AO PÉ DA ESTANTE


AO PÉ DA ESTANTE... NOS PRIMÓRDIOS DO SÉCULO XX, COM AS RAINHAS DO CRIME


Os livros policiais, de certa forma, assemelham-se a uma pesquisa. Respondem às questões onde, como, por que e quem; principalmente ao COMO. Fascinam mais pela trajetória do crime, pela trama, do que pela descoberta do criminoso. Por isso, podem ser lidos e relidos muitas vezes.

Talvez pelo baixo prestígio do gênero, além das brincadeiras esdrúxulas, talvez pela influência dos romances femininos - os denominados “góticos” - algumas escritoras se aventuraram mais seriamente nos policiais, principalmente no Reino Unido, nos primórdios do século XX, e deram-lhes uma roupagem menos "aterradora". Tornaram-se tão famosas essas mulheres, que o longo período de seus escritos ficou conhecido como a "Era de Ouro da Literatura Policial" e, elas, como as "Rainhas do Crime".

Destacamos aqui apenas três dessas autoras de sucesso, mas hoje infelizmente não tão lidas. As outras duas a serem lembradas, Agatha Christie e Ngaio Marsh, merecem uma resenha à parte, pelo que prometemos um comentário exclusivo.

Em ordem cronológica, começamos com Ethel Lina White (1876-1944), boa autora, que não ultrapassou sua geração, embora tenha sabido criar atmosferas sinistras e perturbadoras até nas cenas mais corriqueiras, como é o caso de sua obra-prima - A dama oculta - filmada na década de 1930 pelo mestre do suspense, Alfred Hitchcock.

A seguir, temos Dorothy L. Sayers (1893-1957), uma intelectual nascida em Oxford. Foi escritora e tradutora (traduziu, por exemplo, a Divina Comédia, de Dante), estudou línguas clássicas e modernas e dedicou-se ao humanismo cristão. Foi a primeira mulher a receber, muito depois de formada, um diploma universitário. A fama, porém, veio mesmo com seus contos e romances policiais, na maioria passados entre a Primeira e a Segunda Grandes Guerras, e protagonizados pelo personagem Peter Wimsey. Dentre os mais conhecidos, podemos citar Gaudy Night, em que a autora se vale de sua experiência acadêmica, e O homem que nasceu para reinar. Há pelo menos mais dois títulos em português, porém nada a destacar. De certo modo, Sayers é uma escritora datada, apesar da erudição revelada em seus livros.

Finalmente, relembramos Margery Allingham (1904-1966), cujos pais eram jornalistas e, criança ainda, graças ao incentivo familiar, dedicou-se a escrever contos e pequenas novelas sobre assuntos variados. Em 1927 publicou seu primeiro policial - Mystery Mile - tão bem aceito pelo público que a ele logo se seguiram The white cottage mystery (1928), de grande sucesso, e The crime at Black Dudley, em 1929, quando foi apresentado ao público o personagem Albert Campion, que viria a ser o protagonista de várias novelas suas. Em português, sabe-se de um título pela Francisco Alves: Morte de um Fantasma, e dois pela Colecção Vampiro, de Lisboa: Estrada para a Morte e Morte na Mansão Branca. Allingham foi boa escritora quanto ao manejo da narrativa, mas em suas tramas quase sempre o assassino só pode ser uma determinada pessoa, fácil portanto ao leitor descobri-lo. Ainda assim, seus livros obtiveram enorme aceitação e alguns se transformaram em filmes.


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SARASVATI

Nascida e criada na Índia, estudou na Universidade de Madras, morou em Goa (onde aprendeu português) e viajou pelo mundo em busca de autores e compositores diferentes. Apaixonada pela música brasileira, fixou-se em São Paulo, pela convivência pacífica entre religiões as mais diversas.