PRÁTICAS PROFISSIONAIS EM AMBIENTES DE INFORMAÇÃO


COMO ATUAR COM PESQUISA NO CAMPO DA BIBLIOTECONOMIA, ARQUIVOLOGIA, MUSEOLOGIA E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO?

A pesquisa que pode ser entendida aqui como um conjunto de atividades sistemáticas orientadas pelo desenvolvimento de métodos e técnicas, visando à produção de novos conhecimentos que designa proposições de cunho cognitivo, compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação, pode ser considerada um importante setor curricular de variadas áreas do conhecimento, bem como pode ser empreendida como um meio estratégico de atuação profissional.

Nos campos da Biblioteconomia, Arquivologia, Museologia e Ciência da Informação, o setor de pesquisa possui relativa densidade teórico-pragmática quando se pensam reflexões (multi/pluri)disciplinares sobre pesquisa bibliográfica, pesquisa documentária, metodologia do trabalho científico, metodologia da pesquisa científica, estudos métricos, estudo de usuários, planejamento (projetos operacionais) e normalização, trazendo perspectivas diversas de aplicação de conhecimentos no âmbito acadêmico-científico e/ou profissional-mercadológico. 

Essas possíveis produções de conhecimento nos campos biblioteconômico, arquivístico, museológico e da Ciência da Informação, contemplando perspectivas articuladas ou individualizadas entre graduação e pós-graduação, designam um movimento direcionado à produção de conhecimentos que podem ser empreendidos academicamente por meio de atividades de ensino (disciplinas obrigatórias, optativas. Eletivas e projetos de monitoria), pesquisa (grupos de pesquisa, projetos de pesquisa, iniciação científica, práticas de internacionalização e inovação) e extensão (programas, projetos, cursos, eventos e prestação de serviços sobre questões relacionadas a pesquisa).

E no campo de atuação profissional propriamente dito, como os profissionais que atuam no campo da informação podem atuar? O quadro que segue mostra possíveis perspectivas de atuação:

 

Quadro 1 – Atuação profissional da Biblioteconomia, Arquivologia, Museologia e Ciência da Informação no âmbito da pesquisa

ATUAÇÃO MODOS DE ATUAÇÃO AMBIENTES DE APLICAÇÃO
Macro Micro
Normalização Trabalhos acadêmicos como artigos, projetos, monografias, dissertações, teses, além de livros, periódicos, revistas, produtos técnicos como guias, cartilhas, manuais etc. Universidades
Escolas
Editoras
Livrarias
Institutos de pesquisa
Autônomo
Bibliotecas
Arquivos
Museus
Centros de cultura e documentação
Assessoria em metodologia da pesquisa Trabalhos acadêmicos como artigos, projetos, monografias, dissertações, teses, além de livros, periódicos, revistas, produtos técnicos como guias, cartilhas, manuais etc. Elaboração de projetos técnico-científicos e operacionais. Práticas em estudos métricos da informação (métodos quantitativos). Universidades
Escolas
Institutos de pesquisa
Autônomo
Bibliotecas
Arquivos
Museus
Centros de cultura e documentação
Assessoria para projetos operacionais Construção de projetos como normalização documentária, organização de ambientes de informação, gestão da informação nas modalidades física e virtual, práticas em tecnologias da informação (bases de dados, repositórios, periódicos), desenvolvimento de fontes, recursos e serviços de informação especializados. Empresas
Indústrias
Bancos
Meios de comunicação
Autônomo
Bibliotecas
Arquivos
Museus
Centros de cultura e documentação
Execução de projetos, planos e programas em geral Elaboração de projetos para o desenvolvimento de serviços (referência, disseminação seletiva da informação, informação utilitária, alerta etc) e produtos (guias, manuais, cartilhas, bases de dados, repositórios, ambientes virtuais de aprendizagem, softwares, aplicativos etc) especializados de informação. Empresas
Indústrias
Bancos
Meios de comunicação
Autônomo
Bibliotecas
Arquivos
Museus
Centros de cultura e documentação
Execução de cursos e eventos em ciência, epistemologia e metodologia da pesquisa Produção de programas/projetos de cursos e eventos voltados para o desenvolvimento de C&T e informação científica e tecnológica (ICT), comunicação científica (incluindo periódicos científicos e estudos métricos de informação), bases de dados e portais especializados, inclusão digital, arquitetura da informação, estratégias de busca e recuperação da informação, memória científica e acessibilidade informacional. Institutos de ensino, pesquisa e ciência em geral
Universidades
Organizações e fundações voltadas para o desenvolvimento científico e tecnológico
Bibliotecas
Arquivos
Museus
Centros de cultura e documentação
Práticas de implantação em ambientes de informação Elaboração de propostas para estruturação dos ambientes de informação em geral, incluindo práticas de organização, gestão, tecnologias e recursos, serviços e produtos de informação ou a implementação/dinamização de elementos de organização, gestão, tecnologias, recursos, serviços e produtos de informação. Empresas
Indústrias
Bancos
Meios de comunicação
Autônomo
Bibliotecas
Arquivos
Museus
Centros de cultura e documentação

