PASSOS E ESPAÇOS DO ESTUDANTE


  • Espaço para discussões, debates e reflexões sobre o estudante universitário, em especial o da área de Ciência da Informação.

POR QUE MESMO ESCOLHI A BIBLIOTECONOMIA?

A UEL e a Biblioteca Central...

 

Minha relação com a Biblioteconomia começou na UEL em 2003, quando iniciei o curso de Artes Cênicas, no mesmo centro de estudo. Dois anos depois, por motivos que aqui não vem ao caso relatar, desisti desta opção de vida. Por um tempo fiquei indecisa de qual curso iria fazer, passando por um período de vivências, conversas e lembranças de leituras e impressões, e esses detalhes me induziram para esta decisão. Ressalto que quando a escolhi, não foi visando apenas uma formação que me introduziria a um mercado de trabalho, mas também almejava uma oportunidade de vivenciar mais intensamente a academia, em todos os seus sentidos.

 

Pois bem, naqueles dois anos pude conhecer muitas coisas nesta universidade, entre elas, estava o curso de Biblioteconomia, o RU, a biblioteca, as caronas, as conversas, entre outros detalhes. O leitor deve estar se perguntando o que essas coisas têm a ver uma com a outra, certo? Pois lhe digo que como estudante universitária oriunda de outra cidade, tive que passar por diversas situações como morar em pensionato, república, sozinha, pegar ônibus para a faculdade, carona, já fui a pé também, usei e uso o RU, a biblioteca e essa minha vivência dentro da universidade, me rendeu histórias para contar. E a Biblioteconomia está inserida em muitas destas situações...

 

Naquela época, estudava de manhã e passava o dia todo na UEL, pois participava de projetos de extensão e ensino. Devido a distância da Universidade e minha casa no centro da cidade, fazia minhas refeições no RU e também passava muitas horas na Biblioteca Central. Como típica caloura, estava admirada com a beleza do campus, com seu funcionamento e acreditem, maravilhada com o academicismo.

 

Acredito que uma das coisas que mais influenciou para esta escolha de curso, foi o contato com a biblioteca. Posso dizer que neste período minha relação com ela foi intensa.

 

Passava horas na biblioteca para estudar, procurar livros, usar a internet (quando era possível), dormir, xeretar onde não devia, sei lá se não podia... Também já passei umas horas arrumando livros na estante, não porque era contratada para fazer isso, simplesmente fazia por curiosidade de saber como estavam dispostos os livros nas estantes, também porque gostava da biblioteca e sentia pena do rapaz que passava horas guardando os livros com movimentos repetitivos.

 

Era mesmo curioso saber por que os livros de teatro estavam nos números 792..... A452m sem contar que não era apenas na UEL que era assim, em outras bibliotecas também “... será que havia uma padronização para isso? Como será que eles fazem pra colocar tudo nesta ordem? Por que o livro de História concisa do teatro brasileiro estava na 792 e peças do teatro brasileiro estavam na 869 (81) 45 - 687...? Não era tudo teatro? Deveria estar na 792 ora bolas!” Assim pensava eu quando olhava para aqueles livros enfileiradinhos.

 

Um detalhe que acho interessante apontar, é que ao contar sobre esta ação de guardar os livros na estante, de tentar entender sobre a ordem numérica colada nas lombadas dos livros, outras pessoas que não são da área, ao ouvir isso, logo se identificam e respondem: eu também já fiz isso! É interessante ver que pessoas de fora da nossa rotina de trabalho, têm interesse pelo nosso universo, assim como eu, outras pessoas se sentiram num ambiente cheio de segredos a serem desvendados, num labirinto em que a cada caminho, algo novo era encontrado. Muitas vezes me sentia assim, a cada dia, algo novo da biblioteca eu descobria.

 

Além dessa experiência voluntária (no sentido mais literal da palavra), também alguns professores nos forçaram a descobrir coisas da biblioteca; eu me permiti vivenciar isso, outros nem tanto. Naquela época, eu já sabia que ali se encontrava o xerox para a tal da norma da ABNT, sabia que havia um pessoal que ficava na entrada que nos ajudava quando precisávamos. Também sabia o que era aquele material que fica perto desse pessoal, se chamava e ainda se chama, Obras de Referência, foi lá que tive acesso a muitos dicionários e enciclopédias e também a uma coleção especial doada por um arquiteto famoso da cidade... Sabia também onde ficavam as revistas de teatro, cadernos de teatro e as revistas da SBAT. Não só xeretava nos livros e revistas de teatro, mas também em livros de outras áreas, nos jornais, sabia também que existia uma audioteca, apesar de nunca tê-la visto de fato. Também tinha ouvido falar que existiam fitas K7, CDs e DVDs no acervo, foi uma vez que eu pedi para uma moça que trabalhava nesse balcão da frente, do Serviço de Referência e Informação, para que ela me apresentasse a biblioteca e aí obtive todas essas informações, inclusive, que a biblioteca tinha um site onde eu poderia ter acesso ao banco de dados do acervo. Na época eu não entendia bulhufas do que ela dizia, “imagina, até a biblioteca está na internet, como pode isso?!”.

 

Recordo-me de quando entrei na biblioteca pela primeira vez... Cheguei para emprestar livro na primeira semana, com comprovantes e documentos na mão e não tinha ninguém para fazer minha carteirinha. “Mas como assim? E como eu ia emprestar o livro sem carteirinha? Que absurdo!” Sem contar que eu não encontrava em lugar algum aquele armário de gavetas que tinha as fichas dos livros... Senti até vontade de ir embora e não voltar mais... Até que a atendente do balcão ao me questionar se eu era caloura, me informou que era para esperar o recebimento da carteirinha de estudante, que sairia em breve no meu centro de estudo e a partir daquele momento poderia pegar livros.

 

Depois de retirada a carteirinha, lá fui eu para a biblioteca, para cumprir neste local, uma tarefa da disciplina de Expressão Sonora I. Na verdade, esta tarefa era uma espécie de “caça ao tesouro” aonde íamos procurando responder as perguntas, encontrando os setores da biblioteca, bem como o que tinha ali, para que servia, etc. Foi nesta “árdua” tarefa de uma tarde toda, que conheci a biblioteca. Depois de cumprida a missão, fui ao balcão do setor de referência para saber mais da biblioteca, e aí a funcionária me apresentou, explicou tudo o que eu poderia encontrar e como utilizar seus serviços.

 

Depois deste segundo encontro, minha impressão dela melhorou bastante, mas foi aos poucos que ela foi me conquistando e despertando esses interesses que relatei... Em grande parte, foi este namoro com a BC/UEL que me levou a minha escolha por trabalhar num ambiente como este. É claro que não foi apenas isto que influenciou, mas isso fica para uma outra história...


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THAÍS R. FRANCISCON DE PAULA

Aluna de graduação em Biblioteconomia na Universidade Estadual de Londrina. Bolsista PIBIC/CNPq. Participante do grupo de pesquisa "Interfaces: informação e conhecimento".