ORGANIZAÇÕES DO CONHECIMENTO


O CONHECIMENTO EM ORGANIZAÇÕES

Cristiane Luiza Salazar Garcia

 

Dados, informação e conhecimento são importantes insumos para todos os tipos de organizações, e sua importância é mais reconhecida a cada dia, pelos diversos segmentos da sociedade. Em qualquer ambiente organizacional dado, informação e conhecimento desempenham um importante papel nos diferentes processos organizacionais, desde as mais simples tarefas, em que informações técnicas norteiam o seu desenvolvimento, até atividades mais complexas como, por exemplo, o processo decisório, no qual informações precisas e confiáveis são necessárias.

 

Para entender e melhor desempenhar o trabalho ligado à rede de dados, informação e conhecimento é imprescindível entender o significado de cada um desses elementos. A literatura da área de Administração e da área de Ciência da Informação traz distintas definições para eles.

 

A figura a seguir traz a visão de Thomas Davenport e Laurence Prusak a respeito destes três elementos:

 

Dados

Informação

Conhecimento

Simples observação

sobre estado do mundo

 

 

Facilmente estruturado

Facilmente obtido por máquinas

Freqüentemente quantificado

Facilmente transferível

Dados dotados de

relevância e propósito

 

 

Requer unidade de análise

Exige consenso em relação ao significado

Exige necessariamente a mediação humana

Informação valiosa

da mente humana

Inclui reflexão, síntese, contexto

 

De difícil estruturação

De difícil captura em máquinas

Freqüentemente tácito

De difícil transferência

  Figura 1: Dados, Informação e Conhecimento.

  Fonte: DAVENPORT; PRUSAK – 1998b – p.18.

 

Segundo Davenport e Pruzak (1998a) dados são imprescindíveis para a criação da informação, que por sua vez, faz parte do processo de construção do conhecimento, permitindo que este seja consolidado (VALENTIM, 2008, p.19).

 

Apesar da distinção evidente entre dados, informação e conhecimento, observa-se que estes três elementos se interrelacionam, criando uma relação de dependência entre si. Cada um desempenha um importante papel para as organizações, por isto entender como se distinguem e de que forma se relacionam, é fundamental para o sucesso do trabalho ligado ao conhecimento.

 

Pode-se considerar duas formas distintas de conhecimento: tácita e explícita. Para Nonaka (2000, p.33) o conhecimento explícito é formal e sistemático e, assim, pode ser facilmente comunicado e compartilhado. Por outro lado, o conhecimento implícito ou tácito é altamente pessoal, assim é de difícil formalização e transferência.

 

Polanyi (1966) acredita que o conhecimento seja criado a partir da interação do indivíduo com o meio a sua volta, ou seja, a partir das experiências vivenciadas e do contexto social e cultural em que está inserido. O conjunto de conhecimento de um indivíduo é o resultado de um processo que acontece ao longo dos anos, ininterruptamente, e que só cessa quando a vida encerra.

 

Dessa forma, considera-se o conjunto de conhecimento de um indivíduo algo único e de difícil acesso, pois está presente em sua mente, fator que dificulta seu compartilhamento.

 

No ambiente de uma organização, o conhecimento é construído coletivamente. Esse conhecimento coletivo (ou organizacional) é composto pelo conjunto de conhecimentos individuais das pessoas que atuam no ambiente organizacional, isto é, o conhecimento que foi construído ao longo da atuação e interação do próprio indivíduo no ambiente de trabalho e que se fundiu ao conhecimento construído por outras pessoas que ali atuam.

 

Valentim acredita que “[...] o conhecimento construído por um indivíduo alimenta a construção do conhecimento coletivo e, por outro lado, o conhecimento coletivo alimenta a construção do conhecimento individual em ambientes organizacionais” (VALENTIM, 2008, p.19).

 

Por isso, o que cada um sabe tem um valor único, pois o conhecimento organizacional (coletivo) necessita do que cada um sabe para se desenvolver e, em contrapartida, cada indivíduo aprende com esse saber coletivo, adquirindo novo conhecimento que será compartilhado e, novamente, se tornará coletivo num processo contínuo. Dessa forma, defende-se que o compartilhamento do conhecimento é imprescindível para qualquer tipo de organização.

 

 

REFERÊNCIAS

 

DAVENORT, T. H.; PRUSAK, L. Conhecimento empresarial: como as organizações gerenciam o seu capital intelectual.  Rio de Janeiro: Campus, 1998(a).

 

DAVENPORT, T. H.; PRUSAK, L. Ecologia da informação: por que só a tecnologia não basta para o sucesso na era da informação. São Paulo: Futura, 1998(b).

 

NONAKA, I. A empresa criadora de conhecimento. In: Gestão do conhecimento. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000. p.27-49

 

POLANYI, M. The tacit dimension. Gloucester: Peter Smith, 1966. 108p.

 

VALENTIM, M. L. P. Gestão da informação e do conhecimento no âmbito da Ciência da Informação. São Paulo: Polis; Cultura Acadêmica, 2008. 272p.

 
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Cristiane Luiza Salazar Garcia Orientanda da Profa. Dra. Marta Valentim. Bolsista FAPESP de iniciação científica. Aluna do Curso de Biblioteconomia da UNESP/Marília.


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MARTA LIGIA POMIM VALENTIM

Professora Titular da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Pós-Doutorado pela Universidad de Salamanca (USAL), Espanha. Livre Docente em Informação, Conhecimento e Inteligência Organizacional pela Unesp. Docente de graduação e pós-graduação da Unesp, campus de Marília. Bolsista Produtividade em Pesquisa do CNPq. Líder do Grupo de Pesquisa "Informação, Conhecimento e Inteligência Organizacional". Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI) da Unesp, campus de Marília, gestão 2017-2021. Presidente da Associação Brasileira de Educação em Ciência da Informação (ABECIN), gestão 2016-2019.