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PUBLICAR OU PERECER: SOFTWARE PARA A BIBLIOTECA AVIVAR O PESQUISADOR

No universo acadêmico, publicar constitui o principal objetivo do docente/pesquisador. Publicar tem por significado tornar público a reflexão, as descobertas e os estudos realizados.

 

Estes resultados antes de serem publicados devem ser avaliados por pares e, posteriormente, utilizados e citados por outros pesquisadores na produção de seus próprios trabalhos, em um ciclo de produção e valoração do conhecimento científico interminável. Neste processo, está inserido o conceito de “impacto científico” (associado a “qualidade de pesquisa”), que é atribuído a um documento publicado, quando citado em outras publicações. O impacto científico também é atribuído ao autor do documento, a sua instituição acadêmica, ao seu país e localidade de geração, permitindo que diversas análises possam auferir o grau de desempenho acadêmico. Estas análises subsidiam estudiosos da ciência e responsáveis pela definição de políticas científicas e de investimentos tecnológicos.

 

Atualmente, com o estabelecimento de repositórios de informações científicas acessíveis online, é possível a obtenção e análises de indicadores científicos. Bases alternativas às fontes comerciais dominantes começam a emergir como o Google Acadêmico, no qual se pode recuperar e mensurar fatores de impacto, através de citações provenientes de revistas e, também, de outros tipos de documentos, desde que disponíveis na internet.

 

Já, o bibliotecário com a sua especificidade de organização do conhecimento, vem tradicionalmente tratando essa produção científica, enquanto atuando em universidades ou centros de pesquisa. Catálogos online, repositórios de dissertação e teses,  portais de revistas científicas, e revistas eletrônicas de livre acesso são produtos que facilitam a comunicação e a visibilidade científica, entre outros processos, de pleno domínio dos profissionais da informação.

 

Paralelamente, ao aumento da capacidade de tratamento de informações, a tecnologia computacional propicia uma gama de softwares, muitos livres, e até mesmo gratuitos que facilitam estudos bibliométricos. Estudos esses também conhecidos como: "bibliometria de escritório" (MUGNAINI, 2006), procedimento impossível há alguns anos, quando as informações estavam sujeitas ao tratamento em grandes computadores e suporte de um grande grupo de especialistas.

 

Certamente, os bibliotecários em universidades brasileiras conhecem a ferramenta a ser citada, mas é sempre bom comentar um pouco mais sobre recurso útil ao trabalho informacional. Além de reforçar a informação aos profissionais que possam vir a trabalhar em bibliotecas universitárias e, desta forma, fazerem uso de uma ferramenta que ofereça auxilio aos pesquisadores em relação aos indicadores de impacto da pesquisa realizada. Destacar a produção científica gerada na instituição que é citada em revistas não listadas pelo ISI (Institute for Scientific Information).

 

O software em questão é o Publish or Perish. Um programa que recupera e analisa citações acadêmicas. Os resultados são apresentados em tela, exportados para outros programas, ou salvos em arquivos texto. Utiliza como fonte o Google Scholar (Google Acadêmico) para obter as citações analisadas. Apresenta as seguintes estatísticas de análise:

 

·         Número total de documentos;

·         Número total de citações;

·         Número médio de citações por artigo;

·         Número médio de citações por autor;

·         Número de trabalhos por autor;

·         Número médio de citações por ano;

·         Duas variações de cada índice h;

·         Análise do número de autores por artigo.

 

Além das diferentes estatísticas apresentadas, o aplicativo calcula as seguintes métricas de citação:

 

·         Hirsch's h-index e afins: o índice baseia-se no conjunto dos trabalhos mais citados de um pesquisador e o número de citações recebidas de pessoas em outras publicações. O índice pode ser aplicado na análise da produtividade e do impacto de um grupo de cientistas, de um departamento, e de uma universidade ou país. O nome do índice decorre da proposta de Jorge E. Hirsch, no artigo: An index to quantify an individual's scientific research output, disponível no repositório: arXiv:physics/0508025.

·         Egghe-g index: quantifica a produção científica dos físicos e outros cientistas com base no registro de suas publicações. O objetivo é melhorar o índice-h, dando mais peso aos artigos citados.  Foi sugerido por Leo Egghe no artigo: Theory and practice of the g-index, Scientometrics, vol. 69, n º 1 de 2006.

·         Contemporary h-index: indicador proposto por Antonis Sidiropoulos, Katsaros Dimitrios e Manolopoulos Yannis, no artigo: Generalized h-index for disclosing latent facts in citation networks, disponível no repositório arXiv: cs.DL/0607066 . O objetivo é melhorar o índice-h, ao dar mais peso a artigos acadêmicos recentes de forma a incentivar a manutenção constante do nível de  atividade de produção.

·         Zhang's e-index: indicador proposto por Zhang Chun-Ting no artigo: The e-index, complementing the h-index for excess citations, PLoS ONE, vol 5, edição 5 (maio 2009), e5429. O objetivo do índice é marcar a diferenciação entre os cientistas com os mesmos índices-h, mas com diferentes padrões de citação.

·         Age-weighted citation rate (AWCR) e AW-index: taxa de citação ponderada de idade que identifica o número médio de citações de um conjunto completo de trabalhos, ajustada a idade de cada trabalho individualmente. Foi sugerido por Bihui Jin's, no artigo: The AR-index: complementing the h-index, ISSI Newsletter, 2007, 3 (1), p. 6. No aplicativo a execução do indicador difere da definição proposta pelo autor de somar todos os artigos ao invés de apenas de um núcleo-h de artigos.

