GESTÃO EMPRESARIAL NA ERA DA INFORMAÇÃO


INFORMAÇÃO, CONHECIMENTO E INOVAÇÃO

É inegável a concepção de que estamos vivendo a “era da informação”, sobretudo no contexto empresarial imerso nas novas tecnologias produtivas, de informação e comunicação. A informação é fundamental para tudo o que se faça dentro de uma empresa, sendo também fonte para a construção de conhecimento, considerando-se ser esse o fruto de uma interação pessoal individual baseada também em fatores biológicos, físicos, químicos, sociais, culturais, entre outros. Nesta perspectiva, destaca-se ser o conhecimento o insumo fundamental para o processo de inovação pois é com base no conhecimento acerca de inúmeros fatores componentes dos contextos interno e externo, que a empresa adquire competências para inovar. 

Ocorre que é comum vermos a inovação ser atrelada a questões puramente tecnológicas, não raro sendo interpretada simplesmente como o investimento em sistemas informacionais e de comunicação, assim como no desenvolvimento de sistemas produtivos mais eficientes ou criação de novos produtos. No entanto uma empresa não precisa necessariamente de um novo produto, um novo sistema ou novo modo de produzir para inovar, embora seja este um pensamento bastante comum! 

A inovação é muito mais ampla e cheia de possibilidades, pois reside também, por exemplo, no modo como os sistemas são demandados e suas reais utilidades, assim como pode estar na criação de estratégias sobre como a empresa se comunica e atrai consumidores. Simplesmente organizar dados e aumentar o nível de produção não é necessariamente inovar. Saber utilizar informações estratégicas, identificar os conhecimentos sobre o negócio e, assim, compreender a aplicabilidade dos sistemas e necessidades de produção demandadas pelo mercado pode ser considerado, muitas vezes, mais inovador do que uma ferramenta tecnológica propriamente dita. 

Nesta perspectiva, entende-se que o fator de produção decisivo não é necessariamente o capital nem o trabalho, mas o conhecimento. Isso não significa que os fatores clássicos de produção desapareceram, apenas tornaram-se secundários. O Conhecimento ganha o caráter de novo fator de produção. (Drucker,1994)

Nesse sentido, argumenta-se que em uma economia baseada no conhecimento a inovação emerge desempenhando um importante papel, não somente no campo técnico, mas na arena das ideias inovadoras e geradoras de desenvolvimento empresarial. Segundo Schumpeter (1988) é necessário que se crie novas formas de gestão capazes de integrar métodos materiais e conhecimento, “e, para isto, é necessário a introdução descontínua de novas combinações dos elementos citados. A formação destas novas combinações é o processo inovador”.

Deste modo, infere-se que a inovação pode ser baseada no uso do conhecimento com o propósito de agregar valor a um determinado produto, serviço, processo ou modelo de gestão. Dessa forma, uma empresa pode inovar em sua linha seja com a criação de um produto novo ou com a mudança qualitativa de um produto existente. Pode não somente desenvolver um novo processo no âmbito produtivo, mas criar uma nova forma de produzir. Todas essas possibilidades de inovação revelam essencialmente uma condição estratégica, com objetivos claros de ganhos em competitividade. 

No que se refere à gestão da informação como insumo para a inovação, destaca-se que esta pode centrar-se no mapeamento de informações com o objetivo de construir conhecimento sobre pontos como:

  • Possíveis eventos que possam impactar no negócio;
  • Análise da realidade do mercado consumidor;
  • Avaliação de economia setorial;
  • Falhas nas expectativas dos consumidores;
  • Fragilidades existentes nos processos;
  • Mudanças na cultura local;
  • Ampliação das necessidades locais;
  • Alterações nos hábitos de compra;
  • Nível de estímulo criativo na empresa;
  • Poder influenciador das lideranças;
  • Inovação como parte permanente da estrutura da empresa.

Os pontos acima citados servem como uma referência para a busca de informações que podem conter elementos constituintes do processo de inovação. Ao entender que a inovação ocorre em espaços onde a criatividade e o compartilhamento do conhecimento sejam propiciados, a empresa se torna capaz de mapear informações que servem como base para a gestão do conhecimento e, consequentemente, para a formação do universo da inovação. 

Muitas empresas seguem em busca das melhores oportunidades para emergir, mas relegam o poder das informações relevantes que as cercam, assim como do conhecimento como elementos base para a inovação. Do mesmo modo, muitas vezes não percebem a inovação como importante elemento para a competitividade. 

Em muitos casos, a inovação que a empresa busca e necessita tem mais a ver com informações relevantes e conhecimentos do que com o próprio produto ou serviço em si. Uma estratégia de marketing baseada em análise de informações, por exemplo, pode ser mais inovadora do que a mudança no sabor do produto. 

Realizar o mapeamento de informações relevantes e criar um ambiente propicio para a construção e compartilhamento do conhecimento certamente são passos fundamentais para inovar de forma assertiva.

Referências

DRUCKER, P. Sociedade pós-capitalista. São Paulo: Pioneira, 1994.

SCHUMPETER, J. A. A teoria do desenvolvimento econômico. São Paulo: Nova Cultural, 1988.


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Abril/2018



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ELAINE CRISTINA LOPES

Doutora em Ciência da Informação (UNESP-Marília). Docente do Departamento de Administração da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR).