No Brasil, a criação de repositórios institucionais e bibliotecas digitais é um procedimento crescentemente adotado pelas universidades com o objetivo de facilitar o acesso e dar visibilidade às suas produções científicas.

Neste processo, diversos sistemas têm se destacado. Entre as alternativas, há o sistema denominado Nou-Rau. O nome pode parecer diferente, mas o som da pronúncia é conhecido, é um abrasileiramento do termo inglês know-how. O motivo desta  nomeação pode estar na formação de seu principal mentor: Rubens Queiroz, que também é professor de inglês.

O sistema é destinado ao gerenciamento eletrônico de documentos. Planejado para a criação de repositórios digitais na Internet.  Sua origem está baseada no programa Rau-Tu, (também abrasileiramento do termo inglês: how to) que fornece um banco de informações compartilhado onde colaboradores postam respostas às questões lançadas no ambiente do sistema e disponibilizadas para posterior consulta. Atualmente, é utilizado na UNICAMP como suporte aos seus serviços.

A arquitetura atual do programa Nou-Rau é resultado do projeto desenvolvido pelo Instituto Vale do Futuro em parceria com o Centro de Computação da Unicamp, que teve como seu criador e desenvolvedor Marcelo Malheiros. Já o software pode ser obtido a partir do endereço www.rau-tu.unicamp.br/nou-rau.

A aplicação do sistema Nou-Rau

As possibilidades de aplicações do sistema Nou-Rau são diversificadas. Em realidade é um programa aplicável aonde se tenha necessidade de armazenar qualquer tipo de  documentos digitais: relatórios técnicos, atas de reuniões, projetos, discussões,  documentos pessoais, administrativos, currículos, banco de materiais didáticos, catálogos de imagens etc.

Na Unicamp, ele é utilizado em projetos como:

a) Biblioteca Digital da UNICAMP um serviço online para armazenamento e obtenção de documentos, fornecendo acesso e mecanismos de busca. A Biblioteca Digital contempla os seguintes serviços e/ou tópicos:

• Catálogo Referencial e Fotográfico do Arquivo Sérgio Buarque de Holanda
• Trabalhos apresentados em eventos
• Produção Científica da UNICAMP (Dissertações e Teses)
• Hemeroteca - CMU - Campinas
• Periódicos publicados pela UNICAMP em Formato Eletrônico

b) Software Livre: documentação, guias e manuais técnicos, em português

c) Educação a Distância: contendo informações e materiais sobre curso, tutoriais e mini-curso; imagens, fotos, desenhos, cliparts e animações;  legislação, normas técnicas e publicação relacionada; softwares educativos ou softwares usados para auxiliar na elaboração de conteúdo.

A Biblioteca Digital de Teses e Dissertações

Uma das mais importantes aplicações do Nou-Rau está na criação da biblioteca digital de teses e de dissertações da universidade, um importante portal de disseminação do conhecimento técnico-científico. É um produto surgido da iniciativa do Sistema de Bibliotecas da UNICAMP (SBU), durante o primeiro semestre de 2001.

O SBU vislumbrou a possibilidade de disponibilizar em formato digital a produção científica da Universidade. A proposta foi apresentada à reitoria que a aceitou e oficializou sua institucionalização através da Portaria GR 85 de 08/11/2001, que dispõe sobre a criação da Biblioteca Digital da Universidade Estadual de Campinas.

Segundo o bibliotecário Gilmar Vicente (Diretor de TI e responsável pelo desenvolvimento e manutenção do sistema na Biblioteca Central), um dos significativos resultados com a implantação do Nou-Rau na criação da biblioteca digital foi uma ampla visibilidade global da produção científica, aspecto que estimulou todas as unidades por meio de seus programas de pós-graduação a se envolverem com o projeto das teses e dissertações digitais. A própria pró-reitoria de pós-graduação tem manifestado a necessidade de todos os cursos disponibilizarem suas teses e dissertações em formatos digitais. Há, portanto, um processo de digitalização sendo realizado para atingir este objetivo.

Um aspecto ilustrativo que salienta a importância dada ao sistema criado e gerenciado pela Biblioteca Central da UNICAMP é o reflexo de uma ação de difusão científica. Desde a inauguração da Biblioteca Digital, em 2003, foram registrados acesso e baixa de 875.281 arquivos. As estatísticas apontam um número de  downloads por área:

• 376.524 em humanidades,
• 195.580 em exatas,
• 175.361 em tecnológicas, e
• 127.816 em biomédicas.

