BIBLIOCONTOS


VEGETANDO NA BIBLIOTECA

O Diário “20 Minutos” de Madrid (www.20minutos.es) publicou em sua edição de 10 de novembro de 2008 (año IX, n. 2031), a notícia de uma funcionária pública que ganhou na justiça ação contra a Prefeitura da cidade de Madrid para que fosse realocada de local de trabalho. Onde ela foi colocada? – Se pensou biblioteca, acertou.


Após oito meses da decisão da Justiça a Prefeitura cumpriu a sentença. A funcionária esteve por dezoito meses licenciada de suas funções ao denunciar seu chefe por assédio profissional. A funcionária que ingressara no funcionalismo, em 1983, para trabalhar na área cultural como coordenadora de espetáculo, em 2004 impetrou a denúncia. Devido à pressão sofrida, tira uma licença de 18 meses, findo os quais, aborrecida com o pouco caso das autoridades, levou a questão aos tribunais exigindo mudança de posto.


Agora, está alocada na biblioteca de um museu para trabalhar das 8 às 15 horas, por um salário de dois mil euros ao mês. Apesar do posto, reclama que não há o que fazer, pois não sabe catalogar livros, e nem tem claro quais são suas funções. Ademais, seus colegas encontram-se no primeiro andar, enquanto ela está isolada no quarto. Ela questiona sua situação, pois recebeu um trabalho sem função determinada, e para o qual ela não é formada. A única orientação que recebeu foi se ficar entediada poderia ligar a televisão.


O diretor do museu em entrevista diz que a funcionária foi alocada onde lhe foi ordenado. E com uma pérola completou que não é necessária formação para ser responsável da biblioteca, e finalizou: “muy poca gente la visita, no tiene que catalogar nada, solo controlar la biblioteca”.


Bem, o fato é uma situação que tramita na Espanha, mas pelo tipo de acontecimento o prefeito ou algum dos seus prepostos deve ter passado férias no Brasil. Não que haja semelhança, até por ser a justiça espanhola um pouco mais ligeira nas decisões. Além do mais, a sociedade ficou indignada pela demora da Prefeitura madrilenha em acatar e aplicar a decisão judicial, longo oito meses. Estivera no Brasil, melhor não comentar.

Autor: Fernando Modesto

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FERNANDO MODESTO

Bibliotecário e Mestre pela PUC-Campinas, Doutor em Comunicações pela ECA/USP e Professor do departamento de Biblioteconomia e Documentação da ECA/USP.