técnicas, instrumentos e tecnologias de informação que podem ser aplicados na prospecção e monitoramento industrial - e dando continuidade a ele, apresentamos o método de cenários futuros.

No contexto da inteligência competitiva organizacional (ICO) o desenho de cenários pode ser definido como "[...] instrumentos para organizar as percepções sobre os ambientes alternativos futuros de modo a apoiar a tomada de decisão empresarial"(1).

A construção de cenários futuros exercita possibilidades, hipóteses, bem como especula as variáveis que podem afetar o negócio como: tecnologia, economia, política, comércio etc.

Esse método visa preparar a organização para realidades futuras hostis ou diferentes daquela que a organização imagina como percurso natural. Possibilita também, adequações de curto prazo, uma vez que essa prática, às vezes, demonstra possibilidades inexploradas pelo mercado, mas viáveis do ponto de vista de mercado atual (2).

Prospectar o futuro utilizando o método de cenários futuros possibilita à corporação, planejar o desenvolvimento do negócio de um modo mais seguro, estabelecendo diferentes possibilidades de ações a curto, médio e longo prazo.

Este método exige trabalho em equipe e deve se constituir da seguinte forma:

a) Definir os objetivos para a realização do método de cenários futuros;

b) Leitura de textos embasadores sobre contextos: socioeconômicos, geopolíticos, tecnológicos, de mercado etc.;

c) Conhecer os pontos fortes e fracos da organização (clientes, fornecedores, concorrentes), o ambiente ao qual está inserida (mercado, produtos substitutos), a cadeia produtiva da qual faz parte (comercialização, distribuição) e a política econômica aplicada ao negócio (leis, regulamentos, indicadores, normas etc.);

d) Observar a evolução da sociedade (ameaças, oportunidades, tendências, perspectivas), pontos de impacto (tecnologia, meio ambiente, processos), pontos de incerteza (competências, pessoas, estrutura corporativa);

e) Estabelecer critérios para o estabelecimento de cenários quanto a: 1) Tempo: curto, médio e longo prazo; 2) Tendência: mais provável, menos provável; 3) Relevância: mais impacto, menos impacto;

f) Estruturar indicadores com base nos itens anteriores;

g) Formular as estratégias de ação da organização para curto, médio e longo prazo.

Segundo a OPTI (Observatório de Prospectiva Tecnológica Industrial) existem três posturas estratégicas frente aos cenários futuros:

 

 

É importante que as pessoas que comporão a equipe de trabalho sejam especialistas de diferentes áreas, mas que tenham relação com o negócio corporativo. É importante também, que os especialistas sejam informados claramente dos objetivos do método de cenários futuros do qual farão parte.

A coordenação do exercício deve ficar a cargo de alguém que possua algumas competências e habilidades, tais como:

a) Conhecimento do negócio;
b) Liderança;
c) Motivação de pessoas;
d) Objetividade e clareza;
e) Segurança.

O trabalho em equipe é muito importante e deve ser alicerçado por sentimentos de respeito mútuo e confiança.

Os resultados deste método podem ser utilizados no planejamento estratégico corporativo. As ações estratégicas são apoiadas por dados, informações e conhecimento resultantes deste exercício, fato que possibilita maior segurança ao processo de tomada de decisão.

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1 MORATO MURILLO, A.; FERNÀNDEZ GÜELL, J. M. Metodologias de prospectiva tecnológica industrial. Curitiba: UNINDUS : OPTI, 2004.


2 VALENTIM, M. L. P. Métodos e Técnicas de Prospecção e Monitoramento Informacional (1). Londrina: Infohome, 2004. Disponível em: http://www.ofaj.com.br/colunaicgc_mv_0503.html. Acesso em: 21 fev. 2005.


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MARTA LIGIA POMIM VALENTIM

Professora Titular da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Pós-Doutorado pela Universidad de Salamanca (USAL), Espanha. Livre Docente em Informação, Conhecimento e Inteligência Organizacional pela Unesp. Docente de graduação e pós-graduação da Unesp, campus de Marília. Bolsista Produtividade em Pesquisa do CNPq. Líder do Grupo de Pesquisa "Informação, Conhecimento e Inteligência Organizacional". Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI) da Unesp, campus de Marília, gestão 2017-2021. Presidente da Associação Brasileira de Educação em Ciência da Informação (ABECIN), gestão 2016-2019.