Em abril (dia 17) de 2006, a Biblioteca Central gerenciava um acervo científico de  7.116 teses e dissertações digitais. Anteriormente, em dezembro de 2005, eram 6.307, em dezembro de 2004, 3.932 teses e dissertações totalizavam o acervo, o que ilustra o seu contínuo crescimento e a fixação de uma cultura no ambiente acadêmico.

Todo este conhecimento encontra-se disponível para acesso livre. Além disto, a Biblioteca Digital da UNICAMP também agrega aproximadamente 6.866 outros tipos de documentos (periódicos eletrônicos, material de congressos, seminários e outros).

Conceito de Comunidade no modelo do Sistema

Assim como os softwares DSpace e Archimède, o Nou-Rau emprega a concepção de comunidades auto-reguladas que podem ser responsáveis pela criação e gestão dos seus conteúdos digitais. Elas encontram-se definidas da seguinte forma:

• Visitante: corresponde a quem acessa o sistema para consulta de informações. Não necessita cadastramento, mas fica limitado às atividades de: consultar tópicos e realizar buscas e efetuar download dos documentos localizados.

• Colaborador: é cadastrado no sistema. Assim, pode efetuar upload de novos documentos. Entretanto, precisa escolher um tópico e uma categoria associada ao mesmo para submeter um documento e fornecer os dados necessários para o cadastramento deste documento. Após ser aprovado, o documento pode ser atualizado, removido ou os seus dados podem ser modificados pelo seu depositante.

• Responsável: é a categoria que administra um ou mais tópicos criados dentro do sistema. Cada tópico tem apenas um responsável. Também, é o responsável que aprova a inclusão de novos documentos submetidos.

• Administrador: é quem cuida da manutenção do sistema e define os novos tópicos criados e o cadastrando dos seus respectivos responsáveis. Também define novas categorias e formatos de documentos.

Saliente-se, que nada impede que uma mesma pessoa ocupe mais de uma das categorias, como exemplo: ser o responsável por um tópico e atuar como colaborador em um outro tópico.

A estrutura da organização do sistema

Além das comunidades de gestão de conteúdo, as estruturas internas do sistema para a organização e o armazenamento dos conteúdos são:

• Tópicos: são áreas no sistema que representam um assunto específico, que agrupa documentos relacionados. Por exemplo, um tópico pode ser criado para o assunto “Economia doméstica”, e outro para “Culinária”. Cada tópico possui um responsável pelo gerenciamento e que efetua a aprovação de documentos submetidos. Os tópicos podem ser organizados hierarquicamente, ou seja, dentro de um tópico podem existir um ou mais subtópicos. Um tópico pode aceitar diversas categorias.

• Categorias: corresponde a uma coleção específica de documentos digitais cujos arquivos podem ser limitados a tamanhos determinados. Compete ao administrador do sistema definir a categoria que irá representar os tipos de documentos válidos para um tópico. Um tópico aceita uma ou mais categorias de documentos. Por exemplo, o tópico “Geometria” pode somente aceitar documentos da categoria “Diagramas”, limitando o tamanho máximo aceito a 100Kb (Kilobytes). Já o tópico como “Culinária”' pode aceitar as categorias “Artigos” e “Vídeos”, sem impor limites de tamanho. Havendo necessidade basta ao administrador criar novas categorias e as associar aos tópicos.

• Formatos: cada categoria criada especifica um ou mais "formatos" a serem aceitos. O formato define um tipo específico de arquivo digital. Compete ao administrador a definição de novos formatos e a modificação dos já existentes. O sistema suporta e indexa os formatos mais comuns, tais como: Texto ASCII, HTML, RTF, SGML, WML, XML, MS Word (DOC), MS Excel, MS PowerPoint, PDF, PostScript, TeX, Látex, DVI, JPEG, MP3, etc.