Fonte: elaborado pelo autor

O quadro mostra que as atribuições no âmbito da pesquisa podem ser exercidas desde estudantes e profissionais com nível de bacharelado e especialização, até professores e pesquisadores com nível de doutorado. No entanto, evidentemente que quanto mais qualificado for o profissional, tanto em termos de títulos, quanto em termos de conhecimento e maturidade profissional, mais provável que desenvolva todas as atribuições elencadas. 

Por exemplo, atuar com normalização é uma prática que pode ser empreendida desde o estudante de graduação até um doutor/pesquisador nas áreas de Biblioteconomia, Arquivologia, Museologia e Ciência da Informação. Já trabalhos de assessorias em metodologia da pesquisa, e execução de cursos e eventos científicos estão mais voltados para profissionais com nível elevado de qualificação acadêmica (especialmente doutores em Ciência da Informação que possuem um domínio mais expressivo das práticas científicas), enquanto assessorias para projetos operacionais, execução de projetos, planos e programas em geral e práticas de implantação em ambientes de informação podem ser conduzidas, tanto por profissionais bacharéis/especialistas com habilidades em elaboração de projetos e informação científica e tecnológica, quanto por profissionais pesquisadores que atuam com ciência e tecnologia.

Vale destacar também que as possibilidades de atuação dos profissionais de informação possuem margem bem estendida que se estabelecem em aspectos macros/alternativos (indústrias, empresas, meios de comunicação, institutos de ciência e pesquisa, editoras, livrarias etc.) e micros/convencionais como bibliotecas, arquivos, museus, centros de cultura e documentação.

No entanto, é pertinente que haja um investimento mais efetivo da formação acadêmica em pesquisa, especialmente através da qualificação em cursos de extensão, cursos livres e eventos que reflitam sobre fundamentos da ciência, tecnologia, metodologia da pesquisa, inovação, desenvolvimento e informação científica e tecnológica em geral, galvanizando desde a formação em nível de graduação, perspectivas de atuação no campo da pesquisa.

Portanto, o setor de pesquisa não deve ser tomado apenas como domínio de conhecimento acadêmico, mas também como prospecto de atuação profissional no chamado mercado macro/alternativo (indústrias, bancos, empresas, meios de comunicação, livrarias, editoras, instituições de saúde, organizações jurídicas etc.) e micro/convencional (bibliotecas, arquivos, museus, centros de cultura e documentação, além de ambientes virtuais de aprendizagem), de modo que oportunize a bibliotecários, arquivistas, museólogos e cientistas da informação (esses últimos com imprescindível formação no âmbito da pós-graduação stricto sensu em programas reconhecidos pela Capes em nível nacional ou programas internacionais da área de Ciência da Informação).


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JONATHAS LUIZ CARVALHO SILVA

Doutor em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professor do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Cariri (UFCA).