·         Individual h-index (original): índice proposto por Pablo D. Batista, Monica G. Campiteli, Osame Kinouchi, e Alexandre S. Martinez, no artigo: Is it possible to compare researchers with different scientific interests?, Scientometrics, vol. 68, n. 1 ( 2006), pp. 179-189. O indicador divide o padrão índice-h pelo número médio de autores dos artigos que contribuem para o indicador a fim de reduzir os efeitos da coautoria.

·         H-index individual (variação PoP): o software implementa uma alternativa ao individual h-index com uma abordagem diferente: ao invés de dividir o índice-h total, ele primeiro normaliza o número de citações para cada artigo, dividindo o número de citações pelo número de autores. Em seguida calcula o índice-h das citações normalizadas coletadas. Esta abordagem é mais refinada do que a proposta por Pablo D. Batista e outros; acredita-se que isto responde com mais precisão para algum efeito de coautoria que possa estar presente e que é uma abordagem melhor para o impacto da autoria o qual o índice-h original tem a intenção de fornecer.

·         Multi-authored h-index: índice-h proposto por Michael Schreiber e descrito inicialmente no seu artigo: To share the fame in a fair way, hm modifies h for multi-authored manuscripts, New Journal of Physics, vol. 10 (2008), 040201-1-8. O método de Schreiber usa a contagem fracionada de artigo em vez da contagem reduzida de citação para artigos de autoria compartilhada, e então determina o índice hm de multiautoria baseado em tabela efetiva resultante dos artigos utilizados na contagem das citações.

 

Segundo o desenvolvedor do software, o Google Acadêmico fornece uma análise de citação superior ao ISI para algumas áreas de conhecimento.  As áreas de ciências sociais, artes e humanidades; negócios, administração, finanças e economia; engenharia, ciência da computação e matemática podem beneficiar-se da cobertura do Google Acadêmico para livros, anais de eventos e revistas acadêmicas. Já, para a área das ciências naturais e da saúde a melhor cobertura é do ISI. O Google nem sempre fornece a maior contagem de citações.

 

O aplicativo é desenvolvido por Harzing.com. É gratuito para uso pessoal sem fins lucrativos. Também é nativo para o ambiente do Microsoft Windows, podendo ser instalado em ambientes operacionais do Apple Mac OS X e GNU / Linux, por meio de um emulador. Para a instalação no ambiente Windows, o software pode ser baixado diretamente do endereço: http://www.harzing.com/pop_win.htm, onde há instruções de instalação a serem seguidas pelo bibliotecário. Na figura 1 apresenta-se a tela inicial do software pronta para realização das consultas.

 

 

 


 

 

Figura 1 – Tela inicial do software Publish or Perish

 

 

Um manual resumido de uso do programa: Tutorial Publish Or Perish pode ser baixado no endereço: http://www.fcfar.unesp.br/portalbiblioteca/br/pop.pdf .

 

As orientações contidas permitem ao bibliotecário operar o programa na consulta rápida de dados para análise de impacto do autor e análise de impacto de revistas. Os resultados fornecidos pelo sistema podem ser entendidos da seguinte forma:

 

§  Papers: Quantidade de artigos encontrados;

§  Citations: Quantidade de citações de outros artigos para os artigos encontrados;

§  Years: A diferença em anos entre o mais antigo dos artigos e o mais novo;

§  Cites/Year: A média de citações por ano;

§  Cites/Paper: A média de citações por artigo;

§  Cites/Author: A média de citações por autor;

§  Papers/Author: A média de artigos por autor.

 

Para informações mais detalhadas sobre possibilidades e restrições do software, e mesmo explicações sobre possibilidades e limitações do Google Acadêmico, o bibliotecário deve acessar a página: http://www.harzing.com/pop_faq.htm#Q1001.

 

No endereço há diversas orientações como, por exemplo, sobre as formas de busca de nomes de autores com acentos, utilização de pesquisa booleana, busca de todos os trabalhos de autores de uma única universidade, identificação dos principais autores em uma determinada área. Também há esclarecimentos sobre as diferenças entre o Google Acadêmico e outras fontes de citação.

 

Vale lembrar, que os indicadores são vulneráveis a truques, manipulações e mesmo fraudes. Artimanhas que vão desde a ação entre amigos (um cita o outro) à invenção de referências. Porém, o aperfeiçoamento dos índices com vistas a reduzir as possibilidades de manipulação e corrigir falhas de concepção é necessário. Ademais, seu uso em atividades criteriosas como as executadas por bibliotecários podem contribuir para o aperfeiçoamento dos próprios indicadores ou a busca de novos. É fato que o trabalho bibliotecário contribui para a comunicação e visibilidade da produção científica. Assim, aperfeiçoar os seus processos é importante para melhor prestar seus serviços e suporte a avaliação desta produção.

 

 

 

Indicação de leitura sobre indicadores científicos:

 

MUGNAINI, R. Caminhos para adequação da avaliação da produção científica brasileira: impacto nacional versus internacional. São Paulo, 2006. 253 p. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Escola de Comunicações e Artes. Universidade de São Paulo. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27151/tde-11052007-091052/

 

SOARES, S. B. C. Indicadores da produção cientifica: fator de impacto e indice-h (2009). Disponível em: http://www.slideshare.net/suelybcs/impacto2009


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FERNANDO MODESTO

Bibliotecário e Mestre pela PUC-Campinas, Doutor em Comunicações pela ECA/USP e Professor do departamento de Biblioteconomia e Documentação da ECA/USP.