• Documentos: correspondem a arquivos submetidos ao sistema, juntamente com uma série de informações associadas (metadados). Estas informações incluem título, nome dos autores, e-mail para contato, palavras-chave, descrição e versão do documento. Um campo para qualquer outra informação também é fornecido para registrar informações específicas a cada documento (ISBN para livros, resolução para imagens, etc.). Adicionalmente, o sistema registra automaticamente o tópico a que cada documento pertence, sua categoria e o seu formato, além do usuário que fez a submissão.

Os metadados

Os metadados podem ser compreendidos como um conjunto de elementos que possuem uma semântica padronizada, que possibilita representar as informações eletrônicas e a descrição de recursos eletrônicos de maneira bibliográfica ou não. São importantes para a identificação, organização e acesso à informação digital. Sua finalidade é facilitar aos usuários a localização e recuperação das informações. No sistema, os metadados básicos são:

Obrigatórios:

• Título
• Autor(es)
• Palavras-chave
• Código do documento

Opcionais:

• E-mail(s)
• Descrição e informações adicionais

Automáticos:

• Dono
• Categoria
• Formato
• Arquivo associado
• Tamanho
• Data de criação
• Data de modificação
• Número de visitas
• Número de downloads

A estrutura de metadados não é rígida, podendo ser adaptada conforme a aplicação realizada ou o padrão associado. Com relação à Biblioteca Digital de Teses, ela é parte cooperante do projeto da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD), coordenado pelo IBICT e, portanto, aderente ao Padrão Brasileiro de Metadados de Teses e Dissertações – MTD-BR.

Neste sentido, baseado em um exemplo de registro cadastrado no sistema é possível visualizar cada etiqueta de metadados adotada e a finalidade de seu conteúdo. Em realidade é uma visualização parcial de alguns metadados, com as etiquetas em negrito:

Título [PT]: Flexibilização do trabalho em empresas de desenvolvimento de sistemas

Autor(es): Rita de Cassia Salatti

Palavras-chave [PT]: Sociologia do trabalho , Contrato de trabalho , Software

Palavras-chave [EN]:

Área de concentração: Politica Cientifica e Tecnológica

Titulação: Mestre em Política Cientifica e Tecnológica

Banca:

Leda Maria Caira Gitahy [Orientador]

Jacob Carlos Lima

Sandra de Negraes Brisolla

Resumo:

• Resumo: Durante as duas últimas décadas observamos uma forte tendência de flexibilização dos vínculos contratuais e das condições de trabalho de profissionais em vários segmentos do mercado de trabalho. O objetivo desta dissertação é analisar as formas concretas que assume a flexibilização do trabalho na indústria de software.....

• Abstract: In the last two decades we have witnessed a strong trend of increase in flexibility of employment and on the working conditions of professionals in many sectors of the labour market. The objective of this dissertation is to analyze the concrete forms that the increase in work flexibility assumes in the software industry..

Data da defesa: 24-02-2004

Código: vtls000347866

Informações adicionais:

• Idioma: Inglês
• Data de Publicação: 2005
• Local de Publicação: Campinas, SP
• Orientador: Leda Caira Gitahy
• Instituição: Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Geociencias
• Nível: Dissertação (mestrado)

Dono: catalog

• Perfil de catalog
• Nome: Teses e Dissertações <soninha arroba unicamp.br>
• Nível: Responsável
• Último acesso: 24-04-2006 10:21
• Informações pessoais: Administrador do Tópico Dissertações e Teses.

Categoria: Aplicação

Formato: Documento PDF

Arquivo: Salatti, Rita de Cassia .pdf

Tamanho: 624 Kb (639063 bytes)

Tempo estimado para download: 1 minuto(s) (Velocidade de conexão de 56 kb/s)

Criado: 10-05-2005 18:20

Atualizado: 07-03-2006 08:44

Visitas: 938

Downloads: 153

É interessante observar algumas etiquetas apresentadas. A etiqueta Código que relaciona o registro na BD com o respectivo registro existente no catálogo bibliográfico coletivo do sistema baseado no VTLS.

A etiqueta Dono, o conteúdo catalog, apresenta alguns qualificadores que identificam o responsável pela inserção e validação do registro na base. Em caso de alguma dúvida ou inconsistência verificada pelo usuário, há a indicação de contato com o responsável.

