CAFÉ COM PÓS


SAÚDE MENTAL NA PÓS – O EU COM O OUTRO – II

Ah o orientador.... Essa figura ilustre e algumas (ou muitas) vezes problemática. Mas, por quê? Como mencionado no nosso último texto, a falta de empatia entre alunos é ruim, mas a falta de empatia entre alunos e professores também. Não é fazer o advogado do diabo, mas é lembrar a todos de que se colocar no lugar do outro pode ajudar a resolver muitos conflitos, e até mesmo perceber que o conflito pode estar só na nossa mente.

Como assim? Achar que seu orientador te “odeia”, ou te “prejudica de propósito” pode ser só uma síndrome de não saber manter essa relação na esfera profissional, ou ainda de se manter no centro de todo o trabalho que os orientadores têm – trabalho esse que vai muito além de sua orientação. Assim, muitas vezes entender que o orientador pode apenas estar num dia ruim por inúmeros motivos que têm grande possibilidade de não ser você (e normalmente não é mesmo), vai te fazer ter uma leveza para lidar com situações, não as deixando o consumir. Relembro a frase célebre: “guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra” – boa sorte com isso.

Mas, assim como tem os alunos que simplesmente ignoram o fator humano de seus orientadores e dramatizam tudo, há também os orientadores que fazem o mesmo.

Para distrair e ilustrar um pouco, emprestei alguns nomes de filmes e séries para trazer algumas situações inusitadas entre orientandos e orientadores que inúmeras vezes são relatados:

“Como se fosse a primeira vez” – Vocês podem ter mil orientações, mas ele sempre esquece tudo, faz a maior confusão, e você precisa “conquistar” e “lembrar” tudo de novo.

“Jogos mortais” – Te joga em muitas armadilhas, que no fim você já nem sabe mais se o foco é a lição ou o prolongar da franquia, e no fim parece que tudo é pelo prazer da tortura mesmo.

“500 dias com ela” – O trabalho é bom no começo, mas depois fica só a bad.

“Jurassic Park” – Você foi achando que era diversão e no fim foi a maior roubada.

“Jumanji” – Você nunca sabe o que vai sair do jogo.

“Game of Trones” – Tudo pelo poder, mesmo que algumas cabeças tenham que rolar.

“Rick and Morty” - Oh boy!

Brincadeiras à parte, o assunto fica complicado quando a barreira ética é quebrada e, orientador e/ou orientando, se esquecem do foco e partem para agressão verbal e/ou psicológica (o que queria muito que fosse só suposição, mas infelizmente acontece). Se você foi vítima de uma situação assim não se cale, procure apoio com coordenadores ou outros professores da sua instituição e, se for o caso, não pense duas vezes em levar o problema ao conselho, afinal é um direito de todos ser respeitado e ficar calado só vai piorar tudo.

Além desses aspectos, o conflito “vida pessoal versus vida acadêmica” potencializa muitos problemas. A tarefa de produção acadêmica é normalmente solitária, e muitos acabam por negligenciar sua vida pessoal por ela.

Aqui cabe o conselho das avós: tudo que é demais faz mal. Não tem jeito. Mesmo coisas positivas se tornam negativas quando não as dosamos. Principalmente os bolsistas caem na falácia da produção sem fim, como que se culpando por cada minuto que passam sem produzir.

A verdade é que as pausas na produção não vão te atrapalhar se, como disse, forem dosadas. Avalie sua vida e valorize as pessoas e os momentos de lazer. Combine as coisas para que elas evoluam juntas, e não se sobreponham.

Eu sei que falar é fácil e que mil são os complicadores em cada realidade. Mas acredito que cada um de nós é capaz de contornar essa situação e, se não o puder fazer sozinho, converse, pesquise, explore possibilidades. Não é vergonha, mas sim uma grande virtude, ter a humildade de se criticar e procurar aprender e crescer com os outros. Se procurar ajuda e alguém não for empático com você, também não desanime, muitas vezes a pessoa que você procurou também não se resolveu com alguns conflitos e, talvez, ao te tratar mal ela só está demonstrando que tem medo de assumir que não sabe como ajudar.

É bom lembrar que sua dissertação ou tese não é a coisa mais importante da sua vida – é parte importante dela, mas não pode anular seu desenvolvimento pessoal. Permita-se errar e recomeçar. Permita-se ter dias bons e ruins. E, mais que tudo, permita-se ser feliz nesse momento, sair e descansar, ou simplesmente ter momentos de não fazer nada. Cada um tem uma rotina que lhe fará bem, encontre a sua e a respeite, assim seu trabalho será perfeito para sua carreira acadêmica, mas também para a sua vida.


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HELOÁ OLIVEIRA

Doutoranda em Ciência da Informação na Unesp - Marília, Mestra em Ciência da Informação pela Unesp - Marília e Graduada em Biblioteconomia pela Universidade Estadual de Londrina.