EX-LIBRIS - III
Em 2009, iniciamos uma pequena série informativa, aqui no InfoHome, sobre ex-libris, marcas de propriedade em livros (raros e outros) que traçam a história de muitos exemplares em bibliotecas e servem para reunir coleções dispersas ao longo do tempo.
Hoje falaremos, especificamente, de Artur Mário da Mota Miranda. Não fosse por sua incansável atividade e boa vontade no movimento em Portugal – como atestam vários websites que lemos -, a arte do ex-libris não teria a projeção que tem. O colecionador foi, por muitos anos, presidente da Associação Portuense de Ex-Libris, uma Associação sem fins lucrativos dedicada ao estudo da Heráldica e do Ex-Libris. Fundada nos anos de 1950, no Porto, publicou desde 1956 a revista “A Arte do Ex-Libris”, ininterruptamente, até a década de 1990, dedicada em exclusivo ao mundo dos ex-libris. No periódico, inúmeros artistas gráficos internacionais se tornaram conhecidos e expuseram seus trabalhos aos aficionados da arte, em especial os do Leste Europeu. Também na década de 1950 foi fundada a Academia Portuguesa de Ex-Libris, com sede em Lisboa, cuja revista tratava de Heráldica, Genealogia e Bibliofilia, reafirmando a presença desse país no campo.
Miranda também organizou, dirigiu e editou “Ex-libris - enciclopédia bio-bibliográfica da arte do ex-libris contemporâneo”, em 30 volumes (impresso em Braga, pela Editora Franciscana, de 1985 a 2003) e “Contemporary International Ex-Libris Artists”, bela publicação em 15 volumes, impressa de 2002 a 2011, considerada, pela Oak Knoll Books como a mais detalhada obra de referência de artistas aclamados internacionalmente que desenham ex-libris.
O volume 14 da “Contemporary International Ex-Libris Artists” – obra que já nasce rara pelos poucos exemplares - é dedicado a artistas de vários países, inclusive um do Brasil: Marcos Varela, professor do curso de Gravura da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O volume, além de ricamente ilustrado, com reprodução de ex-libris em cor e em preto e branco nos exatos tamanhos dos originais, possui também alguns ex-libris colados e texto sobre a vida e a obra do artista, em inglês e outras línguas, seguido por lista de trabalhos realizados em ordem cronológica. O artista David Bekker, por exemplo, soma 940 ex-libris desenhados. Ao final, um índice remete a informações de contato com os artistas.
É graças ao abnegado trabalho de poucos que, não raramente, uma arte pode ressurgir, se renovar e perpetuar. Para nós, bibliotecários de livros raros, que manuseamos livros com ex-libris, ou mesmo coleções de ex-libris, o trabalho desse editor deve ser aplaudido e imitado. Imagino o valor que teria, no mercado, uma coleção com aproximadamente mil ex-libris, como a de Jenny Dreyfus, hoje no Museu da República, ou a do próprio Bekker. Onde estão nossas coleções de ex-libris?
Fontes consultadas:
http://www.bookplate.info/Bookplate/introd_4.htm
http://exlibrisbibliofilia.blogspot.com/2006/10/blog-de-ex-lbris-em-portugus.html