Já nas seguintes etiquetas temos a descrição “técnica” do documento digital:

• Formato: identifica o tipo de arquivo;
• Arquivo: informa o nome original do arquivo inserido no sistema;
• Tamanho: destaca o tamanho em bytes do arquivo;
• Tempo estimado para download: fornece ao usuário uma noção de tempo de acesso no caso de copiar o documento para seu computador;
• Visitas e Downloads: informam ao usuário a intensidade de procura despertada pelo documento.

A concepção de arquitetura e objetivos do Nou-Rau

O Nou-Rau é um sistema de código aberto que se utiliza de ferramentas livres e gratuitas. Assim, seu uso livre e distribuição ocorrem sob a licença GPL, basicamente uma licença que estabelece a obrigatoriedade do programa ser distribuído juntamente com os seus códigos fontes.

Segundo Rubens Queiroz, a concepção no desenvolvimento do programa partiu de uma premissa básica: “não replicar esforços já existentes e ser simples e fácil de usar”. Neste sentido, a sua criação envolveu pesquisa na internet que identificou recursos de boa qualidade, passíveis de aproveitamento em projetos de desenvolvimento de sistemas.

Destaque-se que a primeira versão do software foi desenvolvida inicialmente por apenas uma pessoa e com poucos recursos financeiros. Certamente que a existência de componentes de código aberto utilizados na confecção do sistema foi fundamental para viabilizar o êxito do projeto.

Com a identificação dos recursos, restava integra-los por meio de programação. Desta forma, o Nou-Rau é composto de vários programas componentes, combinados por meio das suas linhas de códigos, resultando em um arquivo final de 158MB (Megabytes) de tamanho. Os principais componentes que fazem parte do sistema são:

Antiword : é um leitor de arquivos padrão MS Word, de código aberto, para ambientes operacionais Linux e com diversas versões ou adaptações para outros tipos de sistemas operacionais. O programa converte  arquivos do Word 2, 6, 7, 97, 2000, 2002 e 2003 para texto puro e para PostScript.  A leitura destes arquivos Word em outras plataformas é difícil, cara e freqüentemente impossível. Antiword é um sistema em desenvolvimento, que pode ser utilizável em arquivos do Word não complexos.

xlhtml:  o software faz a conversão de planilhas MS Excel da Microsoft, nos formatos 95 e 97, para HTML.

dvi2tty : programa que converte arquivo TeX em um arquivo texto ASCII. Desta forma, pode-se fazer pesquisa de texto completo sem ter que achar os macros para os arquivos TeX.

pstotext : programa de extração de texto em formato PostScript (*.ps), formato tradicional para descrição de documentos, incluindo textos, gráficos e imagens.

Xpdf : programa de fonte aberto para visualização de arquivos PDF (Portable Document Format). O programa também inclui um extrator e conversor de texto PDF, além de várias outras utilidades.

Recode : um programa que permite fazer conversão de arquivos em formato de acento do LaTeX para formato ISO-8859-1. O código-fonte do programa pode ser obtido via FTP anônimo em ftp://prep.ai.mit.edu/pub/gnu/recode/recode-3.4.tar.gz e em muitos diretórios espelhos do GNU. A distribuição Debian (Linux) tem uma versão do programa inserido.

HT://Dig : uma ferramenta que mantém uma base de dados própria e um mecanismo de busca. O próprio sistema alimenta a base de dados com o conteúdo dos documentos e com a informação associada, de maneira que todos os dados possam ser pesquisados. Esta ferramenta é uma das partes mais importantes do sistema. Quando consultado, retorna uma página onde os documentos são apresentados em relação à sua relevância quanto às palavras-chave fornecidas. Na fase de cadastramento de um documento no programa, é necessário fornecer algumas informações a serem utilizadas na criação do índice do sistema, como nome do autor, palavras-chave, descrição do documento. O índice criado pelo htdig é composto por esta página de informações e do texto completo do documento.

PostgreSQL :  Sistema Gerenciador de Banco de Dados (SGBD) de código aberto, muito utilizado na área de desenvolvimento por sua robustez, confiabilidade, flexibilidade e variedade de recursos como características de orientação a objetos.

PHP (Hipertext PreProcessor) :  linguagem de programação utilizada para criar sites dinâmicos (geradas automaticamente pelo servidor). Utilizado na maioria dos sistemas operacionais e servidores Web atuais, como Apache, Microsoft Internet Information Server (IIS), Personal Web Server e muitos outros.

Perl (Practical Extraction and Report Language) : linguagem de programação utilizada na manipulação de dados textuais. Muito difundida para aplicações Web, como CGI (Common Gateway Interface) para servidores HTTP (HyperText Transfer Protocol).

Apache : servidor Web empregado para disponibilizar conteúdos destinados à Internet e, também, à intranet por meio da implementação do protocolo HTTP.

Além dos componentes utilizados na criação do Nou-Rau, há o ambiente operacional nativo do sistema. Neste caso é utilizado o GNU/Linux ou outro da família UNIX. Segundo Gilmar Vicente, é recomendado como ambiente operacional para o Servidor o Debian. Um aspecto mencionado pelo Bibliotecário é a importância da configuração do hardware no qual todo o sistema será instalado e operado. Deve ser robusto não só para conter os programas, mas sim pela quantidade de dados a serem processados e acessados. Neste sentido, não se pode esquecer que o tipo de conteúdo (teses e dissertações) é uma base volumosa e muito consultada, o que requer boa infra-estrutura de computacional.

Outro aspecto que a comunidade bibliotecária deve sempre considerar na seleção e escolha de um software livre é o seu modelo de divulgação e apoio. Bons sistemas têm no seu entorno, de forma estruturada, listas ou fóruns de agregação de usuários e desenvolvedores. Aspecto que estimula a formação de redes sociais para o intercâmbio de informações e consolidação do uso do sistema. No caso do Nou-Rau, sua página eletrônica divulga estas características por meio das seguintes atividades:

nr-announce : lista dedicada a divulgar lançamentos, atualizações e novidades relacionadas ao sistema.  

nr-devel : lista destinada a discutir o desenvolvimento do Nou-Rau, incluindo novos recursos, correções de erros e discussão de idéias.

nr-user : lista destinada a todos os usuários do sistema, em particular aqueles que atuam como colaboradores, responsáveis e administradores.

A ampla divulgação dada ao sistema Nou-Rau pela Universidade de Campinas parte de um pressuposto básico: se um maior número de pessoas e entidades fizer uso do sistema, haverá um maior número de desenvolvedores e interessados no crescimento e aperfeiçoamento deste sistema Se isto prospera, o efeito será o conseqüente reconhecimento da comunidade e dos órgãos de fomento.

Um grande incentivo para o desenvolvimento do software Nou-Rau e da Biblioteca Digital da Unicamp, foi á aprovação em 2003 do Projeto “Desenvolvimento de Software Livre Nou-Rau para gerenciamento de Bibliotecas digitais” na Chamada CT-INFO – CNPq 2003 – Software Livre.

Funcionalidade do Sistema

O Nou-Rau foi projetado para ser usado na Internet como um repositório colaborativo. Neste aspecto, o sistema adota procedimentos de submissão e aprovação de documentos, que podem ser depositados por colaboradores e/ou autores que tenham previamente realizado seu cadastro. Após a submissão, os documentos ficam aguardando a aprovação de um dos mantenedores do sistema. Aliás, o procedimento oferecido é um modelo de operação e de segurança na medida em que contribui para evitar que o repositório contenha documentos depositados protegidos por direito autoral ou sem a devida anuência de seu responsável intelectual. Como norma de segurança, o sistema contempla procedimento de inspeção por um software antivírus dos documentos submetidos, somente após estas verificações, o mesmo é finalmente disponibilizado.

Em relação à sua aplicação no ambiente bibliotecário, na medida em que a Biblioteca Central da UNICAMP desenvolveu o projeto da biblioteca digital de teses e dissertações, o programa manteve intacto seu núcleo principal. Entretanto, devido às características do novo produto digital criado, foi necessário acrescentar módulos que permitissem a comunicação do Nou-Rau com os catálogos bibliográficos. Atualmente, o programa incorpora módulo de comunicação baseado no protocolo Z39.50 (padrão norte-americano que estabelece regras para que dois sistemas se comuniquem e troquem informações). Com o recurso adicional torna-se possível ao Nou-Rau capturar as informações bibliográficas de uma tese ou dissertação diretamente da base de dados Acervus (construída sob o sistema VTLS), evitando desta forma a redigitação da descrição dos documentos.

Indicação de Modelos de Aplicação

A popularização do Nou-Rau pode ser visualizada com algumas indicações de seus usuários e aplicações:

Centro Universitário do Planalto de Araxá – UNIARAXÁ : Biblioteca Digital (http://www.uniaraxa.edu.br/biblioteca/digital/ )

Escola de Música e Belas Artes do Paraná (http://www.nourau.embap.br/)

Jornal Diário de Natal – utilização para consulta de edições anteriores (http://pesquisa.dnonline.com.br/)

Sistema Nou-Rau (demonstração) (http://www.rau-tu.unicamp.br/nou-rau/demo-pt/)

Universidade de Campinas – UNICAMP: Biblioteca Digital (http://libdigi.unicamp.br)

Universidade de Campinas – UNICAMP: Biblioteca Digital sobre EAD (http://www.rau-tu.unicamp.br/nou-rau/ead)

Universidade  Estadual Paulista – UNESP: Biblioteca Digital (http://www.biblioteca.unesp.br/bibliotecadigital/)

Universidade de Campinas – UNICAMP: Biblioteca Digital de Software Livre (http://www.rau-tu.unicamp.br/nou-rau/softwarelivre)

Universidade Estadual de Londrina – UEL:  Biblioteca Digital (http://www.bibliotecadigital.uel.br/)

Universidade São Marcos (http://nourau.smarcos.br/)

Conclusão

O Nou-Rau é um sistema nacional de ampla aplicação no armazenamento de arquivos eletrônicos. Tem sito aperfeiçoado pela comunidade bibliotecária para utilização no armazenamento e disseminação de documentos bibliográficos. Adota o conceito de software livre e de liberdade de acesso à informação.

Sua utilização se ampara no grande desafio que se coloca às bibliotecas, neste começo de século XXI, o de “estabelecer um compromisso com a aplicação de políticas claras voltadas para a difusão do conhecimento através da estruturação de repositórios digitais de acesso livre permitindo o compartilhamento e a preservação desses documentos digitais”, segundo o Bibliotecário Luís Atílio Vicentini (Coordenador do Sistema de Bibliotecas da UNICAMP).

E, ao finalizar, agradeço aos Bibliotecários Atílio Vicentini, Gilmar Vicente e a toda sua equipe de profissionais que atenciosamente me receberam e apresentaram ao sistema Nou-Rau e sua operação na Biblioteca Central da UNICAMP, de público meu muito obrigado.

Indicação de leitura

ALMEIDA, Rubens Queiroz de. Arquivamento e indexação de documentos digitais. Dicas – L, 23/01/2006. Disponível em <http://www.dicas-l.com.br/dicas-l/20060123.php>  Acesso em: 20/02/2006.

ALMEIDA, Rubens Queiroz de. Pesquisa e Desenvolvimento com Software Livre. Revista do Governo Eletrônico, n. 1, Dez. de 2001, Jan./ Fev. de 2002. Disponível em <http://ww2.prefeitura.sp.gov.br/revista/n1/rubens_queiroz_a1.asp> Acesso em 28/03/2006.

ALMEIDA, Rubens Queiroz de. Software livre e inovação. Comciência: Revista Eletrônica de Jornalismo Científico, edição de junho de 2004.  Disponível em: <http://www.comciencia.br/200406/reportagens/11.shtml>  Acesso em 10/03/2006.

Criação da Biblioteca Digital da Universidade Estadual de Campinas. Portaria GR Nº 85/2001 Disponível em <http://www.pg.unicamp.br/portarias/2001/POR8501.htm> Acesso em 25/03/2006.

FOGOLIN, D. F. ;  KEMPINAS, A. L. G.Implantação da biblioteca digital de teses e dissertações da Universidade Estadual Paulista. Disponível em <http://libdigi.unicamp.br/document/?view=8267> Acesso em 25/03/2006.

Página do projeto Nou-Rau. Disponível em : <http://www.rau-tu.unicamp.br/nou-rau/ >  Acesso em 20/02/2006.

VICENTINI, Luís Atílio. O gerenciamento de conteúdos digitais: concepção e desenvolvimento de biblioteca digital no contexto da universidade utilizando-se de software livre. Disponível em <http://libdigi.unicamp.br/document/?view=1198> Acesso em 25/03/2006.